O próximo domingo, 10 de maio, é dia de comemoração e lembrança para os filiados do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte) e para os demais educadores do estado. A data marca os 30 anos da primeira greve do Magistério Público do Rio Grande do Norte, deflagrada em 1979. A época ainda era a da Ditadura Militar, quando greve era totalmente proibida, e do fim do Governo Geisel e início do Figueiredo. Naquele momento, também ocorreram vários movimentos grevistas em todo o país, em particular as greves do ABC paulista. Era tempo de retomada do movimento sindical no Brasil.
Os educadores do comando do movimento, por sua vez, eram jovens de 20 e poucos anos, como relata o professor Eduardo Gosson. “Há dois meses havíamos entrado no Magistério Público”, lembra. Um dos participantes da greve, inclusive, foi o atual presidente da Fundação José Augusto, Crispiniano Neto, que atuava no magistério, em Mossoró.
Ainda segundo Gosson, dos 70 colégios de Natal, 69 pararam as atividades e mais outros 12 em Mossoró e Caicó. “O magistério era uma categoria completamente esquecida, tanto que a própria direção da Associação de Professores foi contra. Nós conseguimos dar visibilidade a todo o funcionalismo público e ao direito de se fazer greve”, afirma.
“Uma das nossas estratégias era a de não divulgar os nomes dos envolvidos, mas apenas que o Comando de Greve estava atuando. Isso para não sofrer represálias, porque já era o ocaso da ditadura, mas o Serviço de Informação do Governo ainda mapeou todos os envolvidos. O governador foi orientado pelo Serviço de Segurança”, lembra o professor.
Para ele, a direção da Associação de Professores não aderiu à greve porque era muito tradicional e tinha o hábito de “sofrer calada”. O que se fazia na época era preparar um documento destinado ao Governo do Estado e esperar que a categoria fosse ouvida. “Rolava um boato na cidade de que quem aderisse a greve seria demitido”, lembra José Antenor de Azevedo, 62, que ensinava no Colégio Atheneu.
O Comando de Greve era formado pelos(as) professores(as) Iara Maria, Egídio, Eduardo Gosson, Marcos Almeida, Vicente Barbosa, Jônatas Azevedo, Manoel Sérgio, Sara Lordão, Geraldo Pereira Pinto e José Antenor de Azevedo. A categoria já fazia reivindicações não muito diferentes das atuais, como a imediata promoção e a instituição de um piso salarial de três salários mínimos. Vale salientar que 30 anos depois a luta pelo piso continua, só que desta vez pela sua efetiva implantação.