quinta-feira, 14 de abril de 2011

Robôs saem da ficção científica para a realidade


No final da década 70 quando Bill Gates disse "um dia teremos um computador em cada escritório e em cada casa". Muitos não acreditaram nas palavras visionárias daquele adolescente. Mas o futuro chegou cedo, mostrando que não estamos tão longe de concretizar o que o jovem Gates dizia, já que atualmente, o número de computadores no mundo ultrapassa a escala de 1 bilhão de unidades e deve duplicar até 2014.

A produção de novas tecnologias vem se apresentando tão consistente e promissora que o multimilionário dono da Microsoft, após mais de 30 anos participando dos avanços tecno-científicos, hoje faz uma previsão tão desafiante quanto a que deu no passado, a de que num futuro não muito distante, os robôs serão tão comuns nos lares quanto os computadores.

Se esta previsão é factível ou não, só o tempo nos dirá, mas se depender dos inúmeros grupos de pesquisas que trabalham diariamente para o avanço da robótica, esta aspiração em breve deixará de ser mera ficção. Um bom exemplo deste tipo de iniciativa foi a criação do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Sistemas Embarcados Críticos (INCT-SEC), que hoje desempenha papel essencial no desenvolvimento de projetos na área da robótica inteligente e recebe apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Situado em São Carlos (SP), com sede no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC-USP), o INCT-SEC busca desenvolver tecnologias de ponta para serem adaptadas a fim de criar sistemas robóticos com diversas aplicações. Segundo o coordenador do grupo de trabalho para o desenvolvimento de Robôs Táticos, Fernando Osório, a equipe tem hoje cerca de 100 pesquisadores de diferentes áreas e instituições do País.

"Devido a este perfil interdisciplinar, desenvolvemos pesquisas em robótica nas diferentes frentes como, o uso de robôs para serviços de monitoramento e vigilância, para a exploração de ambientes perigosos, automatização no controle de veículos aéreos e terrestres, entre outras", afirma Osório.

Robótica - O termo robótica foi cunhado pela primeira vez pelo escritor de ficção científica Isaac Asimov, em 1942, em seu livro Eu, robô (I, Robot). Porém, a ideia de um ser artificial, realizando tarefas para o ser humano fascina os pensadores há muito mais tempo. Foi o grande gênio Leonardo da Vinci, o primeiro a projetar um robô humanóide documentado. No projeto vemos um cavaleiro mecânico com corpo de armadura medieval aparentemente capaz de fazer vários movimentos similares aos humanos, como sentar-se, mover os braços, pescoço e maxilar.

Ninguém sabe ao certo se o italiano chegou a construir o robô em sua época, mas como tantos inventos humanos, os robôs hoje começam a sair do reino da ficção para alcançar a realidade. Segundo Osório, nestas últimas décadas a área da robótica avançou muito, principalmente em função dos novos recursos de hardware e software desenvolvidos.

"Em termos de hardware, os computadores e dispositivos embarcados vêm sendo constantemente modernizados, tendo assim maior capacidade de processamento, consumindo menos energia e tendo muito mais autonomia. Além disto, novos dispositivos, mais baratos e poderosos têm surgido no mercado, como por exemplo, sensores infravermelho, laser, bússola eletrônica, GPS, acelerômetros, câmeras de vídeo, e toda uma série de novos dispositivos avançados que vem permitindo a criação de robôs cada vez mais sofisticados", pontua o pesquisador.

Fonte: Ascom do MCT

Fundo de Extensão da Educação Profissional em pauta em comissão do Senado


Senador Inácio Arruda, relator, dá parecer favorável ao projeto que 
destinará R$ 300 milhões por ano para capacitação.

Entrou em pauta ontem (13) na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado o projeto de lei da Câmara que cria o Fundo de Extensão da Educação Profissional (Feep) de autoria do deputado Ariosto Holanda (PSB) que tem parecer favorável do relator, senador Inácio Arruda (PC do B). O Feep destinará cerca de R$ 300 milhões anuais para o financiamento de programas de capacitação tecnológica para a população de baixa renda.

Holanda disse esperar que ninguém quem peça vistas do projeto e que seja aprovado de modo terminativo, o que dispensa a tramitação nas outras Comissões indo direto à votação no plenário do Senado. Do contrário, o projeto seguiria para a Comissão de Educação, Comissão de Assuntos Econômicos e, terminativamente, na Comissão de Ciência e Tecnologia, antes de ser votado.

O Feep, segundo Holanda, assegura recursos estáveis para fortalecer as ações de capacitação.Será formado por 1,5% da dotação anual do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), 5% da dotação anual do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e recursos do orçamento da União. "Estão fixados percentuais obrigatórios para a Educação Superior e Ensino Fundamental no Ministério da Educação. Mas a mesma garantia não foi ainda estabelecida com relação à capacitação tecnológica", observa o deputado.

O Projeto de Lei teve origem no Conselho de Altos Estudos da Câmara como produto do trabalho Capacitação Tecnológica da População, do qual Ariosto foi relator. O PL define como Capacitação Tecnológica da População (CTP) o conjunto de ações de formação profissional com vista ao desenvolvimento econômico e social, tendo como principal benefício a inclusão social e a geração de renda para os indivíduos.

Serão beneficiários da Lei não apenas os órgãos da administração direta, mas também os fundos especiais, autarquias, agências executivas e reguladoras, as fundações públicas, as empresas públicas, sociedades de economia mista, as organizações sociais e as demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Os efeitos da Lei se estendem aos cursos e programas de educação profissional conforme os artigos 39 e 42 da Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996, tendo como exceção o oferecimento e a manutenção de cursos de educação de nível superior. Ampara ainda ações de extensão de instituições públicas de nível superior, em especial o oferecimento de bolsas de extensão e os cursos citados acima, além das ações de assistência técnica e extensão rural, de acordo com os artigos 16 e 18 do cap. V, da Lei 8.171 de 17 de janeiro de 1991.

As entidades definidas como beneficiárias da Lei, para fazerem jus aos recursos previstos no Feep, deverão cumprir uma série de exigências, que incluem a apresentação de proposta de plano pedagógico que orientará as suas ações. Exige que os cursos sejam prestados gratuitamente, e a instituição possa ou proponha-se a implantar, no âmbito do Plano de Ação em análise, laboratórios de biologia, química, física e informática, assim como bibliotecas com recursos multimeios e acesso a redes digitais de informação, inclusive Internet.

São requisitos para receber os recursos que o acesso às instalações seja franqueado para a capacitação de professores e alunos da rede pública de ensino; a oferta de cursos de português instrumental de no mínimo 60 horas; a oferta de cursos de formação inicial e continuada de trabalhadores para requalificação profissional no mínimo de 200 horas.

Exige também que 10% das vagas anuais de cada modalidade sejam oferecidas para cursos básicos e técnicos noturnos e nos fins de semana, e que seja criado o Conselho Comunitário no âmbito de cada Unidade de Ensino, para estabelecer diretrizes de ação local e aprovar o Plano de Ação Anual a ser adotado.

Outra exigência é que seja celebrado, entre o ente ao qual se vinculam ou se subordinam, os seguintes instrumentos legais: a) contato específico das entidades da administração pública (§ 8º do art. 37 da Constituição Federal); b) Contrato de Gestão em atendimento ao disposto na Lei 9.637 de 15 de maio de 1998, no caso das organizações sociais. Exige ainda que sejam estabelecidas metas para cada Unidade de Ensino, e ressalva que poderão ser ministrados cursos pagos que não excedam 10% do total de vagas ofertadas anualmente em cada modalidade.

A Lei cria um Conselho Gestor para administrar o Fundo e estabelece que a destinação de recursos deva obedecer em cada ano à direta proporção da população analfabeta e alfabeta funcional de cada Estado, apurada pelo IBGE, vedada a realocação ou transferência de recursos destinados originalmente a cada Estado. Os critérios de análise dos projetos de ação de capacitação tecnológica deverão prever, dentre outros, a alocação de recursos com base na população efetivamente atendida.

O público alvo a ser atendido pela Lei de capacitação tecnológica é constituído pelo contingente de 33 milhões de analfabetos funcionais e 16 milhões de analfabetos, conforme justificativa da matéria baseada em estimativas oficiais. "Essa significativa parcela da população necessita de instrumentos de aquisição de conhecimento, geração de renda e de inserção social, mas não se encontra mais em idade de frequentar a educação regular para capacitar-se. Para essas pessoas, é preciso oferecer oportunidades de enfrentamento da exclusão e da falta de equidade social".

"Se o Brasil pretende eliminar o gravíssimo problema da má distribuição de renda que o caracteriza como nação de desigualdades e de injustiça social, precisa investir, com urgência, na melhoria da qualidade da educação e na capacitação tecnológica dos brasileiros", afirma o deputado. O documento assinala que os atuais agentes de capacitação, de ensino tecnológico e de qualificação profissional não têm estrutura suficiente para aplicar ações de transferência de tecnologia de massa.

O texto aponta ainda que, com exceção do Senar e do Sebrae, os vários agentes do Sistema S não têm ações de forte propagação e de interiorização de suas ações. "A população que carece de conhecimento e precisa adquirir meios para subsistir se encontra nas regiões mais desfavorecidas economicamente".

O deputado pontua que a prática da transmissão do conhecimento da Universidade para a comunidade é feita de forma muito tímida, e que atribui como motivo para o desenvolvimento dessas atividades "a falta de financiamentos específicos e continuados, como bolsas de extensão".

O projeto de lei destaca que os Centros Vocacionais Tecnológicos (CVT) surgiram neste contexto de falta da devida priorização da temática da transferência de tecnologia para fins de promoção social e geração de renda do contingente populacional que, apesar de ter passado pelos bancos escolas, na sua maioria não atingiu conhecimentos mínimos para inserção em uma sociedade moderna e tecnológica. "Os CVT são unidades de ensino com cursos formais e não formais que, mediante a instalação de laboratórios bem equipados, funcionam como locus irradiadores de conhecimentos tangíveis e familiarizados com a realidade sócio-econômica e vocação de cada região", define.

Os CVT surgiram em 1999 no Ceará, hoje com 40 unidades em torno do Instituto Centec, organização social com mais três faculdades tecnológicas. Outros estados com CVT são Alagoas, Minais Gerais, Goiás, Piauí e Rio Grande do Sul, cita o deputado, ao informar que a proliferação da iniciativa teve grande apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia, que liberou mais de R$ 50 milhões para CVT em 2005 para mais de 40 projetos.

"O projeto indica que a distribuição dos recursos será feita de maneira compensatória. Os recursos serão alocados de acordo com o índice oficial de analfabetismo e analfabetismo funcional de cada estado, vedada a transferência entre elas. Dessa forma, espera-se que os recursos destinados a cada região fiquem ali empregados e assim, as unidades que detêm maior facilidade para a obtenção de recursos não sejam favorecidas, distorcendo a proporcionalidade das liberações orçamentárias, como ocorre atualmente na aplicação nos fundos setoriais de ciência e tecnologia", afirma Holanda.

"Precisamos reverter o perverso quadro onde só os mais ricos têm acesso ao ensino de qualidade e, por conseqüência, abocanham as melhores chances de emprego, restando à população de baixa renda se contentar com ensino básico ou fundamental e que não lhe oferece conhecimentos concretos para a solução de seus problemas mais imediatos. Dessa forma, entendemos que a grande massa de excluídos deste País terá oportunidades efetivas para adquirir conhecimentos, produzir, gerar renda e se integrar à nossa sociedade", conclui Holanda. (Flamínio Araripe)

Fonte: Jornal da Ciência

Programa que democratiza acesso ao ensino técnico está pronto para vigorar


O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse ontem (13), em São Paulo que uma das marcas de governo será o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico (Pronatec), conjunto de ações para democratizar o acesso à escola técnica. Ele afirmou que o programa terá várias possibilidades de oferta, com ênfase no ensino técnico público, mas também na formação profissional para o trabalhador e beneficiários de programas de transferência de renda.

"Envolverá várias instituições públicas, bolsas e financiamento, as mesmas soluções clássicas dada ao ensino superior, com são o ProUni [Programa Universidade para Todos], Reuni [expansão das universidades federais], Fies [financiamento ao estudante], Universidade Aberta", explicou ele. O ministro disse que o programa deve sair depois que a presidenta Dilma Rousseff voltar da China. "Já esta em análise econômica. Assim que ela tomar a decisão, já está pronto para anúncio."

O ministro também esclareceu sobre a diferença dos projetos da Lei de Responsabilidade Educacional e do Plano Nacional de Educação (PNE). "A Lei de Responsabilidade Educacional não tem prazo determinado. O PNE tem. Como colocar uma dentro da outra? Do ponto de vista de técnica legislativa é um equívoco; por outro lado, não tem como misturar duas temporalidades no mesmo projeto. Encaminhamos no mesmo dia, mas são dois projetos separados."

Sobre o percentual do Produto Interno Bruto (PIB) a ser aplicado na educação, Haddad disse que o que importa é atrelar investimentos a metas. "Antes, havia metas, mas não havia meios, este foi o grande nó da legislação anterior. O plano atual tem um equilíbrio entre as metas e os recursos para cumpri-las", afirmou o ministro.

Haddad lembrou que a presidenta Dilma se comprometeu antes das eleições com o percentual de 7%, previsto no PNE, cujo projeto está em discussão no Congresso.

Fonte: Ascom do MEC

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Investimentos em energia limpa cresceram 30% no mundo em 2010


Agência aponta necessidade de políticas mais agressivas.

Dois relatórios recém-lançados mostram que a energia limpa ganhou mais espaço no mundo na última década, com destaque para as modalidades solar e eólica, mas o esforço para reduzir a predominância dos combustíveis fósseis precisará de políticas mais "agressivas", que incluem a redução dos subsídios aos derivados de petróleo e o aumento aos incentivos governamentais para a produção de formas de energia menos poluentes. A fundação norte-americana Pew Charitable Trusts, que apresentou no dia 29 de março a edição 2010 do relatório "Who's Winning the Clean Energy Race?" (Quem está vencendo a corrida da energia limpa?), revela que houve um crescimento mundial dos investimentos do setor de energia limpa de 30% entre 2009 e 2010, atingindo a marca de US$ 243 bilhões.

Total aplicado no setor chegou a US$ 243 bi ano passado. O documento "Clean Energy Progress Report" (Relatório sobre o progresso da energia limpa), divulgado em 6 de abril pela Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), destaca a importância conquistada na última década por algumas tecnologias de energia renovável, ao ponto de se tornarem mais competitivas que algumas das tecnologias convencionais. Entretanto, a IEA pondera que os custos da maioria das inovações tecnológicas ainda superam aqueles relacionados aos combustíveis fósseis, que receberam US$ 312 bilhões em subsídios em 2009, contra apenas US$ 57 bilhões para energias renováveis.

Para a Agência, uma "revolução da energia limpa" pode ser alcançada com uma ampla política de estímulo. "Ao longo das últimas duas décadas, vários países conseguiram promover alterações dramáticas em seus mercados energéticos. A chave para o sucesso tem sido a criação de uma abordagem estratégica e compreensiva que informe o público sobre segurança energética, crescimento econômico e benefícios ambientais dos investimentos em energia limpa", informa o texto.

Vice-liderança brasileira entre os emergentes - O Brasil tem conquistado destaque nesse cenário, registrando US$ 7,6 bilhões em investimentos em energia limpa em 2010. Com isso, o País ficou na sexta posição entre os países do G-20 e em segundo lugar entre os emergentes, atrás apenas da China, de acordo com o relatório da Pew Charitable Trusts. Dos recursos destinados para a energia limpa no Brasil, 40% foram para os biocombustíveis, 31% para energia eólica e 28% para outras fontes renováveis.

Combustíveis fósseis receberam US$ 312 bi em subsídios em 2009, contra US$ 57 bi para renováveis O estudo mostra que o País também está na sexta colocação entre os membros do G-20 que tiveram maior crescimento nos investimentos nos últimos cinco anos, com 81%. No entanto, os aportes no Brasil sofreram uma redução de 1,3% entre 2010 e o ano anterior, quando somaram US$ 7,7 bilhões; em 2009, o País ocupava a sétima posição no ranking. O indicador que mede a intensidade de investimentos, relacionando o total aportado com o Produto Interno Bruto (PIB), coloca o Brasil na sétima colocação, com uma proporção de 0,35%. Na Alemanha, o país que mais investe em energia limpa em relação ao PIB, essa proporção foi de 1,4% no ano passado.

Entre os países com maior capacidade instalada de energia limpa, o Brasil, no entanto, figura apenas na nona colocação, somando 13,84 GW, atrás de países como China (1º lugar, com 103,36 GW), Estados Unidos (2º lugar, 57,99 GW) e Alemanha (3º lugar, 48,86 GW). No período de 2005 a 2010, o Brasil foi o oitavo país que mais cresceu em capacidade instalada, com alta de 42%, de acordo com o documento "Who's Winning the Clean Energy Race?".

Nova indústria mundial - Para a Pew Trusts, o setor de energia limpa deixou de se restringir a aplicações em nichos específicos para se transformar em uma indústria mundial na primeira década do século 21, chegando a adicionar anualmente mais de 60 GW na produção global de energia. "O rápido crescimento e o tamanho considerável dessa ainda jovem indústria captaram igualmente a atenção dos investidores, inventores e tomadores de decisão", destaca o relatório. Os 20 países mais ricos do mundo concentraram 90% dos recursos aportados nesse setor no ano passado.

Brasil é o último em percentual de recursos aplicados em energia limpa: gastou 7% dos US$ 2,5 bilhões anunciados pelo governo desde 2009 Com o aumento do interesse sobre as fontes de energia limpas, aumentaram também as iniciativas governamentais de criação de estímulos ao setor, originando novas fontes de financiamento. Além disso, os países têm criado políticas para aumentar a produção e conquistar vantagens competitivas em determinados setores. "Especialmente, está claro que o centro de gravidade para os investimentos em energia limpa está mudando do Ocidente (Europa e Estados Unidos) para o Oriente (China, Índia e outras nações asiáticas)."

Dados levantados pela Pew Trusts mostram que a pesquisa e o desenvolvimento no setor de energia limpa, financiados com recursos públicos e privados, cresceu 24% no mundo em 2010, atingindo o patamar de US$ 35 bilhões. Considerando apenas os países do G-20, houve um crescimento de 27% no financiamento para a área a partir do capital de risco, incluindo venture capital e private equity, no total de US$ 8,1 bilhões.
Liderança europeia nos aportes

Na lista das regiões que mais recebem investimentos nesse setor, a primeira posição é ocupada pela Europa (US$ 94,4 bilhões), seguida pela Ásia (US$ 82,8 bilhões). O continente americano aparece em terceiro lugar, com aumento de 35% no período, para US$ 65,8 bilhões. No ranking dos países, os Estados Unidos continuam sendo o principal destino dos aportes na América, com US$ 34 bilhões em 2010, mas, apesar de os investimentos norte-americanos terem crescido 51% em relação a 2009, o país perdeu a segunda posição no G-20 para a Alemanha (US$ 41,2 bilhões), que teve 100% de crescimento, e ainda está atrás da China (US$ 54,4 bilhões), que cresceu 39%.

Entre as principais fontes de energia limpa, a solar se destacou no G-20 com crescimento dos investimentos do setor privado de 53%, alcançando a marca recorde de US$ 79 bilhões, estimulada principalmente por projetos de pequena escala e residenciais. Apesar da elevação mais modesta de 34% no G-20, a energia eólica continua sendo a que mais recursos recebe entre as fontes limpas, com US$ 95 bilhões - o que representa 48% do total de investimentos.

Recuo dos biocombustíveis - Em âmbito mundial, os biocombustíveis tiveram uma queda em relação a 2009, totalizando investimentos de apenas US$ 4,7 bilhões em 2010 - o nível menor desde 2005. Segundo o relatório da Pew Trusts, isso "reflete o fato de que a capacidade de produção de biocombustíveis de primeira geração excedeu a demanda em uma série de mercados importantes e que a segunda geração de combustíveis não está suficientemente avançada para distribuição comercial em larga escala".

O relatório da IEA indica, no entanto, que o consumo de biocombustíveis continua crescente no mundo, com destaque para os Estados Unidos e o Brasil, mas ele representa apenas 2,7% do consumo global nos transportes rodoviários. A Agência prevê que seria necessário um crescimento sustentável da produção mundial de dez vezes para se alcançar as metas ambientais sobre mudanças climáticas até 2050, quando se espera que os biocombustíveis respondam por 27% dos transportes rodoviários. Entre 2000 e 2010, a produção mundial de biocombustíveis passou de 16 bilhões de litros para mais de 100 bilhões de litros. "Será particularmente importante que os biocombustíveis avançados alcancem a escala comercial nos próximos dez anos, com um aumento de 30 vezes na capacidade até 2030", conclui a IEA.

Consolidação chinesa - Chamada no relatório de superpotência global de energia limpa, a China mostra números surpreendentes nos últimos anos. Se em 2005 ela recebeu menos de US$ 3 bilhões em investimentos privados, em 2009 - ano em que tomou a dianteira em escala mundial - foram US$ 39,1 bilhões. Em 2010, os investimentos computados na China foram iguais aos aportes feitos em 2004 em todo o mundo, compara a Pew Charitable Trusts. "Com metas agressivas em energia limpa e clara ambição de dominar a fabricação e geração em energia limpa, a China está rapidamente avançando para a dianteira em relação ao resto do mundo", explica o relatório.

Em 2010, o país foi responsável pela produção de quase 50% dos módulos solares e turbinas eólicas. No entanto, a China tem uma capacidade instalada de energia solar de apenas 1 GW, o que demonstra que sua produção de painéis e módulos tem visado o mercado externo. Em contrapartida, a energia eólica tem crescido muito dentro do país; com uma meta de atingir 150 GW instalados até 2020, a China instalou, apenas em 2010, 17 GW, ao valor de US$ 45 bilhões, o que representou 47% do aporte global em energia eólica.

Programas de estímulo - Levantamento da Pew Trusts, com base em informações da Bloomberg New Energy Finance, mostra que 12 membros do G-20 adotaram programas para estimular o estratégico setor da energia limpa e para combater os efeitos da crise financeira mundial de 2008/2009. Esses programas de energia limpa totalizaram US$ 194,3 bilhões nos anos de 2009 e 2010, de acordo com o documento. Desse total, 49% ou US$ 94,8 bilhões já foram gastos até o final de 2010. Desde o começo de 2009, a maior parte desses fundos foi empregada nas seguintes áreas: 37% para programas de eficiência energética, 21% para projetos de energia renováveis, 19% para pesquisa e desenvolvimento, e 17% para iniciativas de redes elétricas inteligentes (smart grid).

Diferentemente de países como a França - que já aplicou 100% dos recursos programados - e do Japão - que já gastou mais de 85% -, o Brasil apenas gastou 7% dos US$ 2,5 bilhões anunciados pelo governo desde 2009. O País é o último da lista de percentual de recursos aplicados em energia limpa, perdendo apenas para o Canadá, que também só investiu 17% dos US$ 800 milhões divulgados. (Guilherme Gorgulho)

Fonte: Inovação Tecnológica

Entrevista com o físico Olival Freire Jr


Ele foi recentemente nomeado para coordenar a 
Secretaria do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia.

Freire fala sobre o importante cargo que assume no governo, da construção de usinas nucleares no Brasil, cultura e desenvolvimento científico e tecnológico para combate à desigualdade social.

Ciencult - O que o levou a estudar física e como foi seu primeiro contato com ela?

Freire Jr. - É uma boa pergunta. No meu segundo grau sempre gostei de matemática. Era bom aluno em matemática e me abria propensão para engenharia, que na época era uma das carreiras mais valorizadas. Então fiz o vestibular para engenharia elétrica na Ufba e cursei um ano e meio nessa área e só depois que mudei para a física. No início, a física não me atraia, o que me levou a ela foram dois fatores circunstanciais: primeiro, minha atração pelas ciências exatas e o outro, ligado a um professor que ainda atua aqui na Ufba: Benedito Pepe. Ele dava um curso, hoje padrão pela Federal, de quatro semestres, mas na época ocupava só dois semestres. E apesar disso, ele dava o curso de física geral, claro que de maneira não muito aprofundada, mas conseguia cobrir toda a parte da física clássica, dedicando mais atenção à parte da física moderna, atômica; noções de mecânica quântica, relatividade, eu ficava encantado com as aulas do Pepe. Ele dava aula a uns quatro ou cinco contados, porque, evidentemente o resto da turma ia embora, alguns da física, outros da engenharia. Fiquei encantado com essa visão, a da física, dos fenômenos físicos, mesmo com a parte da física clássica, eletricidade, magnetismo, o Pepe apresentava de maneira cativante.

Ciencult - Em sua opinião, quais são os grandes nomes da ciência baiana e por que não são conhecidos pelo grande público?

Freire Jr. - É uma boa questão, porque temos pesquisadores aqui na Bahia de certa projeção. Na escola de medicina, que foi liderada pelo professor Zilton Andrade. Essa escola formou os seus descendentes, Manoel e Aldina Barral, são pesquisadores de larga projeção. Na área de saúde coletiva, nós temos aqui o pesquisador Mauricio Barreiro. Aqui no Instituto de Física, o professor Antônio Ferreira, que trabalha com nanotecnologia, uma pessoa de vastíssimo conhecimento. Em geral, o público não conhece os cientistas do Brasil, mas eu acho que aqui na Bahia temos uma agravante, uma tradição cultural no estado que valoriza pouco a ciência.

Ciencult - Essa desvalorização pode ser atribuída à tradição que a Bahia tem nas artes?

Freire Jr. - Exatamente. Às artes e à literatura. Lembro que há dez, doze anos... Vou te contar uma pequena história? Estávamos preparando um trabalho sobre as indicações que o Carlos chagas havia recebido para o Nobel, ele havia recebido duas indicações ao premio. E a outra pesquisadora da Fiocruz, a Marilia, que estava comigo, descobriu que uma das indicações que Chagas recebeu partiu do medico baiano Pirajá da Silva. Ela me sugeriu que investigasse a vida desse pesquisador baiano, quando comecei fiquei absolutamente encantado com a história dele. Pirajá foi o homem que desvendou uma dessas doenças tropicais, se não me engano a esquistossomose, foi professor da Faculdade de Medicina da Bahia, teve uma trajetória excepcional. Ele descobre essa doença, a divulga, viaja até a Inglaterra, e passa a ser conhecido como um dos descobridores dessa morbidade, e é nessa condição que ele recebe aqui na Bahia uma carta do comitê do Nobel, pedindo que indicasse um nome ao premio e aí ele recomenda Carlos Chagas. Preparada essa documentação, nosso artigo saiu publicado nas memórias da Fundação Oswaldo Cruz e aí, porque estou te contando toda essa história, vou te mostrar duas evidências dessa cultura. Uma vez contei toda essa historia para um reitor da Ufba, médico de formação, procurando sensibilizá-lo para o fato de que a Bahia precisava homenagear, dar mais destaque, não é que não tenha homenagem nenhuma, mas o reitor rapaz, que eu não vou dizer o nome, fez com que a informação entrasse por um ouvido e saísse pelo outro, mudou de assunto. Já com um veículo impresso, daqui da cidade, respeitado, que até dedica certo espaço à divulgação cientifica, aconteceu o seguinte: peguei um artigo sobre Pirajá da Silva, sobre o centenário do aniversario dele e mandei para lá e a resposta que obtive foi que o assunto não tinha o interesse popular. Certamente se fosse um artigo sobre um literato, ou coisa desse tipo, nos homenagearíamos mais esse personagem. Então, a minha impressão é essa: fazer ciência na Bahia é remar contra a maré. E essa cultura, em minha opinião, esta arraigada nas elites baianas. As elites baianas, tanto de esquerda, quanto de direita acham que a Bahia não é terra de ciência.

Ciencult - O senhor acredita que a imagem passada de uma Bahia de descanso e preguiça com o intuito de propagar uma imagem que reforce o turismo pode ajudar a oprimir o desenvolvimento da ciência no estado?

Freire Jr. - Não há conflito nisso. Certamente o turismo é uma atividade importante no estado, agora, acho que uma parte significativa do turismo que vem à Bahia, não tenho números pra lhe mostrar, não é só por causa do carnaval, das praias, aliás, a rigor, se alguém quer procurar boas praias no nordeste não venha aqui para Bahia, as praias de Alagoas são melhores. Muita gente que vem à Bahia vem pela historia dela. Agora, nessa historia da Bahia, mais de 500 anos moldados aqui, ciência é parte dessa historia. E quando apresentamos a Bahia apagamos essa parte. 

Ciencult - Como historiador de ciência, como o senhor vê esse esquecimento dado pela população, mídia, e até através do ensino básico de ciência nas escolas?

Freire Jr. - Posso falar um pouco sobre isso. Acho que estamos num fenômeno cultural que ainda não é completamente entendido por nós. O Brasil se orgulha pouco da sua historia. O Lula falou uma frase, dizendo que o Brasil está perdendo um pouco do complexo de vira lata, eu acho que essa frase, do hoje ex-presidente, condensou um problema que é complicado na historia do Brasil. Nós tivemos uma república que gerou uma idéia de a gente não se orgulhar do período imperial. Nessa época, a gente não se orgulha do período em que o Brasil era colônia.

Ciencult - Mas sabemos que a República Velha, por exemplo, foi uma extensão do período imperial. Boa parte das peças do governo republicano era oriunda das oligarquias constituídas durante o império.

Freire Jr. - Pois é. Mas chegamos aonde chegamos fruto dessa historia. Nenhum outro país faz cortes tão bruscos como a gente faz. Então eu acho uma grande dificuldade de valorizar a nossa historia e por tabela os componentes da historia da ciência fazem parte dessa historia.

Ciencult - O senhor acha que colocamos todos numa "bacia" só? 

Freire Jr. - Exatamente. Estávamos falando de Carlos chagas, ele é um homem da primeira república e se você acha que a primeira republica foi uma porcaria você generaliza e coloca tudo no bolo.

Ciencult - Este ano o senhor recebeu o convite do Ministério da Ciência e Tecnologia para coordenar a Secretaria do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia. Como se deu o convite.

Freire Jr. - Vários fatores influenciaram, um deles é o fato de conhecer o ministro Mercadante há bastante tempo. Tive militância política e sindical junto com ele na ampliação das entidades sindicais docentes no inicio dos anos de 1980. Depois estivemos juntos na primeira campanha do Lula em São Paulo na eleição de 1990, mas há bem 20 anos que não tinha contato com ele. Acho que para a escolha tenha pesado também recomendações político - partidárias e também, o fato de anteriormente, o ministério ser centrado no nordeste e agora se diz que o MCT virou um "paulistério", por ter muitos paulistas. Então ele entendeu que precisava ter um contrabalanço. Acho que também influenciou a minha trajetória acadêmica pelo fato de parte da minha pesquisa envolver parte da historia da ciência no Brasil. Não sei dizer se houve um fator decisivo, mas deve ter sido um mix de tudo isso.

Ciencult - Para que serve esse Conselho e qual foi a sua reação?

Freire Jr. - É um conselho grande, são quase 50 membros e serve para assessorar o Estado brasileiro na formulação da política de ciência e tecnologia e o acompanhamento da execução dessa política. E o meu trabalho em Brasília, aceitei de bom grado. Estou orgulhoso pela natureza do convite, mas também porque tenho uma confiança muito grande na capacidade do ex-senador e hoje ministro Aloísio Mercadante como político e liderança política.

Ciencult - Como é visto pelo senhor a nomeação de um político de carreira, como é o caso do atual ministro para assumir uma pasta tida como tão técnica e quais os desafios que deve enfrentar Mercadante?

Freire Jr. - Quando ele foi indicado, algumas vozes expressaram descontentamento, por estar saindo um cientista e entrando um político. E desde o começo eu tive uma atitude completamente diferente. A minha percepção é que se você tem uma boa liderança política à frente de um ministério técnico, a liderança vai saber se cercar de assessores que compreendam o aspecto técnico.

Ciencult - Então pela sua fala o momento é positivo para o ministério.

Freire Jr. - Em muito pouco tempo, há quatro semanas que estou trabalhando, estou muito animado. É um período de certas dificuldades porque o cenário econômico traz a necessidade de reajustes e cortes orçamentários então não é uma fase de total expansão da economia. Percebo que não é só a vontade do ministro, mas também do governo de ajustar a política estratégica deles para a manutenção de uma rota de crescimento e desenvolvimento econômico e com a compreensão que ciência, tecnologia e educação são essenciais para que o Brasil efetivamente enfrente esse desafio do desenvolvimento econômico. 

Ciencult - O senhor acha que para cada país existe um limite de crescimento considerando as características de cada um? Fala-se em crescimento sem levar em conta o efeito colateral disso. No caso do Brasil, considerado o "celeiro do mundo", talvez nunca possamos ser como os Estados Unidos, por exemplo, que é uma grande potência tecnológica, sem sofrer da escassez de recursos naturais?

Freire Jr. - Tento ser menos pessimista. Acho que as questões estão mais generalizadas do que podemos suspeitar. No caso específico do Brasil, pais em desenvolvimento, a grande dificuldade é essa: vamos frear o desenvolvimento à custa do bem estar da sociedade brasileira? Enquanto países já desenvolvidos mantêm um padrão de conforto bem maior do que o nosso à custa de um consumo maior de energia e um maior desgaste do meio ambiente? Então essa é uma escolha que não é trivial. Certamente, o país que está mais próximo desse dilema é a China. Eu acho que nessa conjuntura o Brasil está muito bem posicionado pelo fato de ter uma matriz energética que é menos danosa ao meio ambiente, é bem visto no cenário internacional, com a produção de energia por meio da biomassa e dispõe de um potencial hidroelétrico muito grande, então posso dizer que estamos numa posição relativamente privilegiada. O que temos que nos preocupar é como manter o desenvolvimento para combater as desigualdades sociais com sustentabilidade.

Ciencult - Recentemente foi matéria de capa da revista Veja a descoberta de cálculos até então secretos que levavam à construção de uma ogiva nuclear americana, a W-87. O descobridor foi o físico brasileiro Dalton Barroso, do Instituto Militar de Engenharia (IME). Ele publicou um livro com os cálculos o que motivou a vinda da Agência Internacional de Energia Atômica ao Brasil. A matéria insinuava a possibilidade de o Brasil ter capacidade técnica e intelectual de produzir o artefato, o senhor já soube de algo do tipo?

Freire Jr. - Infelizmente não li esse livro e não posso comentar o mesmo. Mas o que posso lhe dizer é situar um pouco o que nós temos certeza e o que é um terreno propício à especulação. O primeiro elemento que temos certeza é que, desde o período posterior ao regime militar, na época do governo Sarney, o Brasil e a Argentina, a comunidade cientifica brasileira, a Sociedade Brasileira de Física e a Sociedade de Física da Argentina tomaram iniciativas que levaram a uma atitude de extensão das suspeitas entre os dois países. Que um ou outro pudesse estar se preparando para a construção de uma bomba. As armas se forem usadas, são contra os vizinhos. Diz-se que a Índia se preparou com a bomba atômica com medo de que a China a atacasse. O Paquistão chegou à bomba atômica com medo que a Índia a atacasse. No Oriente Médio, Israel tem cerca de 100 ogivas nucleares, se tiver de lançar uma onde serão lançadas essas ogivas? Então quero dizer com isso é que America Latina é hoje uma região privilegiada, que não tem conflito que possa levar ao uso de armar atômicas e ainda existe um acordo entre diversos países deste continente que permite a inspeção mútua, de modo que Brasil e Argentina sabem o que cada um faz na área nuclear. Essa foi uma vitória dos governos Sarney e Alfonsín e das sociedades de física brasileira e Argentina a partir de 1985.

Ciencult - Mesmo com toda essa transparência ainda sofremos restrições ao nosso programa nuclear.

Freire Jr. - Apesar de estar autoevidente que o Brasil não tem nenhuma intenção de construir armamentos militares e ter uma situação geopolítica favorável continuamos sofrer restrições. Então o primeiro problema que queria chamar a atenção, é que parte das restrições aos armamentos atômicos deriva do fato que essa é uma tecnologia especial e que um pequeno clube de países detentores dessa tecnologia não querem cedê-la em hipótese alguma para nenhum outro país.

Ciencult - Apesar das atrocidades cometidas pela ditadura militar há quem diga que o período foi de grande desenvolvimento científico e tecnológico, isso é verdade?

Freire Jr. - No período do regime militar, como boa parte da nossa historia, ainda não está escrita, o acesso aos arquivos é difícil, muita documentação desapareceu, é um período que se presta a especulações. Entretanto, é importante dizer o que ganhamos com o desenvolvimento da ciência e que, nesse período, os militares apostaram no desenvolvimento da área nuclear. E o grande avanço que tivemos na área nuclear é o domínio do enriquecimento de urânio. Essa técnica foi dominada pela Marinha, num laboratório localizado em Aramar, região de Sorocaba em São Paulo. O líder científico e administrativo disso é o físico militar Oton Silva, em colaboração com entidades civis. O fato é que os militares tiveram papel importante no desenvolvimento da tecnologia nuclear.

Ciencult - Como é o processo de enriquecimento do urânio?

Freire Jr. - Há uma parte dessa tecnologia que é a de enriquecer o urânio. O urânio retirado da natureza não serve nem para ser colocado dentro de um reator nem mesmo numa bomba atômica. Enriquecer é um processo físico no qual você aumenta a presença de um determinado isótopo do urânio em detrimento do outro. O processo é muito delicado tecnologicamente e não pode ser por um processo de reação química usual e esse é um gargalo tecnológico. Esse gargalo o Brasil venceu e venceu graças ao projeto da Marinha. Algumas pessoas dizem que a marinha e o exercito brasileiro fizeram isso porque queriam chegar à bomba. O projeto de Othon Silva estava embutido em outro no qual a cúpula militar ou alguns setores militares queriam desenvolver o projeto ate chegar a uma bomba? Eu não digo que não, mas também não digo que sim, porque a partir do urânio enriquecido se pode tomar outra finalidade, a de gerar energia ou fins militares.

Ciencult - Estamos acompanhando os desastres causados pelo tsunami no Japão e as explosões nos reatores do Complexo Nuclear de Fukushima, ao norte de Tóquio. O acidente já está sendo comparado com Chernobil por estar no nível 6 numa escala de 7, que foi a classificada na Ucrânia. O governo pretende criar quatro usinas no país até 2030, uma delas está em disputa entre Pernambuco e Bahia. Há mesmo a necessidade dessas usinas no país, uma vez que dispomos de alternativas energéticas de menor risco?

Freire Jr. - Não sou um expert na área, mas pelo que estamos acompanhando pela imprensa e o que sabemos de Chernobil, está longe de ser parecido. O que deve acontecer agora é uma revisão em todos os padrões de segurança, como ocorre após acidentes aéreos. A aviação civil aprende com cada acidente, da mesma forma será com as usinas. Certamente teremos um debate e a revisão de todas as normas de segurança. O Japão não vai abrir mão da energia nuclear, já que 25 por cento de sua energia é oriunda das usinas. No Brasil existem especialistas que acham que não devemos utilizar a energia nuclear, o nosso percentual de uso da energia produzida nas usinas é pequeno, mas necessário para manter um percentual que, na minha opinião, deve se manter entre três e cinco por cento, o que é necessário para termos uma diversidade energética para o futuro. Além disso, a energia nuclear deve ser dominada em todas as suas facetas. A primeira é que o país se tornaria um grande enriquecedor de urânio e com isso pode entrar no mercado internacional para também enriquecer o urânio de outros países. Esse nicho de mercado é extremamente importante. Outro segmento é a medicina e agricultura. O Brasil hoje já não tem auto-suficiência em radiofármaco, equipamentos que utilizam a energia nuclear para tratamento e diagnostico de câncer. O investimento diminuiria a compra desses equipamentos do exterior.

Ciencult - Também é papel da Secretaria que o senhor faz parte apresentar projetos desse tipo ao governo para o setor energético?

Freire Jr. - Enquanto política para ciência e tecnologia sim. O Conselho debate o conjunto da política e não de financiar, que é o papel do Estado brasileiro por meio dos seus ministérios competentes. Opinamos e fiscalizamos a execução dessas políticas publicas. Aproveitando, já estamos com um projeto da construção de um reator multipropósito para a produção, por exemplo, de radiofármacos e não só de energia.

Ciencult - No caso da vinda de uma das usinas para a Bahia, o estado dispõe de mão de obra qualificada para o seu funcionamento?

Freire Jr. - Esse é um aspecto estratégico muito importante. Se o Brasil quer aumentar o numero de usinas nós teremos que formar muito mais técnicos numa escala muito maior do que temos hoje. Mas esse desafio de formar mais gente não é só da área nuclear, temos o pré -sal. Você acha que iremos poder explorar o pré-sal com o número de técnicos que dispomos atualmente no Brasil?

Ciencult - Gostaríamos de agradecer a entrevista e a disponibilidade dada pelo professor.

Freire Jr. - Eu que agradeço. Ficam meus parabéns a você e a Agência que estão fundando para promover a divulgação cientifica que eu acho extremamente importante. Quem sabe a Agência não contribua para quebrar essa tradição na Bahia de que ciência não é parte da cultura baiana? E aproveito para fazer uma ultima propaganda que pode nos ajudar nisso, está sendo criada a Academia de Ciência da Bahia, presidida pelo professor, ex - governador e ex-presidente do CNPq, Roberto Santos.

Atualmente Freire Jr. é Professor Associado II da Ufba e Pesquisador 1-C do CNPq na área de História da Ciência. Realizou estágios de pós-doutoramento na Université Paris 7 e na Harvard University e Estágio Senior no MIT. Em 2004 foi contemplado com uma Senior Fellowship do Dibner Institute for the History of Science and Technology, MIT, EUA. É ainda presidente da Sociedade Brasileira de História da Ciência - SBHC e 1º Vice-Presidente da Comissão para História da Física Moderna da União Internacional de História e Filosofia da Ciência. (Wagner Ferreira)

Fonte: Agência Ciência e Cultura

Superplásticos naturais


De resíduos agroindustriais saem fibras que poderão dar origem 
a uma nova geração de superplásticos. 

Mais leves, resistentes e ecologicamente corretos do que os polímeros convencionais utilizados industrialmente, as alternativas vêm sendo pesquisadas pelo grupo coordenado pelo professor Alcides Lopes Leão na Faculdade de Ciências Agronômicas da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), em Botucatu.

Obtidas de resíduos de cultivares como o curauá (Ananas erectifolius) - planta amazônica da mesma família do abacaxi -, além da banana, casca de coco, sisal, o próprio abacaxi, madeira e resíduos da fabricação de celulose, as fibras naturais começaram a ser estudadas em escalas de centímetros e milímetros pelo professor Lopes Leão e colegas no início da década de 1990.

Ao testá-las nos últimos dois anos em escala nanométrica (da bilionésima parte do metro), os pesquisadores descobriram que as fibras apresentam resistência similar às fibras de carbono e de vidro. E, por isso, podem substituí-las como matérias-primas para a fabricação de plásticos. O resultado são materiais mais fortes e duráveis e com a vantagem de, diferentemente dos plásticos convencionais originados do petróleo e de gás natural, serem totalmente renováveis.

"As propriedades mecânicas dessas fibras em escala nanométrica aumentam enormemente. A peça feita com esse tipo de material se torna 30 vezes mais leve e entre três e quatro vezes mais resistente", disse Lopes Leão à Agência Fapesp.

Em testes realizados pelo grupo por meio de um acordo de pesquisa com a Braskem, em que foram adicionados 0,2% de nanofibra ao polipropileno fabricado pela empresa, o material apresentou aumento de resistência de mais de 50%.

Já em ensaios realizados com plástico injetável utilizado na fabricação de para-choques, painéis internos e laterais e protetor de cárter de automóveis, em que foi adicionado entre 0,2% e 1,2% de nanofibras, as peças apresentaram maior resistência e leveza do que as encontradas no mercado atualmente, segundo o cientista.

"Em todas as peças utilizadas pela indústria automobilística à base de polipropileno injetado nós substituímos a fibra de vidro pela nanocelulose e obtivemos melhora das propriedades", afirmou.

Além do aumento na segurança, os plásticos feitos de nanofibras possibilitam reduzir o peso do veículo e aumentar a economia de combustível. Também apresentam maior resistência a danos causados pelo calor e por derramamento de líquidos, como a gasolina.

"Por enquanto, estamos focando a aplicação das nanofibras na substituição dos plásticos automotivos. Mas, no futuro, poderemos substituir peças que hoje são feitas de aço ou alumínio por esses materiais", disse Lopes Leão.

Por meio de um projeto apoiado por meio do Programa de Apoio à Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (Pite) da Fapesp, a fibra de curauá passou a ser utilizada no teto, na parte interna das portas e na tampa de compartimento da bagagem dos automóveis Fox e Polo, fabricados pela Volkswagen.

Outras indústrias automobilísticas já manifestaram interesse pela tecnologia, segundo Lopes Leão. Entre elas está uma empresa indiana, cujo nome não foi revelado, que tomou conhecimento da pesquisa após ela ser apresentada no 241º Encontro e Exposição Nacional da Sociedade Norte-Americana de Química (ACS, na sigla em inglês), que ocorreu no final de março em Anaheim, nos Estados Unidos.

Fibras mais promissoras - Segundo o coordenador da pesquisa, além da indústria automobilística as nanofibras podem ser aplicadas em outros setores, como o de materiais médicos e odontológicos.

Em um projeto realizado em parceria com a Faculdade de Odontologia da Unesp de Araraquara, os pesquisadores pretendem substituir o titânio utilizado na fabricação de pinos metálicos para implantes dentários pelas nanofibras.

Em outro projeto desenvolvido com a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp de Botucatu, o grupo utiliza as nanofibras para desenvolver membranas de celulose bacteriana vegetal.

Em testes de biocompatibilidade in vivo, realizados com ratos, os animais sobreviveram por seis meses com o material. "Nenhuma pesquisa do tipo tinha conseguido atingir, até então, esse resultado", afirmou Lopes Leão.

Por meio de outros projetos financiados pela Fapesp, o grupo da Unesp também está estudando a utilização de fibras naturais para o desenvolvimento de compósitos reforçados e para o tratamento de águas poluídas por óleo.

De acordo com o coordenador, entre as fibras de plantas, as do abacaxi são as que apresentam maior resistência e vocação para serem utilizadas na fabricação de bioplásticos.

Dos materiais, o mais promissor é o lodo da celulose de papel, um resíduo do processo de fabricação que as indústrias costumam descartar em enormes quantidades e com grandes custos financeiros e ambientais em aterros sanitários.

Para utilizar esse resíduo como fonte de nanofibras, Lopes Leão pretende iniciar um projeto de pesquisa com a fabricante de papel Fibria em que o lodo da celulose produzido pela empresa seria transformado em um produto comercial. "É muito mais simples extrair as nanofibras desse material do que da madeira, porque ele já está limpo e tratado pelas fábricas de papel", disse.

Para preparar as nanofibras, os cientistas desenvolveram um método em que colocam as folhas e caules de abacaxi ou das demais plantas em um equipamento parecido com uma panela de pressão.

O "molho" resultado dessa mistura é formado por um conjunto de compostos químicos e o cozimento é feito em vários ciclos, até produzir um material fino, parecido com o talco. Um quilograma do material pode produzir 100 quilogramas de plásticos leves e super-reforçados. (Elton Assilon)


Fonte: Agência Fapesp

China deve investir US$ 12 bilhões em TI no Brasil


O investimento, em seis anos, será para a produção de telas usadas em 
equipamentos como celulares de terceira geração e iPads.

A presidente Dilma Rousseff, que está em viagem à China, anunciou um projeto de investimento da Foxconn no Brasil, no valor de US$ 12 bilhões (cerca de R$ 18,9 bilhões), na área de tecnologia da informação. O investimento, em seis anos, será para a produção de telas usadas em equipamentos como celulares de terceira geração e iPads. A Foxconn é o maior fornecedor de produtos da Apple na China.

Se o investimento for concretizado, a fábrica será a primeira do tipo no Hemisfério Ocidental. Dando mais detalhes sobre o projeto, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloízio Mercadante, disse que o investimento deverá gerar 100 mil empregos, entre eles, para 20 mil engenheiros. Além disso, a Foxconn, que ainda não escolheu local para o investimento no Brasil, pretende construir uma "cidade do futuro" para 400 mil pessoas, onde será instalada a fábrica.

"Precisa de fibra ótica, infraestrutura, banda larga. É algo extremamente sofisticado", disse Mercadante, listando parte do que o governo ainda precisará fazer. O governo destacou agora uma comissão que vai se dedicar a negociar os detalhes com a gigante de alta tecnologia, informou.

Mercadante destacou ainda que o acordo para o investimento inclui pontos fundamentais para o governo, como transferência de tecnologia e sócio brasileiro (o que ainda não foi definido). Este sócio entraria com parte dos recursos, mas, segundo o ministro, a Foxconn está disposta a investir "pesado".

O volume de investimento prometido pela Foxconn, que seria distribuído ao longo de um período, equivale a quase o total de investimentos da China no Brasil em todo o ano de 2010, quando o país, segundo levantamento da entidade americana Heritage Foundation, que acompanha o destino final dos investimentos chineses, recebeu cerca de US$ 13 bilhões (cerca de R$ 20 bilhões) de investidores diretos vindos da China.

A maior parte dos investimentos, 85%, foram para áreas de recursos naturais, como petróleo e mineração. A promessa de investimento da Foxconn foi comemorada pelo governo como mais um êxito na tentativa de atrair para o Brasil investimentos para geração de maior valor agregado.

A presidente citou ainda os investimentos, também no ramo da tecnologia da informação, da Huawei e da ZTE, entre US$ 300 milhões (R$ 473 milhões) e US$ 400 milhões (R$ 630 milhões) e também um investimento de US$ 300 milhões (R$ 473 milhões) na construção de uma planta de processamento de soja na Bahia.

Fonte: Agência Brasil/BBC Brasil

terça-feira, 12 de abril de 2011

Mais educação em biodiversidade


Ao longo de seus 12 anos de existência, o programa BIOTA-FAPESP possibilitou a descoberta de mais de 500 espécies de plantas e animais e contribuiu para o aprimoramento de políticas públicas de conservação, restauração e uso sustentável da biodiversidade do Estado de São Paulo.

Traduzir e publicar esse conhecimento sobre os biomas paulistas em materiais didáticos, que possam ser utilizados em espaços de educação formal - como as escolas - e não formais - como os museus de ciências -, é um dos desafios que o programa pretende atingir nos próximos anos.

Para avaliar as ações educativas realizadas no âmbito do programa e fomentar novas atividades foi realizado, nos dias 7 e 8 de abril, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o Workshop BIOTA-FAPESP sobre Biodiversidade, Educação e Divulgação.

O evento reuniu especialistas em educação e biologia para discutir possibilidades de relacionar conhecimentos sobre biodiversidade gerados pelo programa com práticas de educação e de divulgação científica.

Em avaliação realizada em 2009, intitulada BIOTA+10: Definindo Metas para 2020, a extensão do conhecimento científico gerado sobre biodiversidade para as escolas de ensino fundamental e médio e em espaços de educação não formal foi apontada como um dos maiores desafios a ser atingido pelo programa.

"Identificamos essa área como uma das lacunas que o programa não conseguiu preencher e estabelecemos como meta no plano de atividades do BIOTA-FAPESP traçado até 2020 conseguir promover, de fato, a interlocução do programa com a área da educação", disse o coordenador do programa, Carlos Alfredo Joly.

O programa já originou materiais educativos, como exposições, projetos de educação ambiental e uma série de vídeos exibidos pela TV Cultura. Mas, na avaliação de Joly, as atividades educacionais precisam atingir um número muito maior de estudantes dos ensinos fundamental e médio.

Para estimular a realização de mais atividades do gênero, será lançada em breve, pela FAPESP, uma chamada de pesquisas sobre educação e biodiversidade. "Pretendemos utilizar ideias e sugestões lançadas no workshop para auxiliar na formatação da chamada", disse.

Conceitos de biodiversidade - De acordo com a professora da Faculdade de Educação da Unicamp, Martha Marandino, um dos desafios para se promover a articulação entre as ações de educação e biodiversidade no âmbito do BIOTA-FAPESP será o de trabalhar o conceito de biodiversidade de acordo com as diretrizes do programa.

"O programa se baseia em uma diretriz de biodiversidade que, obviamente, não abrange todas as questões possíveis sobre o conceito, mas levanta temáticas muito importantes, que vale a pena serem pensadas e desenvolvidas tanto no âmbito da educação formal como da não formal", analisou.

Na escola, segundo Marandino, a educação em biodiversidade atualmente está muito baseada no ensino do conceito a partir da ecologia sistêmica, com ênfase em cadeias ambientais, e se dá pouca atenção à ecologia humana.

Nesse sentido, de acordo com uma pesquisa realizada com professores de ciências do ensino básico pelo professor da Faculdade de Educação da Unicamp, Antonio Carlos Rodrigues Amorim, os sentidos, significados e conceitos sobre biodiversidade apresentados pelo BIOTA-FAPESP devem se confrontar com o conceito de biodiversidade consolidado e estabelecido pela biologia que é ensinada na escola.

"Para os professores, a incorporação no currículo de biologia do conceito de biodiversidade do BIOTA-FAPESP poderia causar uma desestruturação no modo de pensar a biologia que é próprio da escola", disse Amorim.

Segundo ele, alguns dos temas que poderiam ser trabalhados em sala de aula a partir do programa, apontados pelos professores que participaram do levantamento, foram sustentabilidade e ecossistemas que utilizassem exemplos de organismos que compõem a biodiversidade do Estado de São Paulo.

"Essas foram indicações de temas que elas fizeram naturalmente porque são questões que, se incluídas no planejamento escolar, não romperiam com a tradição do ensino da biologia na escola", disse Amorim.

Fonte: Agência Fapesp

Inpe sedia em 2013 o maior programa internacional de estudos espaciais


A Universidade Internacional do Espaço (ISU, na sigla em inglês) anunciou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) como sede do mais importante e abrangente programa de treinamento do mundo na área. O SSP13 (Space Studies Program) trará a São José dos Campos (SP) cerca de 120 estudantes de diversos países para aulas sobre engenharia e aplicações de satélites, política, gestão e legislação espacial, entre outros temas. Serão nove semanas de estudos multidisciplinares, de 17 de junho a 17 de agosto de 2013. 

"Esperamos um grande SSP no Brasil. Encontramos no Inpe instalações excelentes, nível de conhecimento técnico muito alto e a valorização dos estudos espaciais como condição para a melhoria da humanidade", disse Michael Simpson, presidente da ISU, sobre a escolha do Inpe como sede do programa em 2013.

Embora tenha um campus central na França, a cada ano a ISU elege instituições ao redor do mundo para realizar este programa. "Estamos orgulhosos, pois o Inpe e São José dos Campos terão a oportunidade de reunir especialistas do mundo todo, ao mesmo tempo em que se destacam as iniciativas brasileiras nas áreas de aplicações, engenharia e ciências espaciais, promovendo a cooperação internacional", disse Gilberto Câmara, diretor do Inpe.

Fórum internacional para o intercâmbio de conhecimentos e ideias sobre desafios relacionados ao espaço, a ISU pretende desenvolver os futuros líderes da comunidade mundial no setor, fornecendo programas educacionais para estudantes e profissionais em um ambiente internacional, intercultural e interdisciplinar. Desde a sua fundação, em 1987, a ISU já formou mais de três mil estudantes de 100 países.

Além das aulas teóricas e práticas serão feitas visitas técnicas a outras instituições e empresas privadas. Estão previstas ainda atividades abertas ao público em geral, como oficinas e workshops com a participação de astronautas e personalidades internacionais.

"Assim que tivemos a confirmação da escolha da sede pela ISU, começamos a organizar um comitê local formado principalmente por especialistas do Inpe e de órgãos parceiros que são ex-alunos do programa. Um de nossos compromissos é com o envolvimento da comunidade nas atividades", informa Antonio Yukio Ueta, assessor técnico do Inpe e responsável pelo comitê local do SSP13.

Space Studies Program - O SSP é um treinamento de altíssimo nível baseado no Princípio 3 I's da ISU: Internacional, Intercultural e Interdisciplinar. Um de seus principais objetivos é incentivar o desenvolvimento inovador do espaço para fins pacíficos, buscando o avanço do conhecimento e a melhora da vida na Terra. O programa tem três fases: Core Lectures, Departments e Team Project.

Core Lectures são as aulas teóricas e práticas dos sete departamentos da ISU: Engenharia de Sistemas, Ciências Físicas, Ciências da Vida, Espaço e Sociedade, Política e Lei, Aplicações de Satélites, Negócios e Gerenciamento. Esta fase inclui workshops, painéis e atividade multidisciplinares e, ao final, os estudantes são submetidos a um rigoroso exame.

A fase seguinte, Departments, consiste em tutoriais, visitas técnicas, atividades práticas e apresentações com foco específico de cada departamento. Por último, durante o Team Project (TP), os estudantes têm a missão de desenvolver e documentar um projeto temático.

O SSP já foi realizado em Houston, Cambridge, Mountain View, Cleveland, Pomona e Huntsville (EUA); Estrasburgo e Toulouse (França); Toronto e Vancouver (Canadá); Barcelona (Espanha); Pequim (China); Adelaide (Austrália); Bremen (Alemanha); Viena (Áustria); Estocolmo (Suécia); Kitakyushu (Japão); Viña del Mar e Valparaíso (Chile); e Nakhon Ratchasima (Tailândia).

Fonte: Ascom do Inpe