sábado, 8 de maio de 2010

Governo espera definir plano de contingência contra desastres ambientais ainda este ano


O governo espera definir até o final do ano um plano de contingência para grandes desastres ambientais do porte do vazamento de petróleo no golfo do México, na costa americana. Em gestação há dois anos, o planejamento para facilitar ações de combate está sendo finalizado, garantiu a ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente).

O plano de contingência terá a participação de diferentes órgãos, como a Marinha, Receita Federal e a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Ele permitiria, por exemplo, que equipamentos de emergência viessem do exterior sem restrições de entrada na alfândega brasileira. Outra facilidade que o plano vai permitir será a entrada, sem maiores restrições, de aviões de combate a vazamentos.

“Ainda não se consolidou um formato do plano de contingência. Depende ainda de ajustes e reuniões com a Marinha e governos estaduais. Mas o país tem planos de emergência para coibir os desastres na indústria do petróleo que evoluíram tremendamente, tanto que a Petrobras tem a maior estrutura individual do mundo de resposta a acidentes na área do petróleo”, declarou.

Em reunião com representantes de petrolíferas nesta sexta-feira (7), no Rio, a ministra anunciou a criação de cinco grupos de trabalho para identificar necessidades de aperfeiçoamento das regras para a prevenção e combate a acidentes ambientais no setor de petróleo. A ideia é que, a partir do surgimento das causas do vazamento nos EUA, sejam traçadas novas ações para se evitar outras tragédias ambientais.

“O grupo de trabalho vai avaliar e trazer quais são as medidas, em termos de novas tecnologias, que não estão no Brasil, e que precisarão de regulação”, afirmou, lembrando que não existe uma regulamentação para o uso de dispersantes químicos em grandes profundidades, por exemplo.

Fonte: Cirilo Junior/ Folha Online

Onda de calor provoca ‘invasão’ de crocodilos no México


Uma forte onda de calor está provocando uma “invasão” de crocodilos no Estado de Tabasco, no sudeste do México.

Nas últimas semanas, as autoridades locais capturaram nove animais em pátios e caixas d’água de casas de Villahermosa, a capital do Estado.

Na Lagoa das Ilusões, um dos principais locais de lazer do centro da cidade, dois homens foram atacados.

Tabasco concentra 30% da água doce corrente disponível no México, e a maioria de suas cidades se localizam perto de rios e lagoas.

Mas com o calor, o nível das águas baixou, forçando os crocodilos a procurar locais úmidos na zona urbana.

‘Acostumados’ – “A interação entre as pessoas e os diversos animais que habitam os pântanos é permanente”, explicou à BBC Roberto López, diretor de Defesa Civil do governo de Tabasco.

“O problema é quando os crocodilos usam os pátios ou canos para fazer seus ninhos.”

O governo está recomendando prudência aos cidadãos, caso se deparem com um animal.

“Ainda que estejam acostumadas a vê-los, as pessoas têm que ter cuidado e não provocá-los. O mais conveniente é se afastar e chamar as autoridades”, recomendou López.

A última vez que crocodilos deixaram seu habitat rumo às cidades foi em 2007, quando a maior parte de Tabasco sofreu inundações por causa da cheia de rios.

Villahermosa ficou alagada durante várias semanas, nas quais dezenas de crocodilos permaneceram em casas ou piscinas de hotéis. 

Fonte: G1

Ex-participante do Prêmio Jovem Cientista lança inovação em energia solar


Um dos mais bem-sucedidos ex-participantes do Prêmio Jovem Cientista, Adriano Moehlecke, se prepara para lançar no mercado um dispositivo capaz de converter energia solar em elétrica a baixo custo e com eficiência maior que os similares de concorrentes estrangeiros. Professor da Faculdade de Física da PUC do Rio Grande do Sul, ele concorreu em 2002, na categoria graduados. O projeto chamou a atenção de grandes empresas e recebeu vários patrocínios. Atualmente, o Brasil não produz esse tipo de tecnologia. Importa a custos mais altos que os do equipamento criado pelo professor.

Moehlecke recebeu investimentos de R$ 6 milhões da Petrobras, Eletrosul, Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) e da Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência e Tecnologia (Finep) para poder desenvolver a nova tecnologia, única no País no gênero. Uma planta-piloto foi montada no campus da PUC para a fabricação de células solares. A produção começou em 2004 e, em dezembro de 2009, foram entregues os primeiros 200 módulos fotovoltaicos fabricados com tecnologia nacional às empresas que apostaram na pesquisa de Moehlecke (Petrobras, Eletrosul, CEEE e Finep).

Divulgação/Prefeitura de CanoasVencedor do Jovem Cientista lança inovação em energia solar
  • Ex-participante do Prêmio Jovem Cientista, Adriano Moehlecke, lançará no mercado um dispositivo capaz de converter energia solar em elétrica a baixo custo
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Agora, o professor começa a trabalhar em um plano de negócios para estabelecimento e implantação de uma indústria no Brasil que fabrique peças com a tecnologia desenvolvida na universidade gaúcha. Ele conta com a ajuda da professora Izete Zanesco, que coordenou o projeto na PUC. Para aperfeiçoar o equipamento e provar a possibilidade de fabricação em escala industrial, desde 2004, Moehlecke e ela trabalham em uma planta-piloto, uma espécie de minifábrica montada na PUC.

“A energia solar fotovoltaica é a forma de energia renovável que mais cresce em nível mundial, com taxas de 60% a 80% ao ano. Mas no Brasil, não há indústrias com tecnologia comercial para a produção de módulos que façam a conversão. Agora, temos condições de transferir essa tecnologia a investidores interessados”, comenta o professor e pesquisador. Moehlecke e Izete conseguiram desenvolver dois processos de fabricação de células solares, atingindo eficiências maiores que a média mundial, e também organizaram a cadeia de fornecedores de insumos para a possível instalação de uma fábrica.

O trabalho do pesquisador premiado em 2002 pelo Prêmio Jovem Cientista serve de exemplo a outros jovens graduados e também a estudantes do Ensino Médio e do Ensino Superior interessados em participar da 24ª edição prêmio deste ano, que está com inscrições abertas até 30 de junho do próximo ano. O prêmio é realizado em parceria entre a iniciativa privada e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). 

Fonte: Portal Brasil/CNPq

Ministro da Saúde defende combate à 'epidemia' de cesáreas: 'Estamos perdendo essa guerra'


Ao participar de um debate no Senado na última terça-feira (4), o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, voltou a ressaltar que há uma "epidemia de cesarianas" no país. Além disso, destacou que esse procedimento cirúrgico é mais comum no setor privado que no público: a taxa de cesáreas do Sistema Único de Saúde (SUS), no qual ocorrem a maioria dos partos, foi de 30% em 2006; nos planos de saúde, a taxa naquele mesmo ano foi de 80%.

Para o ministro, se o número de cesarianas no setor público já é alto (o percentual máximo aceito pela Organização Mundial da Saúde é de 15%), o número verificado no setor privado "está fora de qualquer padrão".

- E nós sabemos das eventuais complicações das cesarianas feitas desnecessariamente - alertou ele, referindo-se a problemas como a maior dificuldade para a recuperação da mãe, infecções pós-parto e até o risco de morte.

De acordo com estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS), o risco de morte pode aumentar quando as mulheres são submetidas a cesáreas sem que esse procedimento seja realmente necessário.

Somando-se os partos realizados nos setores público e privado, a taxa de cesarianas no Brasil seria de aproximadamente 40%. Apesar das campanhas de incentivo ao parto normal, Temporão constata que "há uma tendência de alta das cesáreas".

- Estamos perdendo essa guerra - lamentou.

O ministro disse que as campanhas do governo, promovidas em parceria com associações de especialistas e a mídia, enfrentam "uma questão complexa que passa pela desconstrução de uma consciência equivocada, que, por sua vez, tem levado muitas mulheres a associar o parto normal à dor e a problemas com a estética de seu corpo".

Entre as causas da mortalidade materna no país, Temporão citou a hipertensão, hemorragias, infecções relacionadas ao parto, o aborto e doenças do aparelho circulatório complicadas pela gravidez.

Representando a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Hélvio Bertolozzi Soares também defendeu a redução do número desses procedimentos cirúrgicos - embora argumente que as cesarianas não levem ao aumento dos índices de mortalidade materna, e sim os problemas que aparecem desde o período pré-natal. Ele observou, aliás, que muitas mortes podem ser evitadas de forma preventiva, principalmente nesse período.

- É necessário mudar o sistema de atenção ao parto, pois do contrário as operadoras de planos de saúde continuarão a aumentar o número de cesáreas - disse ele, propondo que essas operadoras atuem "em esquema de plantão, assim como no SUS".

Ao apontar as dificuldades dos médicos para trabalhar com o parto normal, Hélvio lembrou que esses profissionais muitas vezes têm vários empregos simultaneamente.

- Como se pode trabalhar em um parto que dura dez horas, por exemplo, se o médico tiver quatro empregos? - questionou ele.

Fonte: Agência Senado

Votar reajuste dos aposentados é 'vontade geral', afirma Sarney



É "vontade geral" no Senado votar o mais rapidamente possível o reajuste de 7,72% para as aposentadorias acima de um salário mínimo, afirmou nesta sexta-feira (7) o presidente do Senado, José Sarney. O reajuste foi aprovado na terça-feira (4) pela Câmara dos Deputados. Sarney ressaltou, porém, que há um problema regimental, uma vez que a pauta de votações do Senado está trancada por medidas provisórias (MPs) e projetos que regulamentam a exploração do petróleo no pré-sal.

- Só podemos fazer a votação de qualquer matéria depois de votar as medidas provisórias que trancam a pauta e cujos relatores nem apresentaram ainda os relatórios. Além disso, temos mais duas MPs que chegaram e já foram lidas. Acho difícil que a pauta seja reaberta para que possamos votar as matérias normais da casa - ressaltou.

No entanto, ele considerou que, como existe vontade de votar rapidamente a matéria dos aposentados, o tema "naturalmente vai sensibilizar as lideranças da Casa".

- Acho que o mais rapidamente possível vamos desobstruir a pauta e votar essas matérias - afirmou.

Fonte: Agência Senado

Lançado navio que marca renascimento da indústria naval brasileira


O primeiro navio do Promef, foi lançado ao mar nesta sexta-feira (7), no Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Ipojuca (PE). O navio do tipo Suezmax tem 274 metros de comprimento, capacidade para transportar um milhão de barris de petróleo




O primeiro navio do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), produzido para a Transpetro, foi lançado ao mar nesta sexta-feira (7), no Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Ipojuca (PE). O navio do tipo Suezmax tem 274 metros de comprimento, capacidade para transportar um milhão de barris de petróleo e foi batizado de João Cândido. Trata-se da primeira embarcação de grande porte construída no Brasil a ser entregue ao Sistema Petrobras nos últimos 13 anos. 
Após desaparecer dos radares durante os anos 80 e 90, a indústria naval brasileira possui hoje a quarta maior carteira de navios petroleiros do mundo. A partir do Promef, os estaleiros nacionais se modernizaram e novas unidades de produção, como o Atlântico Sul, surgiram no País. “Este é o renascimento da indústria naval brasileira. E é ao mesmo tempo o nascimento, em Pernambuco, da indústria naval nordestina”, afirma o presidente da Transpetro, Sergio Machado.

O EAS é o maior e mais moderno estaleiro do Brasil. Ele montará 22 navios do Promef, tendo assim a maior carteira do programa. São 10 navios do tipo Suezmax (160.000 toneladas de porte bruto (TPB), capazes de transportar 1 milhão de barris de petróleo), cinco Aframax (110.000 TPB), quatro aliviadores Suezmax DP (com posicionamento dinâmico) e três aliviadores Aframax DP.


Empregos - O Promef já gerou 15 mil empregos diretos. Segundo a Petrobras, este número pode chegar a 40 mil. Em suas duas primeiras fases, o programa prevê a construção de 49 navios no Brasil. Destes, 46 já foram licitados e 38 contratados. Os três restantes estão em fase final de licitação. Em junho, será lançado ao mar o segundo navio do programa, desta vez no Estaleiro Mauá, em Niterói (RJ).



Ficha técnica:



Comprimento: 274,2 m


Peso: 160 mil toneladas de porte bruto (tpb)


Capacidade de carga: 1 milhão de barris de petróleo


Preço: US$ 120 milhões


Perfil: Longo curso, voltado para a exportação 


Calado: 17 m, compatível com a passagem pelo canal de Suez, que liga o Mediterrâneo ao Mar Vermelho


Pontal: 23,2 m (do convés ao fundo)


Boca: 48 m


Velocidade: 14,8 nós


Conteúdo Nacional: 72,67% (7,67 pontos acima do mínimo fixado no Promef I)


Consumo de Aço: 21 mil toneladas


Assinatura do contrato: Janeiro de 2007


Eficácia do contrato: Agosto de 2007


Corte do Aço: Setembro de 2008


Batimento de quilha: Setembro de 2009


Lançamento: Maio de 2010


Entrega: Agosto de 2010






Fonte: SECOM

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Lula, as elites e o vira-latas


É extremamente interessante que o brasileiro de maior destaque no mundo hoje seja um mestiço, nordestino, de origens paupérrimas e com déficit de educação formal. Para todos os segmentos das elites nacionais, nostálgicas de uma Europa que as rejeita, é como uma bofetada! E assim foi compreendida a lista do Time. Daí a resposta das elites: o silêncio!

Francisco Carlos Teixeira
  
Seguindo outros grandes meios de comunicação globais, a revista Time escolheu – na semana passada - o presidente Lula como o líder mais influente do mundo. A notícia repercutiu em todo o mundo, sendo matéria de primeira página, no jornalão El País.

Elite e preconceito

Na verdade a matéria o apontava como o homem mais influente do mundo, posto que nem só políticos fossem alinhados na larga lista composta pelo Time. Esta não é a primeira vez que Lula merece amplo destaque na imprensa mundial. Os jornais Le Monde, de Paris, e o El País, o mais importante meio de comunicação em língua espanhola (e muito atento aos temas latino-americanos) já haviam, na virada de 2009, destacado Lula como o “homem do ano”. O inédito desta feita, com a revista Time, foi fazer uma lista, incluindo aí homens de negócios, cientistas e artistas mundialmente conhecidos. Entre os quais está o brasileiro Luis Inácio da Silva, nascido pobre e humilde em Caetés, no interior de Pernambuco, em 1945, o presidente do Brasil aparece como o mais influente de todas as personalidades globais. Por si só, dado o ponto de partida da trajetória de Lula e as deficiências de formação notórias é um fato que merece toda a atenção. No Brasil a trajetória de Lula tornou-se um símbolo contra toda a forma de exclusão e um cabal desmentido aos preconceitos culturalistas que pouco se esforçam para disfarçar o preconceito social e de classe.

É extremamente interessante, inclusive para uma sociologia das elites nacionais, que o brasileiro de maior destaque no mundo hoje seja um mestiço, nordestino, de origens paupérrimas e com grande déficit de educação formal. Para todos os segmentos das elites nacionais, nostálgicas de uma Europa que as rejeita, é como uma bofetada! E assim foi compreendida a lista do Time. Daí a resposta das elites: o silêncio sepulcral!

Lula Líder Mundial

Desde 2007 a imprensa mundial, depois de colocá-lo ao lado de líderes cubanos e nicaraguenhos num pretenso “eixinho do mal”, teve que aceitar a importância da presença de Lula nas relações internacionais e reconhecer a existência de uma personalidade original, complexa e desprovida de complexos neocoloniais. Em 2008 a Newsweek, seguida pela Forbes, admitiam Lula como um personagem de alcance mundial. O conservador Financial Times declarava, em 2009, que Lula, “com charme e habilidade política” era um dos homens que haviam moldado a primeira década do século XXI. Suas ações, em prol da paz, das negociações e dos programas de combate à pobreza eram responsáveis pela melhor atenção dada, globalmente, aos pobres e desprovidos do mundo.

Mesmo no momento da invasão do Iraque, em busca das propaladas “armas de destruição em massa”, Lula havia proposto a continuidade das negociações e declarado que a guerra contra a fome era mais importante que sustentar o complexo industrial-militar norte-americano.

Em 2010, em meio a uma polêmica bastante desinformada no Brasil – quando alguns meios de comunicação nacionais ridicularizaram as propostas de negociação para a contínua crise no Oriente Médio – o jornal israelense Haaretz – um importante meio de comunicação marcado por sua independência – denominou Lula de “profeta da paz”, destacando sua insistência em buscar soluções negociadas para a paz. Enquanto isso, boa parte da mídia brasileira, fazendo eco à extrema-direita israelense, procurava diminuir o papel do Brasil na nova ordem mundial.

Lula, talvez mesmo sem saber, utilizando-se de sua habilidade política e de seu incrível sentido de negociações, repetia, nos mais graves dossiês internacionais, a máxima de Raymond Aron: a paz se negocia com inimigos. As exigências, descabidas e mal camufladas de recusa ás negociações, sempre baseadas em imposições, foram denunciadas pelo presidente brasileiro. Idéias pré-concebidas estabelecendo a necessidade de mudar regimes para se ter a paz ou usar as baionetas para garantir a democracia foram consideradas, como sempre, desculpas para novas guerras. Lula mostrou-se, em várias das mais espinhosas crises internacionais, um negociador permanente. Foi assim na crise do golpe de Estado na Venezuela em 2002 (quando ainda era candidato) e nas demais crises sul-americanas, como na Bolívia, com o Equador e como mediador em crises entre outros países.

Lula negociador

O mais surpreendente é que o reconhecimento internacional do presidente brasileiro não traz qualquer orgulho para a elite brasileira. Ao contrário. Lula foi ridicularizado por sua política no Oriente Médio. Enquanto isso o presidente de Israel, Shimon Perez ou o Grande-Rabino daquele país solicitavam o uso do livre trânsito do presidente para intervir junto ao irascível presidente do Irã. Dizia-se aqui que Lula ofendera Israel, enquanto o Haaretz o chamava de “profeta da paz” e a Knesset (o parlamento de Israel) o aplaudia em pé. No mesmo momento o Brasil assinava importantes acordos comerciais com Israel.

Ridicularizou-se ao extremo a atuação brasileira em Honduras, sem perceber a terrível porta que se abria com um golpe militar no continente. Lula teve a firmeza e a coragem, contra a opinião pública pessimamente informada, de dizer e que “... a época de se arrancar presidentes de pijama” do palácio do governo e expulsá-los do país pertencia, definitivamente, a noite dos tempos.

Honduras teve que arcar com o peso, e os prejuízos, de sustentar uma elite empedernida, que escrevera na constituição, após anos de domínio ditatorial, que as leis, o mundo e a vida não podem ser mudados. Nem mesmo através da expressa vontade do povo! E a elite brasileira preferiu ficar ao lado dos golpistas hondurenhos e aceitar um precedente tenebroso para todo o continente.

Brasil, país no mundo!

Também se ridicularizou a abertura das relações do Brasil com o conjunto do planeta. Em oito anos abriu-se mais de sessenta novas representações no exterior, tornando o Brasil um país global. Os nostálgicos do “circuito Helena Rubinstein” – relações privilegiadas com Nova York, Londres e Paris – choraram a “proletarização” de nossas relações. Com a crise econômica global – que desmentiu os credos fundamentalistas neoliberais – a expansão do Brasil pelo mundo, os novos acordos comerciais (ao lado de um mercado interno robusto) impediram o Brasil de cair de joelhos. Outros países, atrelados ao eixo norte-atlântico e aqueles que aceitaram uma “pequena Alca”, como o México, debatem-se no fundo de suas infelicidades. Lula foi ridicularizado quando falou em “marolinha”. Em seguida o ex-poderoso e o ex-centro anti-povos chamado FMI, declarou as medidas do governo Lula como as mais acertadas no conjunto do arsenal anti-crise.

Mais uma vez silêncio das elites brasileiras!

Lula foi considerado fomentador da preguiça e da miséria ao ampliar, recriar, e expandir ações de redistribuição de renda no país. A miséria encolheu e mais de 91 milhões de brasileiros ascenderam para vivenciar novos patamares de dignidade social... A elite disse que era apoiar o vício da preguiça, ecoando, desta feita sabendo, as ofensas coloniais sobre “nativos” preguiçosos. Era a retro-alimentação do mito da “pereza ibérica”. Uma ajuda de meio salário, temporária, merece por parte da elite um bombardeio constante. A corrupção em larga escala, dez vezes mais cara e improdutiva ao país que o Bolsa Família, e da qual a elite nacional não é estranha, nunca foi alvo de tantos ataques.

A ONU acabou escolhendo o Programa Bolsa Família como símbolo mundial do resgate dos desfavorecidos. O ultra-conservador jornal britânico The Economist o considerou um modelo de ação para todos os países tocados pela pobreza e o Le Monde como ação modelar de inclusão social.

Mais uma vez a elite nacional manteve-se em silêncio!

Em suma, quando a influente revista, sem anúncios do governo brasileiro, Time escolhe Lula como o líder mais influente do mundo, a mídia brasileira “esquece” de noticiar. Nas páginas internas, tão encolhidas como um vira-lata em dia de chuva noticia-se que Lula “... está entre os 25 lideres mais influentes do mundo”. Errado! A lista colocava Lula como “o mais” influente do mundo.

Agora se espera o silêncio da elite brasileira!

Francisco Carlos Teixeira é professor Titular de História Moderna e Contemporânea da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Fonte: Carta Maior