sábado, 5 de fevereiro de 2011

Sem Petrobras, Baleia Jubarte suspende pesquisas


O maior centro de conservação de baleias no Brasil, o Instituto Baleia Jubarte, demitiu metade de seus funcionários e suspendeu suas pesquisas. O motivo é a falta de repasse de verbas da Petrobras, principal patrocinadora de suas atividades.

Situação semelhante atravessam três outras organizações de pesquisa de animais marinhos: a Fundação Mamíferos Aquáticos, o Projeto Golfinho Rotador (ambos em Pernambuco) e o Projeto Tamar, também na Bahia.

Todos eles aguardam desde setembro a renovação de convênios com a Petrobras, que diz estar analisando os resultados obtidos pelos projetos entre 2007 e 2010 "para definir a melhor forma de continuidade das parcerias".

Os projetos foram "adotados" pela estatal por lidarem, desde os anos 1980, com a conservação de chamadas "espécies-bandeira", animais grandes e carismáticos, com os quais o público se identifica facilmente.

Dos quatro projetos, apenas o Tamar (de conservação de tartarugas-marinhas) tem uma parcela significativa de renda própria. Todos os outros tiram 50% ou mais de sua receita da Petrobras.

A situação mais crítica é a do Baleia Jubarte. Cerca de 60% da receita da ONG vem do convênio. Com o fim do repasse, 18 funcionários (de 42) foram demitidos e o centro de visitantes, na Praia do Forte, será fechado no dia 20. Apenas dois cientistas permanecem no instituto, na base de Caravelas, sul da Bahia.

"Demiti de faxineira a coordenador de pesquisa", diz a diretora-presidente do instituto, Márcia Engel. Ela não quis dar detalhes sobre os prejuízos para o projeto.

Segundo a Folha apurou, atividades como censo de baleias no litoral e um projeto de mestrado que avaliava o impacto de poluentes na água sobre os cetáceos.

O socorro a baleias encalhadas, como uma jubarte fêmea com filhote na praia de Itacimirim, norte da Bahia, também não poderá ser feito -o veterinário do instituto está cumprindo aviso prévio.

A FMA (Fundação Mamíferos Aquáticos), que tocava o Projeto Peixe-Boi Marinho em Itamaracá, Pernambuco, também demitiu funcionários devido ao atraso no repasse da Petrobras.
A fundação já vinha enfrentando problemas desde abril do ano passado, quando o ICMBio (Instituto Chico Mendes, do governo) rompeu uma parceria que tinha com ela -acusando a FMA de má gestão de recursos. Na época, 11 pessoas foram demitidas. Agora, mais sete.

A fundação depende da renovação do convênio para estender atividades de pesquisa do peixe-boi marinho aos litorais de Pará e Amapá.

Os coordenadores dos projetos Tamar e Golfinho Rotador não falaram à Folha até o fechamento desta edição.

A Petrobras afirmou que os quatro projetos compõem "um planejamento estratégico integrado", sujeito a revisão a cada três anos. A empresa disse estimular que os projetos possam se financiar sozinhos, "para garantir a continuidade dos benefícios gerados após o encerramento do contrato de patrocínio". (Claudio Angelo)

Fonte: Folha de SP

Amazônia teve pior seca em cem anos

A seca de 2010 da Amazônia foi a pior dos últimos cem anos. E a quantidade de CO2 emitido pelas árvores mortas pode ser parecida com as emissões dos EUA.

As constatações são de estudiosos britânicos (da Universidade de Leeds) e brasileiros, do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia). Eles publicaram um artigo na revista "Science".

O grupo de pesquisadores, liderado pelo britânico Simon Lewis, mostrou que a seca de 2010 foi mais intensa e afetou uma área maior que a estiagem de 2005 -até então considerada recorde em várias décadas.

No ano passado, uma área de 3 milhões km2 foi atingida pela estiagem, contra 1,9 milhão km2 em 2005.

Os cientistas fizeram um cálculo do desvio da média de chuvas comuns nas estações secas da Amazônia (chamado de desvio padrão).

"A intensidade da seca foi maior em 2010 em relação à média", explica o biólogo Paulo Brando, do Ipam, um dos autores do trabalho.

A segunda parte do estudo, explica ele, verificou quais as consequências dessa seca do ponto de vista dos estoques de carbono. Aí vem a outra má notícia: com as secas, a floresta emitirá mais CO2 do que absorverá.

Os pesquisadores relacionaram os dados de seca de 2010 com o crescimento das árvores (a partir de dados de campo coletados em 2005).

A conclusão foi que a seca do ano passado pode emitir 5 bilhões de toneladas de CO2 para a atmosfera em 2010 e nos próximos anos. Isso não acontece de uma vez, já que a decomposição das árvores mortas é um processo lento.

Para se ter uma ideia do que isso significa: a emissão da queima de combustíveis fósseis dos EUA é de 5,4 bilhões de toneladas por ano. Em condições "normais", estima-se que a Amazônia absorva 1,5 bilhão de toneladas de CO2 da atmosfera.

"A seca de 2010 talvez tenha matado as árvores que já estavam vulneráveis por causa de 2005", explica Brando.

"Pode ser que a floresta se recupere, mas ainda não fomos para campo medir. Ainda temos muito trabalho de campo pela frente", diz.

Para o climatologista José Marengo, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), é preciso analisar os dados com cuidado.

"Reduzimos o desmatamento em cinco anos, mas um fenômeno natural deixou nossa absorção de CO2 na estaca zero. Se esses cálculos não forem bem interpretados, poderão ser usados a favor do desmatamento", diz.

Marengo e sua equipe já mostraram que a seca de 2010 reduziu mais os níveis dos rios amazônicos que a estiagem anterior, de 2005. (Sabine Righetti)

Fonte: Folha de SP

Usinas nucleares do NE devem ser instaladas no São Francisco


O rio São Francisco surge como o destino favorito do governo na região Nordeste para instalação de uma central com duas usinas nucleares, embora o Estado cortado pelo rio ainda não esteja definido. A informação foi confirmada pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. "O São Francisco é, de fato, uma hipótese muito provável, mas ainda não há nada definido", comentou.

O governo acelerou o ritmo dos estudos sobre as localidades que poderão receber as quatro usinas nucleares que serão construídas no país. A previsão inicial da Eletronuclear, estatal controlada pelo sistema Eletrobras, era entregar o relatório com as potenciais cidades até junho, mas o estudo feito em parceria com a consultoria da Coppe-UFRJ pode ser apresentado já no mês que vem. No Nordeste, diz Lobão, já há uma lista com algo entre 15 e 20 sítios selecionados.

Outra central com duas usinas será instalada na região Sudeste. O estudo feito para escolher as prováveis sedes é dividido em quatro etapas, nas quais chega-se a avaliar quase 60 critérios. Nas primeiras duas etapas são excluídas áreas que possuem falhas no solo que podem trazer riscos à estrutura da usina. A terceira e quarta etapas apontam locais com infraestrutura adequada e qual tecnologia se enquadraria bem na região. Já foram definidas 40 áreas como prováveis sedes de usinas, segundo o pesquisador da Coppe-UFRJ, Moacyr Duarte.

De acordo com o governo, há uma disputa pelos projetos. "Antes havia um certo receio dos Estados em receber as usinas nucleares, mas hoje a situação amadureceu", disse o ministro Edison Lobão, que já recebeu cartas de interesse enviadas pelos governos de Alagoas, Pernambuco e Bahia.

O Brasil tem hoje duas usinas em atividade em Angra dos Reis. Angra 1, que teve sua construção iniciada em 1971, iniciou sua operação comercial em 1985. A usina tem capacidade de 657 Megawatts (MW). A construção de Angra 2 teve início em 1976, tendo entrado em operação comercial em 2001, com capacidade instalada de 1.350 MW. Também em 1976 foram comprados equipamentos de Angra 3, que chegou a ter sua obras iniciadas, até a paralisação em 1986. Com as obras retomadas em 2007 e previsão de entrar em operação em 2015, Angra 3 terá potência de até 1.405 MW. Neste mês, a Eletronuclear pretende publicar o edital para contratação dos serviços de montagem eletromecânica da usina, um contrato estimado em R$ 1,5 bilhão.

"Há um momento de retomada desses projetos em todo o mundo. O Brasil, com o potencial que tem nas mãos, não pode desperdiçar essa oportunidade", disse Leonam dos Santos Guimarães, assistente da presidência da Eletronuclear e membro do grupo permanente de assessoria do diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea).

A expectativa do governo é que sejam investidos cerca de R$ 30 bilhões na construção das quatro usinas. Cada uma delas terá capacidade de 1.000 MW, elevando a capacidade do parque nacional de usinas nucleares para 7.300 MW até 2030.

A meta é que, já no ano que vem, sejam iniciadas as obras da primeira central na região Nordeste. O crescimento da energia nuclear na matriz energética do país, no entanto, será modesto em comparação a outras técnicas de geração. Em 2009, a energia nuclear representava 1,8% do total da matriz energética brasileira, com 2 GW. A projeção é que salte para 3,4 GW, ou 1,9% do total em 2019. Enquanto isso, a participação das usinas eólicas e solares passará de 0,5% (0,6 GW) para 3,3% (6 GW) no mesmo período. Até 2019, prevê o governo, a capacidade total de geração do país deverá passar dos atuais 110 GW para 177,9 GW em 2019.

Atualmente, Estados Unidos, França e Japão produzem 63% da energia nuclear do mundo. Apesar da forte produção desses países, somente na França a energia gerada por meio da fissão nuclear representa bem mais da metade da matriz nacional. Atualmente, essa fonte de energia é responsável por 80% da energia consumida pelos franceses, ante 16% dos americanos. (André Borges e Tarso Veloso)

Fonte: Valor Econômico

Brasil investe para dominar processamento de urânio


País não executa hoje a etapa intermediária do processo

O governo vai investir R$ 3 bilhões na construção de duas fábricas para realizar no país 100% do processo de geração de combustível de urânio, matéria-prima das usinas nucleares. Dono de uma das maiores jazidas de urânio do mundo, o Brasil só executa hoje a etapa inicial desse processo - que é a extração do minério no solo - e parte das etapas finais, que envolvem o enriquecimento e a transformação do urânio em cápsulas de combustível. Falta dominar uma fase intermediária ligada à conversão do minério em gás, condição crucial para que ele seja enriquecido. Hoje esse trabalho é enviado para empresas do Canadá e da França.

"Vamos tocar esses projetos. A estimativa é de que nossas reservas de urânio sejam de 1,1 milhão de toneladas. Com uma reserva tão grande como essa, temos que desenvolver essas etapas de tratamento e enriquecimento no país", disse ao Valor o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.

Hoje o país já realiza uma etapa de enriquecimento em uma fábrica de Iperó, no interior de São Paulo. A estrutura, no entanto, só consegue atender 14% da demanda de enriquecimento da usina de Angra 1, segundo Alfredo Tranjan Filho, presidente da Indústrias Nucleares do Brasil (INB). "O tratamento dos demais 86% de combustível de Angra 1 é feito fora do país, além de 100% do que é utilizado por Angra 2", disse Tranjan.

Com o investimento nas fábricas, previsto para ocorrer ao longo de oito anos, a INB calcula que o país terá capacidade plena de atender as demandas de urânio de Angra 1 e 2 - atualmente as únicas usinas nucleares do país em operação - e Angra 3, que deve começar a operar comercialmente em 2015.

"As reservas de urânio do Brasil são estimadas em US$ 100 bilhões, é um pré-sal de energia, sem as dificuldades do fundo do mar", comentou Lobão.

A meta de fechar o ciclo de exploração e utilização do urânio faz parte de um grande pacote de iniciativas que o governo prepara para o setor de energia nuclear. O Palácio do Planalto está preocupado em ampliar a identificação e a exploração de novas jazidas, função que é monopólio da União. Para isso, vai mexer com o marco regulatório do setor, alterando regras de exploração mineral. Uma das mudanças prevê que, ao encontrarem jazidas de urânio, companhias que estejam explorando outros minérios informem imediatamente a União sobre o achado.

Hoje, segundo o ministro Edison Lobão, é comum a situação em que uma companhia que está explorando outros minérios, como o de ferro, por exemplo, não informe o governo sobre a descoberta de urânio, para que sua exploração não seja interditada pelo governo. "Com a nova regra, essa negligência será considerada crime", disse Lobão. "Se a jazida de urânio encontrada for muito maior que o mineral explorado pela empresa, podemos pagar uma indenização para ela. De outra forma, poderemos também propor uma exploração em parceria."

Atualmente, a exploração de minas de urânio no país é função exclusiva da INB. Uma única mina no país, localizada em Caetité (BA), está em atividade. Uma segunda mina em Santa Quitéria (CE) aguarda licenciamento ambiental e nuclear para iniciar as atividades. Segundo Lobão, o governo vai incentivar a entrada de empresas privadas no setor. Na mina de Santa Quitéria, onde há uma grande jazida de fosfato, foi fechada uma sociedade para exploração entre a INB e a empresa Galvani Mineração.

Calcula-se que existam 7 milhões de toneladas de urânio no planeta. Hoje, com uma reserva conhecida de 310 mil toneladas, o Brasil já ocupa a 6ª posição no ranking mundial de urânio, atrás de Mongólia, Estados Unidos, África do Sul, Canadá e Rússia. Se for confirmado o prognóstico de deter 1,1 milhão de toneladas do minério, o país seria alçado à condição de uma das maiores potências mundiais, com forte capacidade para exportação do urânio, inclusive, já beneficiado.

Para atender as usinas de Angra 1 e 2, a produção anual do país é de 400 toneladas de concentrado de urânio. A meta do governo é multiplicar esse volume por quase cinco vezes até 2015, chegando a 1.900 toneladas anuais, quando Angra 3 entrará em operação.


Essa retomada dos projetos ligados à energia nuclear também passa pela criação da Agência Reguladora Nuclear. O tema, segundo o ministro Edison Lobão, é uma das prioridades do Ministério de Minas e Energia e vem sendo analisado pela presidente Dilma Rousseff, que decidirá sob que guarda-chuva estará vinculada a nova agência.

Hoje, a fiscalização do setor fica a cargo da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), vinculada ao Ministério de Ciência e Tecnologia. A autarquia, no entanto, é dona da INB, responsável pela mineração e beneficiamento do urânio e fabricação dos combustíveis, e pela Nuclep, empresa pública que fabrica equipamentos pesados de exploração. "Não há nada decidido sobre isso. De qualquer forma, vamos trabalhar de forma coordenada com o MCT quanto à definição das políticas do setor", comentou Lobão.

Para Aquilino Senra, especialista no setor e vice-diretor da Coppe, pós-graduação de engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o setor padece de uma gestão centralizada. "Naturalmente há conflito, se uma mesma instituição tem a função de regular o que desenvolve", disse. "Há uma unanimidade quanto à criação de uma agência reguladora independente, isso já se discute há oito anos. Esperamos que agora realmente aconteça."

Para ambientalistas, é melhor investir em fontes renováveis

Apesar dos investimentos previstos pelo governo no setor e o aumento da segurança nas usinas, a produção de energia nuclear no Brasil ainda encontra resistência de ambientalistas e especialistas no assunto. O discurso contrário ao crescimento dessa matriz é o alto custo de construção de usinas, a falta de destino para o lixo atômico e o risco de acidentes e vazamentos.

A saída, segundo especialistas, é investir em outras fontes renováveis, como eólica e solar, que trazem poucos riscos ao ambiente. "Tenho a plena convicção que o Brasil tem um enorme potencial de geração de energia elétrica a partir da solar e eólica", disse Heitor Scalambrini Costa, doutor em energética e mestre em ciência e tecnologia nuclear pela Universidade Federal de Pernambuco.

O uso de energia nuclear teve início depois da Segunda Guerra Mundial, em 1945. A geração de energia por fissão nuclear viveu uma fase de forte expansão mundial na década de 70 e meados de 80, processo que foi interrompido com os acidentes em Three Mile Island, nos EUA, e Chernobyl, em 1986, na antiga União Soviética.

"A segurança aumentou após os acidentes, mas ainda não é livre de riscos", disse o coordenador de energia do Greenpeace, Ricardo Baitelo. Um possível vazamento, segundo ele, pode afetar uma grande área. "O perigo total, entre vazamentos e depósito de lixo nuclear é grande. No acidente com Césio-137 em Goiânia, o equivalente a meia xícara de café do composto demonstrou um alto poder de contaminação radioativa. O risco pode ser pequeno, mas o impacto causado é grande", disse Baitelo.

Nos últimos anos, a retomada de projetos nucleares ganhou força com a perspectiva de ser uma alternativa mais "limpa" ao não emitir gases de efeito estufa durante a produção de energia. Depois dos acidentes na década de 80, os processos de segurança foram revistos e os riscos de catástrofes foram sensivelmente minimizados, embora ainda exista risco.

A destinação do lixo atômico é outro problema. O tratamento do resíduo se prolonga por milhares de anos, ou seja, é um ônus para gerações futuras. Para se ter uma ideia do que isso significa, atualmente os Estados Unidos analisam um método experimental de tratamento para reduzir essa atividade a 300 anos, alternativa que ainda custaria 10% da energia produzida. "O lixo atômico é o pior dos problemas da geração de energia nuclear. Nós não precisamos dessas usinas", disse Baitelo.

Para os especialistas, a escolha do Nordeste para instalação das usinas é um erro, dada a capacidade da região em produzir energia por meio de outras fontes. "A instalação não se justifica. A região é uma gigantesca fonte não explorada de geração solar e eólica", comentou Heitor Scalambrini Costa.

Segundo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, já há métodos avançados na França para tratamento do lixo nuclear. "Os franceses já estão utilizando um método de reciclagem do próprio rejeito nuclear para gerar energia. Essa questão já está absolutamente resolvida", comentou.

Segundo Leonam dos Santos Guimarães, assistente da presidência da Eletronuclear e membro do grupo permanente de assessoria do diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), 95% desse lixo - urânio não usado no ciclo de queima - pode ser reutilizado para gerar energia. Os demais 5% precisam ser acondicionados por pelo menos dez anos em piscinas para resfriamento.

Outro ponto destacado pelos defensores da energia nuclear diz respeito à pequena quantidade de combustível de urânio utilizada para geração de energia. Os estudos apontam é preciso queimar 100 toneladas de carvão de boa qualidade para gerar a mesma energia que apenas um quilo de urânio enriquecido é capaz de fornecer. Com dez quilos do combustível nuclear se gera energia equivalente a de uma tonelada de petróleo. "Esse assunto foi politizado por meio tempo e associado a governos ditatoriais", disse Guimarães. "Está na hora dessas posições serem revistas. A energia nuclear é um caminho para o país ter energia firme, durante todo o tempo, sem as oscilações de geração comuns a outras fontes." (André Borges e Tarso Veloso)

Fonte: Valor Econômico

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Programa Despoluir reinicia avaliações em Mossoró


A frota de ônibus do transporte público de passageiros de Mossoró passará, novamente, por um programa de melhoria da qualidade do ar e redução de poluentes. Segundo informações da FETRONOR, Federação da Empresas de Transporte de Passageiros do Nordeste, o Programa Despoluir tem como objetivo combater a emissão de poluentes no setor de transporte de passageiros, através do monitoramento da frota de ônibus em circulação na cidade.

De 4 à 6 de fevereiro, o Programa tem como meta vistoriar 100% da frota de ônibus de Mossoró, estimada em 40 veículos no total. Durante o ano de 2010 o programa avaliou toda frota do município, alcançando um índice de 72% de aprovação em consonância aos limites de emissão de fumaça estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA.  A expectativa do Despoluir é atingir 85% de aprovação, para este ano. “Está previsto para o ano de 2011, quatro visitas trimestrais à Mossoró como forma de garantir a qualidade do ar e da frota de ônibus que circula na cidade” afirma Amaral, coordenador do Programa.

Como funciona: uma unidade móvel do programa, equipada com opacímetro (aparelho que mede o nível de fumaça emitido pelos motores ciclo diesel) visita sistematicamente as empresas e terminais de passageiros. Os motores dos veículos são analisados pelo equipamento que está conectado a um computador, gerando automaticamente os resultados sobre os níveis de emissão de fumaça, conforme os limites estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA (resolução nº 16/1995 e nº 251/99)¹. Nas situações em que os resultados ultrapassem os limites da legislação, a empresa é notificada sobre os veículos reprovados e o Programa Despoluir volta a analisar o mesmo ônibus num período de 90 dias. Os veículos aprovados recebem o SELO DESPOLUIR, onde possui validade de até 180 dias.

Como forma de incentivar as empresas, a FETRONOR realizou, no dia 21 de janeiro, em Natal-RN, a segunda edição de o Prêmio Despoluir FETRONOR Qualidade Ambiental, que reconheceu com distinção as empresas que apresentarem melhor avanços na redução de emissão de gases nos estados de Alagoas, Paraíba, Rio grande do Norte e Pernambuco. Na ocasião, a grande vencedora foi à empresa Cidade do Sol, de Mossoró (RN), que apresentou os melhores resultados nas avaliações de consumo de combustível e inspeção veicular. No total, 47 transportadoras inscritas no programa foram analisadas por técnicos do Despoluir em três categorias: empresas urbanas, rodoviárias e metropolitanas.

O programa é uma iniciativa, criada desde 1997, da Confederação Nacional do Transporte – CNT em parceria com a Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Nordeste - FETRONOR, em operação nos estados de Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

Maiores informações:

Danilo Amaral
Coordenador Programa DESPOLUIR
84-3234 2493 / 84-9978 8565
Ciro Pedroza
Assessor de imprensa
84-94069486 

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Pesquisa avaliará impacto internacional na Amazônia


O desmatamento na Floresta Amazônica está quase sempre associado ao desenvolvimento local e, para a comunidade internacional, trata-se de um problema causado por questões nacionais, como a ocupação do solo para fins diversos.

"Mas a Amazônia também se encontra na fronteira agrícola e parte da responsabilidade pelo desmatamento pode ser atribuída à crescente demanda da comunidade internacional por recursos naturais", disse Joaquim José Martins Guilhoto, professor titular da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), à Agência Fapesp.

O pesquisador decidiu entender e mensurar o desmatamento devido à demanda global por produtos agrícolas brasileiros. O estudo se tornou tema de uma proposta aprovada em chamada realizada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) em conjunto com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, cujo resultado foi divulgado em dezembro.

O projeto será conduzido por Guilhoto e por Karen Polenske, professora do Departamento de Planejamento e Estudos Urbanos do MIT, economista especializada em recursos naturais e energéticos, sobretudo dos Estados Unidos e da China.

Guilhoto acaba de voltar ao Brasil após passar um ano como professor visitante no Departamento de Planejamento e Estudos Urbanos do MIT. "Durante esse período, desenvolvi com Karen e seu grupo estudos na área de economia regional, abordando questões ambientais no Brasil, Estados Unidos e China. Dessa interação surgiu a ideia de fazer um projeto para entender mais sobre o desmatamento na Amazônia", contou o coordenador do Projeto Temático "Mercados internacionais agrícolas, pobreza e desigualdade no Brasil", apoiado pela Fapesp e concluído em 2010.

A nova pesquisa está em fase inicial - na formação da base de dados -, e a partir do próximo semestre três alunos orientados por Guilhoto irão a Boston para estagiar no MIT por duas semanas. Em seguida, outros três estudantes de pós-doutorado orientados por Karen virão ao Brasil por outras duas semanas para a troca de experiências com colegas da USP.

Esse intercâmbio marcará a segunda fase do projeto, quando serão analisados os dados coletados. Na USP, as pesquisas serão conduzidas em dois grupos do Departamento de Economia da FEA: no Núcleo de Economia Regional e Urbana e no Núcleo de Economia Socioambiental.

"Nesses grupos, temos bancos com dados econômicos, sociais e ambientais do Brasil que possibilitam fazer estudos e análises regionais e ambientais da economia do país. E é essa experiência que estamos levando para a pesquisa", destacou Guilhoto.

Por outro lado, o professor ressalta que é necessário entender a dinâmica das economias de países mais desenvolvidos e também como esse fator externo afeta o desmatamento da Amazônia brasileira.

Demanda quantificada

Os estudos de Karen sobre ocupação do solo tiveram início em áreas urbanas na década de 1990. "Estudamos como se dão as relações de produção, demanda de energia e uso de recursos naturais em países como os Estados Unidos e a China, que são grandes consumidores", disse.

O grupo do MIT terá como missão fornecer um panorama do mercado internacional de recursos naturais, principalmente dos países que exercem pressão sobre recursos presentes na região amazônica.

"Pretendemos observar as mudanças da ocupação do solo em regiões rurais da Amazônia e, junto com estudantes de pós-doutorado do projeto, analisar as consequências energéticas, econômicas e ambientais desse processo", disse Karen.

Segundo Guilhoto, com a troca de informação e conhecimento entre os pesquisadores brasileiros e norte-americanos, a pesquisa poderá quantificar o potencial de demanda global por produtos agrícolas e minerais na região que compreende nove Estados: Acre, Amapá, Rondônia, Roraima, Amazonas, Pará, Maranhão, Mato Grosso e Tocantins.

Apenas no Pará o grupo incluirá na conta o minério de ferro. O estado, um dos grandes responsáveis pelo desmatamento na Amazônia Legal, exporta uma quantidade expressiva de ferro e outros minérios.

Tanto Guilhoto quanto Karen veem na parceria entre os pesquisadores da USP e do MIT, permitida pelo projeto aprovado na chamada, uma excelente oportunidade para o avanço do conhecimento na área.

"Até há alguns anos, a maior parte de nossas pesquisas estava direcionada apenas para a China, grande consumidor de combustível fóssil, principalmente carvão. Com o apoio de diversas fontes, estamos conseguindo atuar mais no Brasil, que também é um grande consumidor de energia, mas focado em fontes renováveis", disse a economista.

Mais informações sobre a parceria Fapesp-MIT: www.fapesp.br/acordos/mit (Mônica Pileggi)

Fonte: Agência Fapesp

Plástico biodegradável pode ser produzido a partir de bactérias


Há quase dois anos, o pesquisador do Instituto de Ciências Médicas da Universidade de São Paulo (USP), Aldo Procópio, está no estado Amazonas, onde estuda as bactérias que acumulam polímeros, moléculas formadas quando duas ou mais moléculas, chamadas monômeros, se combinam umas às outras.

A pesquisa objetiva reduzir o uso do plástico derivado do petróleo e contribuir de forma significativa para a preservação do meio ambiente. Procópio explica que os estudos começaram com o isolamento das bactérias coletadas dos rios amazônicos, principalmente o Negro, Solimões e o Madeira.

"No período da seca, baixa dos rios, há uma escassez de nutrientes, o que favorece o desenvolvimento de microorganismos que têm potencial para estocar fonte de carbono em seu interior e nos fornecer o biopolímero", disse.

Além do plástico biodegradável, o estudo indica que outros produtos podem ser desenvolvidos a partir do biopolímero, como remédios, fio de sutura, pinos de sustentação de ossos utilizados em cirurgias ortopédicas, cápsulas que envolvem medicamentos e embalagens de descarte rápido.

O pesquisador ressalta a importância da pesquisa na preservação do meio ambiente e, sobretudo, como alternativa de redução do acúmulo de lixo. "Hoje, temos um descarte muito grande de plástico derivado do petróleo. Esse material leva quase 400 anos para se degradar no meio ambiente. Já o bioplástico é degradado em seis meses", explica Procópio.

A pesquisa faz parte do Programa de Desenvolvimento Regional (DCR), da Fapeam. O DCR tem o apoio do CNPq e consiste em apoiar, com bolsas, passagens e auxílio, doutores titulados em outros estados e no Amazonas interessados em desenvolver pesquisas em instituições localizadas no Amazonas, fixando-os na região.

Fonte: Jornal da Ciência/MCT

Universidades ainda exigem fiador para o Fies

Só 20% das instituições que atendem alunos pelo Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), programa de crédito educativo do Ministério da Educação (MEC), aderiram ao sistema que põe fim à exigência de fiador para alunos de baixa renda. Dados do MEC mostram que a dispensa de fiador é realidade só em 272 das 1.362 instituições privadas que participam do novo Fies.

O fim da exigência foi anunciado em outubro de 2010 pelo então presidente Lula. A medida faz parte da reformulação do Fies, com o intuito de aumentar o número de universitários. Ela beneficia estudantes com renda familiar de até um salário mínimo e meio: justamente o público que, segundo o governo, mais tem dificuldade para conseguir fiador.

A baixa adesão preocupa o MEC. Terça-feira, o ministro Fernando Haddad tratará do assunto com donos e dirigentes de universidades e faculdades privadas, em encontro que discutirá também o programa Universidade para Todos (ProUni).

O MEC avalia que a adesão poderia ser maior e espera que o problema seja falta de informação por parte das instituições. Segundo o MEC, se forem consideradas só as mantenedoras (donas de uma ou mais faculdades), o grau de adesão é ainda menor: 141 (16% do total).

O setor privado, porém, nega qualquer resistência a acabar com o fiador para alunos de baixa renda. Isso é feito por meio do chamado Fundo Garantidor. As instituições de ensino abrem mão de 7% do valor a que teriam direito. Em compensação, não correm risco de inadimplência e atraem para seus cursos alunos que, sem Fies, não conseguiriam pagar os estudos. O diretor-executivo do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior do Estado de São Paulo (Semesp), Rodrigo Capelato, diz que a iniciativa do governo atendeu a uma antiga reivindicação do setor.

Segundo ele, a baixa adesão é reflexo de problemas operacionais do Fies, semelhantes aos que ocorreram em janeiro com o Sistema de Seleção Unificada (Sisu):

- Não tenho dúvida de que quase 100% das instituições vão aderir ao Fundo Garantidor - disse Capelato na quarta-feira (2/2). Ele reclamou de dificuldades de acesso, ano passado, ao sistema eletrônico do Fies pela internet.

Criticou ainda a falta de informações no momento em que o crédito é concedido aos estudantes e afirmou que há atrasos no pagamento das mensalidades por parte do governo.

Estudantes que foram a agências da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil nas últimas semanas também enfrentaram dificuldades. Os dois bancos exigiam idoneidade cadastral, recusando o empréstimo do Fies a universitários incluídos na lista de devedores do SPC ou da Serasa. A Defensoria Pública da União em São Paulo recebeu cerca de 200 denúncias e acionou o MEC e os dois bancos, os únicos que atuam como agentes financeiros do Fies.

O argumento é que uma liminar concedida pelo Tribunal Federal Regional da 1a- Região impede esse tipo de exigência. Por meio do MEC, a Caixa informou que deixou de exigir a idoneidade. O Banco do Brasil informou que exige idoneidade cadastral por determinação do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), do MEC.

"Nenhuma orientação relativa à suspensão da exigência de idoneidade cadastral foi repassada pelo FNDE ao banco", diz nota divulgada pelo BB. (Demétrio Weber)

Fonte: O Globo

País precisa de mais equipamentos e pessoal para prevenção de desastres naturais, diz secretário


A criação do Sistema Nacional de Alerta e Prevenção de Desastres Naturais anunciado pelo governo federal após as enchentes na região serrana do Rio de Janeiro deverá exigir a compra de mais dez radares meteorológicos e mil pluviômetros automáticos para usar na previsão e monitoramento de chuvas. A estimativa é do cientista Carlos Nobre, que tomou posse nesta quarta-feira (2/2) na Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).

O país tem, atualmente, cerca de 20 radares meteorológicos e 800 pluviômetros automáticos. Os radares captam dados sobre o movimento de circulação da massa de ar e de gotículas de água.

Os dados são processados em supercomputadores para prever a localização e intensidade das chuvas. Já o pluviômetro mede o volume da chuva que caiu. O monitoramento desse dado pode informar se o solo de uma região, como o das encostas de morros, recebeu muita água e pode ter risco de deslizamento.

Nobre quer que as comunidades "saibam ler" os pluviômetros que serão instalados e possam avaliar risco de enchentes e encharcamento de solos. "Isso não é igual terremoto, dá alerta", explicou. No dia 11 de janeiro, véspera das chuvas que resultaram nos deslizamentos nas cidades de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Sumidouro, São José do Vale do Rio Preto, Bom Jardim e Areal, os pluviômetros da região serrana do Rio já registravam um volume excepcional de chuva; ou seja, havia informação sobre a possibilidade do solo estar encharcado, o que provocou o deslizamento, inclusive em áreas florestadas.

Além de equipamento para a previsão e monitoramento da chuva, Nobre lembra que é preciso usar sensores no solo e fazer estudos geológicos para conhecer as condições de várias áreas de risco, especialmente nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste. O secretário não estabeleceu quantas cidades deverão fazer estudos geológicos e instalar equipamentos. Segundo o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, o Brasil tem apenas 100 geólogos especializados nesse tipo de trabalho.

Nos últimos 20 anos, 216 cidades registram anualmente pelo menos cinco mortes por causa de chuva e mais de 500 tiveram perdas materiais.

Após a posse de Nobre e mais quatros secretários do MCT, Mercadante mostrou as imagens impressas do satélite americano GeoEye, processadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) após o desastre na região serrana do Rio. Um lote de 50 fotos (feitas em 20 de janeiro) com "as cicatrizes do deslizamento" foi entregue à Defesa Civil. As imagens estão disponíveis para download no site do Inpe:
http://www.dpi.inpe.br/public/MCT_Envento_rio_Jan2011/ 

A compra de equipamentos para monitoramento das chuvas e a implementação do Sistema Nacional de Alerta e Prevenção de Desastres Naturais envolve o MCT, o Ministério da Integração Nacional, o Ministério da Defesa, o Ministério da Agricultura, o Ministério do Planejamento, o Gabinete de Segurança Institucional e a Casa Civil.

Ainda não há orçamento estabelecido para esses gastos. A Lei Orçamentária de 2011, aprovada pelo Congresso Nacional, ainda não foi sancionada e a expectativa é que haja cortes e remanejamento no Orçamento.

A presidente Dilma Rousseff já assinou medidas provisórias para crédito extraordinário de R$ 780 milhões para obras civis e de rodovia e para concessão de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para capital de giro e investimento de empresas e microempreendedores individuais localizados nos municípios do Rio atingidos pela chuva.
(Gilberto Costa)

Fonte: Agência Brasil

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Antropólogos, lideranças indígenas e autoridades discutem instalação da hidrelétrica de Belo Monte


A Associação Brasileira de Antropologia (ABA) e a Universidade de Brasília (UnB), em parceria com o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) e a Fundação Darcy Ribeiro, realizam no próximo dia 7 o seminário "A Hidrelétrica de Belo Monte e a Questão Indígena". O evento, que será realizado no auditório da reitoria da UnB, em Brasília, reunirá especialistas, lideranças indígenas, movimentos sociais e autoridades para discutir os impactos e o processo de licenciamento de Belo Monte.

Planejada para ser instalada em uma das áreas de maior diversidade cultural e biológica do país, a hidrelétrica de Belo Monte, além de inundar uma área de mais de 600 km2, promoverá até 80% de redução da vazão de um trecho de mais de 100 km do rio, denominado Volta Grande do Rio Xingu, atrairá uma população estimada em 100 mil pessoas e causará o deslocamento compulsório de cerca de 40 mil. Nesta área, residem os Arara, os Juruna, os Xikrin e milhares de famílias ribeirinhas, indígenas e não-indígenas.

Ainda no Médio Xingu e seus tributários, residem os Parakanã, os Asurini, os Kararaô, os Araweté, os Arara, os Xipaia e Kuruaia e centenas de famílias que habitam as Unidades de Conservação que conformam o corredor ecológico do Xingu (Resexs, APA, FLONA, ESEC, PARNA). Mais próximos das cabeceiras do rio, estão os Kayapó do Sul do Pará, os Metuktire, os diversos Povos do Parque Indígena do Xingu e grupos indígenas voluntariamente isolados, que transitam na fronteira dos Estados do Pará e Mato Grosso.

O seminário discutirá a magnitude dos impactos da hidroelétrica e seu questionável processo de licenciamento, que repercutem diretamente sobre os direitos e o modo de vida tanto de povos indígenas que imemorialmente vivem nesta região, quanto de povos tradicionais - camponeses, pescadores e extrativistas - e de outros grupos locais que dependem simbólica, social e economicamente da floresta, do rio e de seus igarapés.

Estarão reunidos, entre outros, representantes dos povos indígenas (Cacique Raoni Metuktire, Megaron Txukarramãe, Yabuti Txukarramãe e Josinei Arara), dos movimentos sociais (Antônia Melo da Silva) e do Ministério Público Federal (a subprocuradora geral da República, Deborah Duprat), além dos antropólogos João Pacheco de Oliveira Filho (Museu Nacional), Gustavo Lins Ribeiro (UnB), Bela Feldman-Bianco (Unicamp), Sonia Magalhães (UFPA) e Andréa Zhouri (UFMG).

Também foram convidados a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e os presidentes da Funai e do Ibama.

Mais informações no site da ABA: http://www.abant.org.br/


Fonte: Jornal da Ciência


Mulheres são maioria entre jovens fora da escola e do mercado de trabalho


Parte da população de 18 a 24 anos do país faz parte de um grupo que nem estuda nem trabalha. São cerca de 3,4 milhões de jovens que representam 15% dessa faixa etária. Um estudo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) mostra que as mulheres são mais afetadas por esse problema, muitas vezes em função da maternidade e do casamento.

Do total de jovens fora da escola e do mercado de trabalho, 1,2 milhão concluiu o ensino médio, mas não seguiu para o ensino superior e não está empregado. A proporção de jovens nessa situação aumentou de 2001 a 2008, segundo o Inep, e quase 75% são mulheres. Uma em cada quatro jovens nessa situação tinha filhos e quase metade delas (43,5%) era casada em 2008.

Para Roberto Gonzales, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o estudo reflete que a desigualdade de gênero ainda persiste não apenas na diferença salarial, mas no próprio acesso ao mercado de trabalho. "Isso tem muito a ver com a divisão do trabalho familiar, seja doméstico ou de cuidados com o filho. É uma distribuição muito desigual e atinge em especial as mulheres, por isso você tem tantas meninas fora do mercado e da escola", diz.

Entre as mulheres de 18 a 24 anos que estão na escola e/ou no mercado de trabalho, o percentual daquelas que têm filhos é cinco vezes menor. Segundo o estudo, os dados comprovam que "existe forte correlação entre casamento/ maternidade e a saída, mesmo temporária, da escola e do mercado de trabalho observada para as mulheres". 

Uma vez que o processo de escolarização foi quebrado, o retorno aos estudos é bem mais difícil. Para Gonzales, esse afastamento do jovem do mercado de trabalho ou dos estudos pode não ser apenas uma situação "temporária", como sugere o estudo. Um dos fatos que corroboram essa teoria é a queda da matrícula entre 2009 e 2010 nas turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA), segundo dados do último censo escolar.

"A baixa escolaridade não é uma barreira absoluta ao mercado de trabalho, mas é um problema porque há a possibilidade de criar-se um círculo vicioso. A mulher não terá acesso a bons empregos que dariam experiência profissional e poderiam melhorar sua inserção no futuro", alerta.

Gonzales afirma ainda que as políticas públicas precisam ser mais flexíveis e acompanhar os "novos arranjos" da sociedade para garantir mais apoio a esse grupo de jovens mães. "As pessoas costumam ter uma ideia mais tradicional de educação em que os pais provêm o sustento para que o filho termine a escolaridade, depois ele segue para o ensino superior e entra no mercado de trabalho. E, na realidade, esses eventos não acontecem necessariamente nessa ordem. Assim como temos muitos jovens casais, também temos famílias monoparentais chefiadas por mulheres com filho e isso, muitas vezes, abre espaço para outras trajetórias de vida", explica.

Uma das estratégias básicas para garantir que a jovem consiga prosseguir com seus estudos ou ingressar no mercado é a ampliação da oferta em creche. Atualmente, menos de 20% das crianças até 3 anos têm acesso a esse serviço no país. "Essa é uma das principais barreiras alegadas pelas mulheres inativas", indica Gonzalez. (Amanda Cieglinski)

Fonte: Agência Brasil

Salário igual "expulsa" cientistas brasileiros


Falta de competitividade faz com que pesquisadores não voltem ao país. A repatriação de cientistas brasileiros que atuam no exterior, proposta pelo ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, no início da sua gestão, pode não ser uma matemática simples.

De acordo com quem está fazendo ciência fora do Brasil, mesmo que exista vontade de voltar, a burocracia para se fazer pesquisa e a falta de competitividade nas universidades nacionais, diferentemente do que acontece nos EUA e na Europa, ainda são fatores de repulsa.

"No Brasil, os salários acadêmicos são iguais. Nos EUA, eu não ganho o mesmo salário que meus colegas. Há competitividade", diz o físico José Nelson Onuchic, professor da UCSD (Universidade de San Diego).

Ele está há 21 anos nos EUA, país que, estima-se, tenha 3.000 professores brasileiros.

A opinião de Onuchic é compartilhada por outros pesquisadores, como Alysson Muotri, que também é UCSD, mas é biólogo.

Em entrevista à Folha, disse que "para algumas pessoas, o real patriotismo é abandonar as melhores condições de trabalho no exterior e voltar ao Brasil. Alguns dizem "vem aqui sofrer com a gente, vamos juntos tentar melhorar este país'".

Quem faz pesquisa por aqui concorda com as dificuldades. "A gente perde muito tempo por lidar com tanta atividade burocrática", diz o biólogo Stevens Rehen, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

"Mas quem sai tem que saber que existem oportunidades para se fazer pesquisa aqui. Estou no Brasil não só porque estudei em universidade pública, mas por valores", completa o biólogo.

Onuchic não pensa em voltar de vez ao Brasil, mas, para ele, uma alternativa possível seria passar alguns meses por aqui.

Essa solução é uma das ideias de Mercadante para a repatriação. Em entrevista exclusiva à Folha, ele disse que pretende criar, via agências de fomento, um formato de "bolsas-sanduíche" (bolsa de pesquisa de curto período no exterior) ao contrário.

Seriam bolsas de pesquisa oferecidas aos brasileiros no exterior para que eles passem um tempo fazendo pesquisa por aqui.

"O Brasil é um país agradável, provavelmente os cientistas acabariam retornando", acredita o ministro.

A ideia é criar, com as bolsas de curta duração, uma espécie de rede da "inteligência brasileira" no exterior.

Essa política está sendo tocada na Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). "As redes ajudam. Mas temos trazido também cientistas com o Programa Jovem Pesquisador. Há repatriados e também estrangeiros", diz Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da fundação.

De acordo com ele, a Fapesp já apoiou mil pesquisadores com esse perfil nos últimos dez anos. "A maior parte deles ficou aqui", afirma Cruz. A Fapesp, no entanto, não tem os números exatos.

"A gente sempre tem vontade de voltar", diz pesquisadora

Mesmo com as condições atrativas de países como EUA e da Europa Ocidental, há quem prefira ser cientista na sua terra natal. Entre esses pesquisadores está a cientista da computação Juliana Salles, da Microsoft Research.

A mineira formada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) hoje faz pesquisas em solo brasileiro, depois de quatro anos nos EUA.

A possibilidade veio com um convênio firmado entre a Microsoft e a Fapesp em 2006, para desenvolvimento de sistemas computacionais com foco em clima.

"É claro que a gente sempre tem vontade de voltar para o país de origem, né?", disse Salles à Folha.

Mas o motivo maior do retorno teve razões pessoais: seu marido teve dificuldades com o visto americano.

"O país viveu uma diáspora por causa de recessão, instabilidade, falta de recursos", analisa Mercadante, ao falar dos nossos cientistas em terras estrangeiras.

O ministro afirmou que pretende criar um comitê para mapear esses profissionais e estudar políticas de incentivo para trazê-los de volta. Foi o que fizeram a Índia, com o "Ministério dos Indianos do Exterior", e a China, em programa para levar seus cientistas de volta ao país (sob regime autoritário, claro).

O ministro também disse que pretende "aproveitar" a crise econômica que afeta alguns países desenvolvidos para atrair ao Brasil técnicos e cientistas estrangeiros. (Sabine Righetti)

Fonte: Folha de SP

Deter indica 135 km² de desmatamentos na Amazônia no último bimestre de 2010


Entre novembro e abril, que consiste na época de chuvas na Amazônia e se torna mais difícil a observação por satélites devido à intensidade de nuvens que cobrem a região, o Inpe divulga os resultados do Deter agrupados por bimestre. Entretanto, é importante salientar que o sistema mantém durante todo o período sua operação regular, com o envio de dados a cada quinzena ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Relatórios mensais completos estão disponíveis no site do Deter: www.obt.inpe.br/deter

Em função da cobertura de nuvens variável de um mês para outro e, também, da resolução dos satélites, os dados do Deter não representam uma avaliação fiel do desmatamento mensal da floresta amazônica. Por estes motivos o Inpe não recomenda a comparação entre dados de diferentes meses e anos.

O sistema registra tanto áreas de corte raso, quando os satélites detectam a completa retirada da floresta nativa, quanto áreas classificadas como degradação progressiva, que revelam o processo de desmatamento na região.

Em operação desde 2004, o Deter é um sistema de alerta para suporte à fiscalização e controle de desmatamento. Embora os dados sejam divulgados em relatórios mensais ou bimestrais, os resultados do Deter são enviados a cada quinzena ao Ibama, responsável por fiscalizar as áreas de alerta.

Como o Deter utiliza dados do sensor Modis do satélite Terra, com resolução espacial de 250 metros, é possível detectar apenas polígonos de desmatamento com área maior que 25 hectares. O Inpe reitera que nem todos os desmatamentos maiores que 25 hectares são identificados pelo sistema, devido à cobertura de nuvens. Contudo, a menor resolução dos sensores usados pelo Deter é compensada pela capacidade de observação diária, que torna o sistema uma ferramenta ideal para informar rapidamente aos órgãos de fiscalização sobre novos desmatamentos.

Os números apontados pelo Deter são importantes indicadores para os órgãos de controle e fiscalização. No entanto, para computar a taxa anual do desmatamento por corte raso na Amazônia, o Inpe utiliza o Prodes (www.obt.inpe.br/prodes), que trabalha com imagens de melhor resolução espacial, capazes de mostrar também os pequenos desmatamentos.

A cada divulgação sobre o sistema de alerta Deter, o Inpe apresenta também um relatório de avaliação amostral dos dados. Os relatórios, assim como todos os dados relativos ao Deter, são públicos e podem ser consultados no site www.obt.inpe.br/deter

Fonte: Inpe

Colégio CEDEC realiza Semana Padagógica com o Farias Brito


   Prof. Ronnisson, do Farias Brito, realiza palestra para professores do CEDEC. 

   Material didático do Farias Brito é apresentado no CEDEC.

As atividades do CEDEC – Centro Educacional Elita Carlos, recomeçam na próxima segunda-feira, dia 07 de fevereiro. Todas as providências foram tomadas para que os alunos obtenham o máximo de proveito nas aulas que serão ministradas em salas reformadas recentemente. Segundo a diretora, Helenita Castro, todos os professores estão participando da Semana Pedagógica que acontece desde o dia 30 de janeiro e termina na próxima sexta-feira, dia 04 de fevereiro e que também tem a participação de profissionais do Sistema Educacional Farias Brito, de Fortaleza.

Helenita Castro destacou o planejamento para este ano letivo de 2011, que é todo orientado para um melhor aproveitamento dos alunos, especialmente do ensino médio que serão submetidos ao processo de seleção para o ingresso na universidade. Ela disse que o Planejamento tem a participação do prof. Ronnisson Luis Carvalho Barbosa, do Farias Brito, que veio, exatamente, para passar os conhecimentos das técnicas de ensino daquele estabelecimento, para os professores do CEDEC.

A diretora disse que o prof. Ronnisson Barbosa é mestre em Educação e fez palestra sobre “Motivação e Ética” no primeiro dia do evento, preparando os professores do CEDEC para os novos paradigmas que nortearão o processo educativo naquele estabelecimento. Ela disse que a Semana Pedagógica também tem a participação de outros profissionais do Farias Brito, citando como exemplo a equipe de professores que fará a apresentação do novo material didático (foto anexa) que será utilizado no 3º ano do ensino médio, bem como uma profissional fonoaudiólogo, que vai falar sobre saúde vocal.

CEDEC

O Centro Educacional Elita Carlos – CEDEC, iniciou as suas atividades há 9 anos, apenas com o ensino fundamental e, atendendo ao pedido dos pais dos alunos, expandiu o seu ensino para o nível médio, dando a oportunidade dos alunos darem continuidade aos seus estudos com a mesma qualidade de ensino, dentro dos objetivos do colégio de prepará-los para a vida, sem esquecer o suporte necessário para a aprovação no processo de seleção para o ingresso nas universidades.

Para melhorar esse suporte, o colégio está lançando o CEDEC MED, que é um curso preparatório destinado aos alunos que pretendem ingressar no curso de medicina. Este curso preparatório também recebe a carga de experiência do Farias Brito, tendo em vista que todo o material pedagógico a ser utilizado nos estudos é preparado pela sua equipe de professores.

Maiores informações: 3321-3000
Fonte: CEDEC