sexta-feira, 29 de abril de 2011

Finep apresentará ao CMN documento com diretrizes para ser reconhecida como banco


Nos próximos três meses, a Finep pretende apresentar um documento ao Conselho Monetário Nacional (CMN) com a definição de linhas gerais para que a agência de fomento seja reconhecida pelo Banco Central (BC) como instituição financeira. A informação é do presidente da financiadora, Glauco Arbix, em entrevista exclusiva ao Gestão C&T online, durante a solenidade de comemoração dos 60 anos do CNPq, nesta quarta-feira (27), em Brasília. "Ao que tudo indica, caso nossas reivindicações sejam aceitas, teremos um prazo que pode variar de dois a quatro anos para obtermos esse reconhecimento", assinala.

De acordo com Arbix, apesar de funcionar como instituição financeira, mesmo que de maneira especial, a agência não é um banco no sentido legal porque não é fiscalizada e supervisionada pelo BC. No entanto, ressalta o presidente da Finep, o Brasil precisa de uma instituição financeira voltada exclusivamente para a inovação.

"Para isso, precisamos operar com volume de recursos possível apenas a instituições financeiras reconhecidas. Em 2011, teremos R$ 5 bilhões para serem aplicados. Mas se pensarmos no País em amplo crescimento, é fundamental uma estrutura que em cerca de cinco anos seja capaz de investir algo em torno de R$ 50 bilhões", espera.

Este ano, o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) sofreu um contingenciamento de cerca de 20% - aproximadamente R$ 620 milhões. A contração, informou Arbix, impacta na disponibilização de recursos não-reembolsáveis, subvenção econômica, convênios e transferências às universidades e centros de pesquisa. Em contrapartida, os recursos da Finep em 2011 superaram os de 2010 em razão do suplemento de R$ 1,75 bilhão do Programa de Sustentação do Investimento do BNDES (PSI), além de R$ 220 milhões do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), com foco na oferta de crédito para micro, pequenas e médias empresas.

"Tivemos uma ampliação dos nossos recursos voltados para crédito. Não é a mesma coisa, mas do ponto de vista do orçamento, houve crescimento em relação ao ano passado. Mas não conseguiremos investir nas mesmas áreas. Recursos não-reembolsáveis destinam-se a investimentos em pequenas empresas, institutos de pesquisa e universidades. O reembolsável, em empresas em geral", finaliza. (Cristiane Rosa)

 Fonte: Gestão C&T online

Nova proposta de Aldo para o Código Florestal irrita o governo


Votação da reforma da lei florestal deve ser na próxima semana.

O relator da reforma do Código Florestal, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) deixou o governo irritado ao apresentar na Casa Civil, anteontem, sua proposta de texto de conciliação para a lei.

Segundo a Folha apurou, o novo texto não acata as sugestões feitas pelo Executivo e retrocede uma negociação que já era delicada. Tudo isso a cinco dias da data marcada para o início da votação no plenário da Câmara.

Uma fonte presente à reunião diz que o texto apresentado "retoma quase tudo o que o governo não aceitaria": a possibilidade de redução de 50% nas áreas de preservação permanente, a possibilidade de os Estados decidirem sobre onde é possível desmatar, a redução da proteção aos manguezais e a ampliação da anistia a crimes ambientais cometidos até julho de 2008.

O ministro Antônio Palocci (Casa Civil) pediu a Rebelo que refizesse a proposta. O PT, que quer adiar a votação, acusou quebra de acordo.

Os dois pontos mais sensíveis do substitutivo continuam sem resolução: a largura das APPs (áreas de preservação permanente) em margens de rio, ou ripárias, e a questão da reserva legal (área a ser deixada como mata nativa na propriedade) para imóveis de até quatro módulos fiscais.

O governo queria que as APPs ripárias fossem mantidas em 30 metros, podendo ser reduzidas para 15 metros para fins de recomposição.
Rebelo propôs reduzir a faixa de proteção a 7,5 metros para rios de até 5 metros de largura.

"A Confederação dos Trabalhadores na Agricultura me pediu essa especificidade. Há um problema social", disse o relator à Folha.

Para a reserva legal, ficou a proposta original de Rebelo de só obrigar sua reposição em imóveis de até quatro módulos fiscais ou na área de um imóvel qualquer que exceder quatro módulos.

"O acordo [com o governo] foi escrito, mas não havia sido vertido para a linguagem jurídica", justificou Rebelo. Ele diz que procura uma redação de consenso. "Vou em busca da unidade." Questionado sobre se iria refazer seu texto numa versão "2.0", porém, Rebelo declarou: "O automóvel é o mesmo".

Fonte: Folha de São Paulo

Nota do blog: Caso seja aprovado este novo texto, o Brasil passará da condição de defensor do meio ambiente à carrasco do Planeta Terra. O novo texto é um retrocesso ao tempo em que não havia nenhuma preocupação com a preservação e com as mudanças climáticas. O deputado Aldo Rebelo, por sua vez, será conhecido no futuro, como o responsável pela maior degradação que o país poderá empreender.

BB quer comprar bancos em mais países da AL


Estatal, que já adquiriu instituição na Argentina, avalia alternativas em Colômbia, Equador, Peru e Chile. Depois de ter comprado 51% das ações do Banco Patagonia (nona maior instituição financeira da Argentina) no ano passado, o Banco do Brasil (BB) está avaliando novas alternativas de investimento em Colômbia, Equador, Peru e Chile. 

A informação foi confirmada ontem pelo vice-presidente da instituição, Allan Toledo, que, durante uma rápida visita a Buenos Aires, também anunciou a decisão de ampliar em 40% o número de agências do Patagonia nos próximos cinco anos. Atualmente, o banco agora controlado pelo BB possui 164 agências e cerca de 750 mil clientes. - Dentro de cinco anos queremos que o Patagonia esteja entre os cinco maiores bancos da Argentina - afirmou Toledo. 

As autoridades de defesa da concorrência da Argentina aprovaram a compra do Patagonia, anunciada em abril do ano passado, há cerca de duas semanas. A autorização foi dada pela Secretaria de Comércio Interior e, segundo informou o Patagonia em comunicado enviado à Bolsa de Valores de Buenos Aires, a transferência das ações para o BB foi realizada em meados deste mês. 

Além de crescer na Argentina, afirmou Toledo, o BB está interessado em adquirir novas instituições financeiras em países da região com os quais o Brasil tem um importante intercâmbio comercial, nos quais atuem empresas brasileiras e resida um grande número de brasileiros. Toledo também anunciou a criação de um centro de atenção a turistas brasileiros em Buenos Aires, que dará "uma atenção privilegiada a clientes do Banco do Brasil". 

- Atualmente estimamos que 2,5 milhões de turistas visitam a Argentina todos os anos - destacou. O objetivo do banco é aumentar o número de agências em todo país mas, especialmente, nas províncias do Norte argentino. Hoje, 33% das agências estão na capital, 33% na província de Buenos Aires (onde vive um terço dos argentinos) e 33% no interior do país. 

O Patagonia também oferecerá créditos a empresas brasileiras e argentinas com operações no país e será o único banco da Argentina que terá um acordo com a Gol para permitir a troca de pontos do cartão de crédito por passagens aéreas. 

Fonte: O Globo

Embraer é selecionada para participar de licitação nos EUA


O presidente da Embraer, Frederico Curado, confirmou hoje, após participar de um debate durante o Fórum Econômico Mundial na América Latina, que a empresa foi selecionada para participar de uma licitação do governo dos Estados Unidos para eventual fornecimento de dez aviões Super Tucano. Segundo ele, não há qualquer previsão para a definição sobre a escolha do fornecedor.

O executivo da Embraer reconheceu, entretanto, que é muito difícil atender o mercado de defesa dos EUA. "Mais que um desejo, é um objetivo nosso", afirmou. Para atender os requisitos do governo dos EUA, Curado informou que a Embraer teria, necessariamente, de produzir os aparelhos naquele país. "Nesse sentido, uma aquisição seria uma possibilidade, mas não temos nada em vista", disse. Além disso, a empresa poderia contar com a fábrica já instalada na Flórida, que deverá produzir as primeiras aeronaves até o fim deste ano, acrescentou o executivo. (Andréia Lago)

Fonte: Agência Estado

Mercosul e União Europeia devem fechar acordo de livre comércio no próximo ano


O Mercosul e a União Europeia se preparam para fechar um acordo de livre comércio em 2012. A informação é do presidente da Delegação do Parlamento Europeu para as Relações com os Países do Mercosul, o deputado espanhol Luis Yáñez. Ele comanda uma comitiva de 11 deputados europeus que veio ao Brasil com objetivo duplo – discutir os termos do acordo e verificar o ambiente para consolidar as propostas.

“Viemos transmitir às autoridades brasileiras, não só de governo, do Parlamento, dos meios de comunicação, da indústria, do mundo acadêmico, o que nós, europeus, pensamos sobre esse acordo e ver qual a reação do Brasil em relação a ele”, disse Yánes, que passou os primeiros dias da semana em Brasília e segue para o Rio de Janeiro e São Paulo.

O parlamentar europeu acrescentou que a proposta em discussão representa um avanço sem comparações. “Vai ser o maior acordo do mundo entre dois blocos regionais. As possibilidades são impressionantes: multiplicação do nível de intercâmbio, geração de prosperidade e de criação de empregos”, afirmou.

Segundo Yáñes, os europeus já têm estudos e a consciência sobre o “alto custo” se o acordo não for firmado. Ele disse que a associação entre os dois blocos ajudaria a própria integração do Mercosul.

Evitando mencionar as pendências que há nas relações comerciais entre a União Europeia e o Mercosul nos campos agrícola e de produtos industrializados, Yánez optou por citar as negociações que já avançaram. De acordo com ele, foram acordados mais de 90% dos pontos no setor industrial e mais de 80% no setor agrícola.

Ele admitiu, no entanto, que será necessário vencer temores para avançar. “Da parte europeia, a França e alguns países estão muito reticentes em fechar o acordo porque consideram que a competitividade do Brasil e do Mercosul, em geral, no terreno da carne bovina, pode arruinar seu próprio rebanho. Acho que é um exagero evidente e que, além disso, há elementos de compensação”, disse.

No Mercosul, Yánez afirmou que a Argentina põe obstáculos ao acordo de livre comércio com a União Europeia também por medo. “[A Argentina] tem medo de que sua indústria manufatureira também se arruíne com a entrada de produtos europeus”, afirmou.

Yáñez ressaltou, porém, que acredita nos negociadores dos dois lados e não crê que os problemas atuais sejam inconciliáveis. “É um tipo de negociação que não se pode prolongar indefinidamente”, afirmou.

O parlamentar lembrou que até 2004, quando as negociações para o livre comércio entre os dois blocos foram interrompidas, houve seis anos de discussões. “Na minha opinião, se chegou muito perto de um acordo naquela época. Trata-se agora de consolidar essas experiências e resolver pequenas diferenças”, acrescentou.

Na próxima semana, haverá uma nova rodada de discussões em Assunção, no Paraguai, que ocupa a presidência do Mercosul. Yáñez disse que até julho, quando ocorrerá outra rodada em Bruxelas, na Bélgica - sede do Parlamento Europeu - deve haver grandes avanços. “Não se descarta que possa ser firmado um acordo antes do fim do ano. Depois, ele tem que ser ratificado pelo Parlamento Europeu que, em sua grande maioria, é favorável a ele”. (Danilo Macedo e Renata Giraldi)

Fonte: Agência Brasil

Novas regras do Minha Casa, Minha Vida querem enquadrar construtoras


As mudanças nas regras do programa Minha Casa, Minha Vida geradas pela Medida Provisória 514/10, do Executivo, como a necessidade de haver infraestrutura básica nos empreendimentos, foram criadas para garantir a qualidade das moradias, com mais exigências contratuais, e enquadrar construtoras, segundo o Ministério das Cidades.

Análise de técnicos da Caixa Econômica Federal, operadora do programa, chegou à conclusão de que os microempreendimentos com produção financiada diretamente pelas construtoras eram os principais alvos de reclamação dos moradores. De acordo com o Ministério das Cidades, gestor do programa, esses imóveis estavam sendo feitos em áreas afastadas e desprovidas de infraestrutura para que o custo do terreno fosse menor.

Essa prática ocorria principalmente com os imóveis para famílias que recebem até R$ 1.395,00 (três salários mínimos de 2010). As mudanças, segundo o ministério, vieram para tornar mais rígidos os contratos e para haver uma análise técnica mais criteriosa das propostas de empreendimentos sem o financiamento direto do banco estatal.

A Caixa suspendeu novos pedidos de financiamento nos casos em que emprestava apenas para o comprador final e naqueles em que as moradias estavam localizadas em áreas sem infraestrutura adequada.

De acordo com a assessoria do banco, a Caixa sempre exigiu que os empreendimentos financiados com seus recursos tivessem infraestrutura básica (ruas pavimentadas, água, luz e esgoto). A regra agora vale para todos os contratos, com exceção da exigência de pavimentação, que acabou excluída do projeto de lei de conversão à MP aprovado pela Câmara nesta quarta-feira.

Menos vendas

Houve redução da venda de imóveis que ficaram prontos ainda sob as antigas regras do programa, de acordo com a Caixa e o Ministério das Cidades, pois os construtores que já tinham terminado os imóveis ficaram impedidos de vendê-los, a não ser que fizessem os investimentos em infraestrutura exigidos pelas novas regras.

Segundo a Caixa, a avaliação sobre quantos imóveis prontos deixaram de ser vendidos só poderá ser feita a partir de julho, quando começarão a ser aceitas somente propostas de financiamento de acordo com as novas exigências.

Responsável pela compra de materiais em uma construtora de Valparaíso de Goiás – entorno do Distrito Federal –, Claudinei Antunes afirma que a alteração das regras gerou diminuição no número de contratos. Segundo ele, as mudanças no programa afetaram os empreendimentos da construtora, que fez um condomínio com 56 casas para famílias com renda de até três salários mínimos, financiadas pelo Minha Casa, Minha Vida. “O mês de março foi muito difícil, saíram poucos contratos”, afirmou. Segundo ele, a construção irá passar por uma nova vistoria da Caixa Econômica Federal para adequação às novas regras.

Custos para o consumidor

Na opinião do presidente da Associação Brasileira de Corretores de Imóveis (ABCI), Francisco Zagari Neto, os custos com as novas regras serão repassados para o consumidor. “Isso tudo encarecerá os imóveis para as construtoras. E todas essas novidades vão atingir o consumidor. O custo cresceu não só no terreno, mas também no material de construção”, afirmou.

De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a margem de lucro para os construtores dos empreendimentos enquadrados no Minha Casa, Minha Vida é pequena, mas compensa graças à escala de produção de imóveis.

O Ministério das Cidades afirma que não há nenhuma regra geral ou norma sobre quem é responsável pela construção da infraestrutura das moradias do programa. As determinações sobre as competências são definidas em contrato, sendo as construtoras responsáveis pela infraestrutura interna do condomínio habitacional e as prefeituras pelas melhorias urbanísticas na região do imóvel.

Fonte: Agência Câmara

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Volta aos primórdios do Universo


No início da formação do Universo, estrelas de grande massa (pelo menos 10 vezes a massa do Sol) e vida curta eram as principais fábricas de elementos químicos que entravam na composição de novas estrelas. Além de grandes, esses corpos celestes também giravam depressa, propõe um estudo liderado pela astrônoma brasileira Cristina Chiappini, do Instituto Leibnitz para Astronomia de Potsdam, na Alemanha, publicado na edição desta semana da revista Nature.

"A presença de alguns elementos em estrelas antigas só pode ser explicada se as estrelas massivas da época tivessem rotação rápida", disse Cristina.

A ideia brotou do trabalho de Beatriz Barbuy, professora titular do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP), que em 2009 publicou um artigo no qual analisou estrelas muito velhas - por volta de 12 bilhões de anos - no centro da Via Láctea. Barbuy coordena o Projeto Temático Evolução química e populações estelares galácticas e extragalácticas, por espectroscopia e imageamento, apoiado pela Fapesp.

A pesquisadora examinou imagens captadas pelo Very Large Telescope (VLT), do Observatório Europeu do Sul (ESO), que registram os espectros de elementos que compõem a atmosfera dos corpos celestes. Notou uma abundância excessiva de bário e lantânio, elementos pesados que precisam de um processo lento para se formarem.

Só que essas estrelas nasceram no início da formação do Universo, quando ainda não tinha passado tempo suficiente para que esses elementos se formassem da forma tradicionalmente aceita. "Mas ninguém percebeu essa dica no meu trabalho, até que a Cristina o leu com atenção", disse Barbuy.

Cristiana, que fez o doutorado no IAG com bolsa da Fapesp, leu e logo percebeu a ligação com o trabalho do grupo do Observatório de Genebra, a que está associada, com modelos de alta rotação de estrelas.

A rotação poderia explicar a presença desses metais porque funciona como uma batedeira. A rotação da estrela mistura as camadas nas quais o ferro se formou com outras ricas em nêutrons, que são adicionadas ao ferro, dando origem a elementos mais pesados. Cristina então entrou em contato com Barbuy e pediu que verificasse por meio dos espectros a quantidade de outros metais, como ítrio e estrôncio, nessas estrelas antigas.

A professora do IAG voltou às imagens e o que viu se encaixou exatamente no modelo de Cristina: só estrelas de grande massa em rotação vigorosa poderiam gerar aqueles elementos nas quantidades necessárias para compor as anciãs ainda vivas hoje.

Mais tempo de observação - Não é a única explicação possível, mas é a mais plausível. A conclusão é ainda mais forte porque dois pesquisadores do grupo de Genebra, proponentes de outro modelo para explicar a evolução química da galáxia, também assinam o artigo na Nature.

"O modelo deles explica a evolução de algumas estrelas nesse aglomerado, mas o nosso explica todas", disse Cristina. Para Barbuy, o trabalho quebra um paradigma aceito pela maior parte dos pesquisadores na área. "Há 30 anos, um autor falou que as estrelas velhas são compostas por elementos formados por um processo rápido, e mostramos que não é assim", afirmou.

É um grande passo, mas as duas pesquisadoras brasileiras veem a publicação do artigo como um início de algo maior. Com a repercussão que o trabalho deve ter, elas esperam conseguir mais tempo de observação no VLT e no Hubble, telescópios disputados por pesquisadores do mundo todo e cujo uso é determinado por mérito.

"Precisamos melhorar os modelos. Mas incluir outros metais é um processo muito lento", disse Cristina.

Não é para menos. Os elementos que as estrelas criam - e lançam no gás do Universo quando morrem - não só formam outras estrelas como também o Sol, a Terra e os corpos de seus habitantes. Não é uma busca modesta. (Maria Guimarães)

Fonte: Agência Fapesp

Elat divulga novo ranking de incidência de raios no Brasil


Os resultados apontam que entre as 10 cidades com maior incidência em 2009-2010 estão municípios da região metropolitana de São Paulo e do sul do estado do Rio de Janeiro.

O Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) concluiu o novo ranking de incidência de raios nos municípios pertencentes aos estados cobertos pela Rede Brasileira de Detecção de Descargas Atmosféricas para o biênio 2009-2010.

Os dados reforçam pesquisas anteriores que indicam que grandes centros urbanos tendem a intensificar a ocorrência de tempestades. Para toda a área monitorada, que engloba os estados do sul, sudeste e parte do centro-oeste do País, a incidência de raios no último biênio se manteve estável em relação aos biênios anteriores, com variações inferiores a 5%.

Entretanto, considerando somente as cidades acima de 200 mil habitantes - que possuem maior urbanização - houve um aumento de 11% em relação à média dos dois últimos biênios."Tanto essas cidades têm mais tempestades quanto elas estão, também, cada vez mais intensas, e a urbanização pode ser apontada como uma das principais responsáveis", afirmou Osmar Pinto Junior, coordenador do Elat.

Os resultados apontam que, em 2009-2010, entre os 10 municípios com maior incidência, estão municípios da região metropolitana de São Paulo e do sul do estado do Rio de Janeiro, com exceção de Belford Roxo. "A presença das cidades do sul do Rio de Janeiro entre os dez municípios de maior incidência de raios se deve a características locais de relevo", disse Osmar.

Desta vez, a cidade de Porto Real aparece em primeiro lugar no ranking geral, com uma densidade de 27 raios por quilômetro quadrado por ano, seguida por São Caetano do Sul com 23 raios por quilômetro quadrado por ano. "A ocorrência de tempestades possui uma variação espacial muito grande e, por isto, municípios menores têm maior chance de apresentar altos valores de densidade", comentou o coordenador.

Em cidades grandes - com mais de 900 km2 - o máximo aumento registrado foi de 97%. Já os municípios menores do que 100 km2 sofreram aumentos de densidade que chegaram a 320% no último biênio quando comparado com a média dos dois anos anteriores. Em São Paulo este aumento foi de 42%.O novo ranking é feito com base em dados corrigidos pelo modelo de eficiência da rede denominado MED4, recém desenvolvido pelo grupo, sendo este um dos modelos mais precisos existentes no mundo para correção de dados de redes de detecção. O MED4 permite corrigir diariamente os dados da rede em função da intensidade das descargas que ocorrem numa determinada região.

O modelo é mais robusto que as versões anteriores utilizadas nos ranking de 2005-2006 e 2007-2008. "Os novos dados de densidade de raios são ainda mais confiáveis com o uso do modelo desenvolvido pelo Elat", disse o pesquisador. Os resultados encontrados podem contribuir diretamente com a prevenção e proteção, assim como gerar informações úteis para o setor elétrico e, conseqüentemente, para a sociedade.
Onde encontrar

O novo ranking está disponível no endereço www.inpe.br/elat, no link "Ranking de Municípios".

Fonte: Ascom do Inpe

Apelo para o uso sustentável do espaço



José Monserrat Filho* 


O Fórum mundial dedicado aos 50 anos do voo inaugural de Iuri Gagarin, promovido pela Unesco em Paris no dia 21 de abril, serviu de palco a manifestações de preocupação diante dos crescentes perigos que hoje ameaçam o uso seguro e sustentável do espaço, sobretudo de suas órbitas mais úteis aos serviços indispensáveis prestados às populações da Terra.

O alerta veio da fundadora e atual presidente da Fundação por um Mundo Seguro (Secure World Foundation - SWF), Cynda Collins Arsenault, durante o painel sobre a importância da exploração do espaço para a educação, ciência e cultura. "Gagarin reconheceu tanto a beleza quanto a fragilidade do nosso lar", disse ela, referindo-se a Terra. E frisou: "É a hora de estudar o que deve ser feito para manter o espaço sustentável, a fim de que a humanidade possa seguir usando-o para fins pacíficos e benefícios sócio-econômicos".

O Fórum Mundial sobre o Uso Pacífico do Espaço reuniu nesse debate, além de Arsenault, Narendra Bhandari, da Academia Nacional de Ciências da Índia; Dominique Proust, astrofísico do Observatório de Paris; Kirkham Gib, diretor da Divisão de Sistemas de Exploração e Pesquisa de Aeronáutica da Nasa; e Thomas Culhane, cientista e pedagogo, do Iraque. Os moderadores da mesa foram Hans d'Orville, diretor-geral adjunto de Planejamento Estratégico da Unesco, e Kapitza Serguey, professor da Rússia. Na plateia, astronautas, profissionais das atividades espaciais de vários países, cientistas, astrofísicos, administradores, historiadores, músicos.

Arsenault, claro, ressaltou a ameaça provocada pelo lixo espacial, temido tanto por governos quanto por organizações internacionais e poderosas empresas multinacionais.

Para ela, é preciso adotar medidas para assegurar o uso seguro e sustentável do espaço em benefício da humanidade. A sustentabilidade das atividades espaciais, a seu ver, exige dois tipos de ação: 1) a gestão do lixo espacial, do espectro eletromagnético e do tráfego espacial; e 2) a gestão política, promovendo a estabilidade das relações no espaço e a prevenção de possíveis conflitos.

Cada gestão "requer novas normas, regras e mecanismos para proteger o patrimônio espacial global", explica Arsenault e salienta: esforço sério neste sentido é a criação, conduzida pela SWF, do Programa "Conhecimento da Situação no Espaço" (Space Situational Awareness - SSA), que buscará saber onde está o que a cada momento no espaço.

Esse programa, esclarece Arsenault, deve permitir aos atores espaciais operar de forma segura e eficaz, cientes das ameaças a enfrentar e habilitados a reduzir seu potencial. Arsenault está convencida de que o uso pacífico do espaço abre um imenso universo de possibilidades, mas, adverte, "precisaremos de cuidados especiais e um planejamento acurado para garantir que nossos filhos e os filhos de nossos filhos sejam capazes de colher os benefícios que o espaço promete".

Tal visão dos perigos que hoje povoam o espaço, infelizmente, não prevaleceu na reunião do Subcomitê Jurídico do Comitê das Nações Unidas para o Uso Pacífico do Espaço (conhecido por Copuos, na sigla em inglês), realizada em Viena, de 28 de março a 8 de abril deste ano. O órgão, criado em 1961, congrega 70 países para discutir os problemas jurídicos das atividades espaciais.

A proposta da República Tcheca de exame das questões legais causadas pelo lixo espacial não contou com o apoio de quatro potências espaciais - EUA, França, Japão e Rússia - para se tornar novo tema de discussão no Subcomitê Jurídico em sua reunião de 2012.

Em 2007, o Subcomitê Técnico Científico do Copuos aprovou as "Diretrizes para a Redução dos Dejetos Espaciais", documento técnico, sem valor legal e, portanto, não obrigatório.

A ideia tcheca era a de transformar as diretrizes técnicas em declaração a ser aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, porque, por aí, elas poderiam, no futuro, ser convertidas em tratado internacional, obrigatório para todos os países que o ratificassem. A perspectiva maior era, assim, a de criar um instrumento com força total para se enfrentar o desafio do lixo espacial.

EUA, França, Japão e Rússia não permitiram o consenso que aprovaria a proposta, alegando que suas empresas privadas poderiam ficar confusas e desorientadas com o debate sobre as diretrizes. As empresas, afirmam esses países, estão tratando de ajustar as diretrizes às suas práticas e qualquer mudança pode atrapalhar o processo.

O argumento parece ter convencido apenas seus próprios autores. Mas conseguiu deixar o assunto fora da pauta. Ele não será debatido em 2012, como a maioria dos países considerava pertinente e necessário. E quando o será? Impossível prever. Mas o tema é tão grave que, mais cedo ou mais tarde, pode acabar se impondo apesar das resistências.

O que se pode prever com certeza é o aumento crescente do monturo espacial. O Centro Unificado de Operações Espaciais dos EUA rastreia hoje cerca de 22 mil objetos espaciais maiores de 10 cm. Esse número dobrou desde o ano 2000. Dos 22 mil, apenas mil funcionam. Os demais são detritos. Quanto aos fragmentos de 1 cm de diâmetro ou ainda menores, calcula-se que já chegam a 700 mil. Um dejeto de 1 cm é capaz de desativar um satélite, enquanto um de 10 cm pode despedaçá-lo. Só em 2010, o referido Centro enviou mais de mil mensagens a governos de outros países, alertando para os riscos de colisão entre objetos espaciais ativos e/ou dejetos.
Gagarin nos revelou há 50 anos que "a Terra é azul". Agora, sabemos que o espaço está virando lixão. Em meio século, saltamos de um fato emocionante a uma constatação alarmante.

E ainda há quem sequer queira discutir o problema para se encontrar uma solução vigorosa e responsável, antes que seja tarde demais.

* José Monserrat Filho é vice-presidente da Associação Brasileira de Direito Aeronáutico e Espacial, membro da diretoria do Instituto Internacional de Direito Espacial, membro da Academia Internacional de Astronáutica e do Comitê de Direito Espacial da International Law Association (ILA), e autor do livro Política e Direito na Era Espacial - Podemos ser mais justos no espaço do que na Terra? (Vieira&Lent, 2007) e de diversos artigos sobre questões jurídicas espaciais.


Fonte: JCEmail

Mobilizações contra alteração no Código Florestal

O movimento é formado por ONGs e entidades contrárias às alterações à legislação ambiental, que ameaçam não só florestas e ecossistemas naturais, mas também populações que vivem nas grandes cidades.

A coalizão SOS Florestas lança hoje (28) uma Mobilização Nacional contra o PL 1876/99 (relatório do Dep. Aldo Rebelo), que modifica o Código Florestal. Serão realizados atos públicos em Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Piracicaba (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Volta Redonda (RJ). O objetivo é exercer pressão direta sobre parlamentares em seus domicílios eleitorais, com o apoio de organizações locais. Nas próximas semanas, outras manifestações estão previstas em mais 16 cidades.

O movimento é formado por ONGs e entidades contrárias às alterações à legislação ambiental, que ameaçam não só florestas e ecossistemas naturais, mas também populações que vivem nas grandes cidades. Também será lançada, no site www.sosflorestas.com.br, uma plataforma online para o público aderir à iniciativa. A ferramenta disponibilizará materiais da campanha, como vídeos, cartilhas, petições e sugestões de atividades. O público-alvo são escolas, faculdades, centros comunitários e movimentos sociais.

O trabalho será feito de forma articulada com a Frente Parlamentar Ambientalista e estimulará a participação de indivíduos, descentralizando a campanha e aumentando o espaço de debate sobre o futuro das florestas e das cidades brasileiras.

Fonte: SOS Florestas

Capes ratifica acordo de cooperação entre Brasil e Espanha


O presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Jorge Almeida Guimarães, participou ontem (27), no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em Brasília, do Seminário Internacional A Cooperação Cultural, Educativa e Científica entre o Brasil e a Espanha.

No evento, Guimarães e o diretor acadêmico da Fundação Carolina, Alfredo Moreno, assinaram um acordo de ratificação de cooperação internacional entre os países, em que metade das bolsas disponibilizadas para 2012 seguirá para brasileiros estudarem na Espanha e metade para espanhóis estudarem no Brasil.

Em sua fala, Guimarães ressaltou a importância das ações da Capes para o progresso da cooperação educativa entre os países. Só em 2010 foram investidos R$ 1,4 milhões em projetos conjuntos de pesquisa com a Espanha, o que colaborou para que hoje o país seja o 5° no destino de bolsistas da Capes. Para Guimarães, ainda há um segmento que precisa ser inserido na cooperação internacional. "Nosso objetivo agora é ampliar o segmento da formação de professores da educação básica na Espanha.", afirmou.

Também estiveram no seminário o conselheiro de Educação da Embaixada da Espanha no Brasil, Ángel Altisent, e a chefe da Divisão de Temas Educacionais do departamento Cultural do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Almerinda Augusta de Freitas Carvalho.

Além dos resultados já alcançados, os presentes também discutiram os desafios futuros para a consolidação da cooperação entre os dois países como a validação de graduação e de títulos acadêmicos entre os países e a necessidade de investimento no ensino técnico nas duas nações.

Fonte: Portal da Capes

Ministro defende inovação tecnológica para crescimento do País


Para Mercadante, é necessário ampliar o percentual do Produto Interno Bruto 
(PIB) investido em ciência e tecnologia.

O ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, defendeu nesta quarta-feira (27) o investimento em inovação científica e tecnológica como prioridade para o País manter o crescimento econômico com sustentabilidade ambiental. "O desafio é colocar ciência, tecnologia e inovação como eixo do desenvolvimento econômico e sustentável", afirmou o ministro na audiência pública na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados.

Segundo Mercadante, é necessário ampliar o percentual do Produto Interno Bruto (PIB) investido em ciência e tecnologia. O valor chegou a 1,2% em 2009, algo próximo de US$ 24,2 bilhões. Japão e Estados Unidos dedicaram para a área, respectivamente, 3,4% (US$ 148 bilhões) e 2,8% (US$ 398 bilhões) do total arrecadado.

O setor privado, disse o ministro, não investe em inovação. "Uma parte do mercado acha que devemos importar novas tecnologias", afirmou. Os novos investimentos no Brasil, de acordo com Mercadante, devem ter como regra a transferência de tecnologia e a participação de empresas nacionais para reter o conhecimento. O Brasil recebeu quase US$ 50 bilhões em investimentos externos em 2010 e deve chegar a US$ 60 bilhões este ano.

Petróleo e Fust - O ministro defendeu que os royalties do petróleo e os recursos do Fundo de Universalização de Serviços de Telecomunicações (Fust) devem ser fontes de financiamento para a inovação científica e tecnológica.

A nova legislação para distribuição dos royalties do petróleo gerou uma perda de R$ 900 milhões para o MCT para 2011, segundo Mercadante. Ele criticou a pulverização dos recursos destinados à pasta dentro do Fundo Social do Pré-Sal, junto a áreas como educação, saúde e esportes. De acordo com projeção do ministério, em nove anos a pasta deixará de receber R$ 12 bilhões, se mantidas as regras de distribuição.

Os recursos do Fust para ampliação da banda larga, como propõe o Projeto de Lei 1481/07, do próprio Mercadante, auxiliariam a ampliar a geração de conhecimento no País. "O acesso à internet é fundamental para inovação, ciência e educação."

Ele também defendeu a transformação da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), órgão do ministério, em um banco de inovação. Ele afirmou que o orçamento do novo órgão dependeria da prioridade dada pelo governo para a área de ciência e tecnologia.

Para o presidente da comissão, deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), outra forma de estimular o desenvolvimento científico no País é garantir a participação de pesquisadores e estudantes nos lucros das patentes.

Fonte: Agência Câmara

Trabalho aprova correção do piso de professor pelo INPC e pelo Fundeb


A Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público aprovou ontem (27) o substitutivo do Senado ao Projeto de Lei 3776/08, do Executivo. Ele muda a regra do reajuste do piso salarial nacional dos professores da educação básica da rede pública - atualmente de R$ 1.024 para 40 horas semanais.

O texto aprovado mantém o reajuste do piso atrelado à variação do valor mínimo por aluno no fundo da educação básica (Fundeb). O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação é formado por recursos estaduais, municipais e federais e destina-se a promover a educação infantil, o ensino fundamental e médio, inclusive a educação de jovens e adultos.

Os recursos do Fundeb, que tem vigência até 2020, são distribuídos de acordo com o número de alunos da educação básica, com base em dados do censo escolar do ano anterior. Pelo menos 60% dos recursos do fundo são usados no pagamento dos salários dos professores. A medida acrescenta que o reajuste não poderá ser inferior à inflação, conforme a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a variação de preços da cesta de consumo das famílias de baixa renda, com salário de um a seis mínimos, entre os dias 1º e 30 do mês de referência.

O índice é calculado pelo IBGE desde 1979 e é muito utilizado como parâmetro para reajustar salários em negociações trabalhistas. O reajuste deixa de ser feito em janeiro e passa para maio.

A proposta do governo, que era a atualização do piso apenas pelo INPC (reajuste pela inflação, sem aumento real), foi rejeitada. O argumento do governo foi que o critério atual (parcialmente mantido pelo Senado) pode "acarretar uma elevação contínua" dos salários dos professores e prejudicar "o financiamento de outros itens importantes para a melhoria da educação básica pública, como manutenção e melhoria das instalações físicas das escolas, aquisição de material de ensino, universalização do uso da informática e o próprio aperfeiçoamento profissional dos professores".

Detalhamento - Atualmente, a lei diz que o piso será atualizado no mês de janeiro no mesmo percentual de crescimento do valor anual mínimo por aluno no Fundeb.

O governo propôs a mudança para o reajuste pela variação do INPC no ano anterior, mantendo o aumento em janeiro. Essa regra foi aprovada inicialmente pela Câmara, mas o Senado alterou o texto. Em razão da mudança, a proposta voltou para a Câmara, que dará a palavra final. Conforme essa nova versão, o piso será atualizado anualmente, no mês de maio, com base no percentual do valor por aluno no Fundeb apurado nos dois anos anteriores. Esse índice não poderá ser inferior à variação do INPC.

O relator da proposta, deputado Alex Canziani (PTB-PR), afirmou que o texto do Senado é uma bem-sucedida síntese entre o critério vigente para atualização do piso salarial dos profissionais do magistério público da educação básica e o que foi proposto pelo Poder Executivo.

"Se, por um lado, a vinculação atual do piso ao crescimento do valor anual mínimo por aluno no âmbito do Fundeb não representa garantia de efetiva reposição de perdas inflacionárias, a alteração intentada pelo Poder Executivo afigura-se extremamente restritiva. De fato, ao adotar o INPC como parâmetro permanente para a atualização do piso, a nova regra proposta elimina qualquer possibilidade de aumento real de seu valor.

O texto aprovado pelo Senado Federal contorna as deficiências de ambos os critérios, ao manter a atualização do piso salarial vinculada ao valor anual mínimo por aluno no âmbito do Fundeb, assegurando, todavia, que o reajuste não seja inferior à variação do INPC no ano anterior ao da atualização", disse o relator.

Tramitação - O projeto tramita em regime de urgência urgentíssima. Regime de tramitação que permite incluir proposta na Ordem do Dia para discussão e votação imediata. Esse regime precisa ser proposto pela maioria absoluta dos deputados (257) ou por líderes que representem esse número. O pedido de urgência urgentíssima precisa ainda ser aprovado por 257 deputados. Esse regime dispensa parecer aprovado em comissão - o parecer pode ser dado oralmente pelo relator, no plenário e está sendo analisado simultaneamente pelas comissões de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. A qualquer momento, poderá ser incluído na pauta do plenário. Em dezembro último, a proposta foi aprovada pela Comissão de Educação.

Fonte: Agência Câmara

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Energia solar com ajuda de vírus


Um grupo de pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, descobriu uma forma inusitada de melhorar a eficiência na conversão de energia solar em elétrica: por meio do uso de vírus. O estudo, publicado na revista Nature Nanotechnology, emprega também nanotubos de carbono para aumentar a eficiência no agrupamento de elétrons na superfície da célula solar para a produção de corrente elétrica.

Essa propriedade dos nanotubos era conhecida, mas seu uso em tal aplicação era prejudicado por dois problemas. Em primeiro lugar, sua fabricação produz geralmente uma mistura de dois tipos: semicondutor e metálico. Outro problema é que os nanotubos tendem a se aglutinar, o que reduz sua eficiência.

A nova pesquisa mostrou que os efeitos dos dois tipos de nanotubos são diferentes e que os semicondutores podem melhorar o rendimento das células solares, enquanto os metálicos têm o efeito oposto.

Para resolver o problema do aglutinamento dos nanotubos, entram em cena os vírus. Xiangnan Dang e colegas observaram que uma versão modificada geneticamente de um vírus conhecido como M13, que geralmente infecta bactérias, pode ser usada para controlar o arranjo de nanotubos em uma superfície, mantendo-os separados e isolados de modo que eles não grudem uns nos outros nem causem curtos-circuitos.

Nos testes, a estrutura com vírus aumentou de 8% para 10,6% a eficiência da conversão energética. Os cientistas do MIT usaram um tipo de célula solar de baixo custo na qual a camada ativa é composta de dióxido de titânio, mas afirmam que a técnica pode ser aplicada em células convencionais de silício.

O conjunto de nanotubos e vírus representa um peso ínfimo, de aproximadamente 0,1% da célula solar. Os vírus realizam duas funções diferentes no sistema. Primeiramente, eles fazem com que pequenas proteínas (peptídeos) se unam fortemente aos nanotubos, mantendo separadas as minúsculas estruturas de carbono. Cada vírus é capaz de segurar até dez tubos, cada um mantido por 300 peptídeos.

Além disso, os vírus foram induzidos geneticamente para produzir um filme de dióxido de titânio - ingrediente fundamental para as células solares utilizadas - sobre cada um dos nanotubos, aproximando o dióxido de titânio dos nanotubos que transportam os elétrons.

As duas funções foram realizadas alternadamente, por meio da mudança da acidez do meio no qual os vírus se encontram. Segundo os autores do estudo, essa troca de função também foi demonstrada pela primeira vez.

Fonte: Agência Fapesp

Há oportunidade para montadora brasileira com tecnologia do carro elétrico, dizem especialistas


Processo ainda deve demorar a se consolidar, mas País teria chance ímpar para empregar uma das mais promissoras tecnologias que começam a surgir no mercado.

Há uma mudança de paradigma em curso na indústria automobilística mundial com a necessidade de substituição de veículos movidos a fontes de energia não renováveis e poluentes por outras ambientalmente menos agressivas. Para especialistas ouvidos por Inovação Unicamp, esse processo ainda deve demorar a se consolidar, mas o Brasil tem uma oportunidade ímpar dentro desse novo cenário para criar uma montadora nacional que empregue uma das mais promissoras tecnologias que começam a surgir no mercado, o carro elétrico. Essa iniciativa seria viabilizada com o aproveitamento da expertise da engenharia automobilística consolidada no País desde a década de 1950, quando começou a produção de carros em solo brasileiro.

Há um ano o governo chegou a marcar a data para o lançamento de um pacote de medidas que incentivariam a produção do carro elétrico no Brasil, mas divergências internas entre os ministérios fizeram com que o anúncio fosse adiado duas vezes por tempo indeterminado Dentro do clube dos países emergentes, que a cada ano ganha mais relevo no cenário econômico mundial, o Brasil é o único que ainda não conta com uma montadora de capital majoritariamente nacional. Há mais de cinco décadas teve início o processo de instalação das indústrias fabricantes de automóveis no Brasil a partir de um projeto do então presidente Juscelino Kubitschek.

Desde então, o País não obteve sucesso com as poucas investidas do setor empresarial nacional para produzir carros e competir com as grandes montadoras estrangeiras.

Outra visão: Novas iniciativas para P&D no setor seriam mais importantes para o ambiente nacional de inovação do que criação de montadora de veículos de capital nacional

Caso singular no mundo - "Sendo um produtor de automóveis, com todas as principais marcas instaladas aqui, o Brasil tem uma competência automotiva desenvolvida, mas é o único País relevante que não tem uma indústria própria, com capital próprio ou associado ao externo", explica o professor Mauro Zilbovicius, do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP). Para ele, isso faz com que o País viva uma situação "sui generis" no mundo automotivo, já que constituiu ao longo das últimas cinco décadas uma grande indústria de autopeças nacional na sua grande maioria.

Zilbovicius pondera, no entanto, que não se trata de levantar uma "discussão nacionalista nos moldes daquela dos anos 50, mas sim de conjugar interesses de oportunidades de investimento". "Há uma conjunção no setor automotivo mundial que define hoje oportunidades para novos players", diz o professor da Poli. "Deve se chamar a atenção de grupos econômicos para essa oportunidade que se abriu neste momento de inflexão tecnológica. Há uma necessidade de soluções para mobilidade urbana, para a qual o automóvel como se conhece não é viável."

Posição de destaque no ranking - O Brasil ocupa a sexta colocação entre os maiores produtores de veículos, tendo produzido 3,6 milhões de unidades em 2010, segundo dados da Associação Nacional de Veículos Automotores (Anfavea) e da Organização Internacional de Construtores de Automóveis (OICA). Em vendas, o País já está em quarto lugar, com 3,5 milhões de unidades. Mas enquanto os países desenvolvidos buscam soluções para substituir o uso dos derivados do petróleo em suas frotas, o Brasil já usufrui de uma tecnologia baseada no desenvolvimento de uma matriz energética renovável com o etanol. De acordo com a Anfavea, de 2003 - quando o carro bicombustível foi lançado comercialmente no Brasil - até 2010, já foram vendidas 12,5 milhões de unidades com esse tipo de motorização. No ano passado, a participação dos veículos com motor flex fuel atingiu a marca de 86%.

Crescimento dos elétricos puros e híbridos - Atualmente, mais de 90% dos veículos do mundo são movidos a gasolina ou diesel, mas essa participação deve cair para uma faixa entre 65% e 85% nos próximos 15 anos, de acordo com um relatório divulgado em março pela empresa de consultoria Roland Berger. O documento "Automotive Landscape 2025" (Panorama automotivo 2025, em tradução livre) prevê que os carros elétricos puros, em compensação, passarão do atual patamar de vendas restrito a nichos para uma fatia que varia de 3% a 12% do mercado em meados da próxima década, estimulados principalmente pela demanda da China, que deverá responder por 31% das vendas totais de veículos leves em 2025. Já os veículos híbridos, que combinam motor de combustão interna e elétrica, deverão representar 40% do mercado. "A crescente fatia global do carro elétrico vai remodelar a atual cadeia de valor da mobilidade em todos os segmentos", destaca o relatório.

Para a Roland Berger, a melhoria nos níveis de emissão dos motores de combustão interna não será suficiente para reduzir a chamada "pegada de carbono" dos países nos próximos anos, e os governos ao redor do mundo já estão se mobilizando para definir políticas que visem metas de redução da emissão de CO². O relatório destaca que as montadoras "terão de expandir seu portfólio de tecnologias e adicionar a eletrificação aos carros em todas as formas, incluindo os veículos híbridos plug-in e os elétricos puros".

Decisão adiada indefinidamente - Em maio de 2010, ainda na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, o governo chegou a marcar a data para o lançamento de um pacote de medidas que incentivariam a produção do carro elétrico no Brasil, mas divergências internas entre os ministérios fizeram com que o anúncio fosse adiado duas vezes por tempo indeterminado. Desde que a presidente Dilma Rousseff tomou posse, em janeiro, sua equipe de governo não deu indícios sobre que rumos seriam tomados nesse setor. Procurado pela reportagem de Inovação Unicamp, o Ministério da Fazenda informou que não poderia se manifestar sobre a realização ou não de estudos referentes ao carro elétrico para não criar expectativas no mercado.

Mauro Zilbovicius, que também é professor da Fundação Vanzolini, concorda que o Estado brasileiro deve interferir nesse processo de transformação da indústria automotiva com instrumentos de política pública, como incentivos fiscais e tributários, e com linhas de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para o professor da Poli, o ponto fundamental é que, ao se criar uma montadora nacional, o centro de decisões deixa de ser localizado no exterior. "O principal é a questão do centro de decisão local, no planejamento dos negócios, e isso não ocorre só na indústria automobilística. Em todos os estudos sobre multinacionais, a centralidade é a chave para o desenvolvimento do próprio País."

A capacidade da engenharia brasileira, adquirida ao longo das últimas décadas, favoreceria muito a instalação de uma montadora nacional no País. "A possibilidade de ter uma indústria local é muito maior do que foi em outros tempos, porque a engenharia automotiva é hoje a chave da indústria, como a sua capacidade de integrar sistemas em um projeto competitivo", afirma Zilbovicius.

Oportunidade por tempo limitado - A "janela de oportunidade" aberta para o Brasil, no entanto, não deverá durar indefinidamente, pois já há montadoras avançando em suas pesquisas e fabricando no exterior carros elétricos, híbridos ou puros, opina o professor Roberto Marx, coordenador do Laboratório de Estratégias Integradas da Indústria da Mobilidade (MobiLAB), da Poli. Além disso, as grandes cidades do mundo estão sofrendo cada vez mais com os problemas da mobilidade e da sustentabilidade e o País não pode ficar para trás nessa corrida, defende Marx. "O Brasil poderia aproveitar melhor suas competências no setor, principalmente com mão de obra, com sua engenharia reconhecidamente competente, e com uma visão de negócios e de produção para viabilizar projetos novos, com fornecimento local", diz Marx.

"Sendo um produtor de automóveis, com todas as principais marcas instaladas aqui, o Brasil tem uma competência automotiva desenvolvida, mas é o único país relevante que não tem uma indústria própria, com capital próprio ou associado ao externo", diz Mauro Zilbovicius. A aposta no carro elétrico, ressalta Marx, também seria beneficiada pela vantagem que o carro elétrico tem de ser mais "modularizável", diferentemente do carro com motor de combustão interna, que tem um "projeto muito mais integrado". O professor do MobiLAB faz um paralelo entre o carro elétrico e os computadores, cujo projeto "desintegrado" permite que seja montado com distintos fornecedores de peças, como placa-mãe, monitor e disco rígido, sem maiores dificuldades. "O carro elétrico tem muito mais essa característica de ser modularizável. É uma facilidade em relação ao carro de motor de combustão, para se particionar em módulos e adquirir as partes externamente, o que facilitaria para o Brasil."

Modelos de pequeno porte com alta tecnologia - Roberto Marx, que também é professor e consultor da Fundação Vanzolini e do Departamento de Engenharia de Produção da USP, acredita que uma empresa brasileira poderia investir em um carro elétrico pequeno, de menor custo, voltado para a resolução do problema da mobilidade nas grandes cidades. "A minha proposta é de fazer uma coisa diferente da iniciativa indiana de ter um carro de US$ 3 mil para substituir a moto ou a bicicleta. Aqui poderia se pensar mais em algo tecnologicamente avançado, mas ainda assim barato e focado nos grandes centros urbanos."

A competência adquirida pela engenharia brasileira no setor automotivo já foi comprovada, por exemplo, nos modelos Meriva, lançado em 2002 pela General Motors (GM), e Fox, lançado em 2003 pela Volkswagen (VW). Os dois foram os primeiros criados a partir de projetos liderados pelo Brasil para os mercados nacional e europeu. "Competência e engenheiros nós temos", afirma Marx. Para ele, o fato de o País possuir uma montadora de capital nacional, mesmo em um setor tão globalizado, seria benéfico por permitir um poder maior de decisão sobre as características do carro e sobre o fornecimento das peças. "Quando a decisão é feita majoritariamente no Brasil, há uma diferença nítida de caracterização do produto."

Marx e Zilbovicius consideram que o Brasil supera países emergentes como a China e a Índia em competência de engenharia automotiva e que muitas empresas desses países também buscam competência em outros lugares do mundo, como o design importado de empresas da Itália pelos coreanos. "O Brasil acumulou muito mais conhecimento para desenvolver automóveis do que a Índia", diz Marx.

Barreiras para entrada na disputa global - Mesmo que um grupo empresarial brasileiro tivesse fôlego e resolvesse investir no projeto de criar uma montadora nacional, as barreiras para a entrada nessa indústria global são altas, já que o carro é um produto de consumo que não implica em know-how apenas de engenharia e produto, defende o professor Ruy Quadros, do Departamento de Política Científica e Tecnológica do Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "As questões de marketing, distribuição e manutenção são bastante complexas. E eu tenho dúvidas se nós temos que pegar dinheiro público para montar esse negócio", questiona Quadros.

Segundo Quadros, não faz sentido investir um montante tão grande de recursos para criar uma montadora que ocupe um espaço restrito do mercado; para ele, também não bastará apenas o mercado interno para manter o negócio. O professor da Unicamp justifica sua posição dizendo que as montadoras estão entre as empresas que mais investem em P&D no mundo atualmente. "Hoje, os modelos são feitos para serem amortizados em nível global."

Apesar de proporcionarem uma melhor eficiência energética, possuírem baixo custo por quilômetro rodado e reduzirem expressivamente a emissão de CO², os carros elétricos ainda têm baixa autonomia, alto custo de aquisição, requerem muito tempo para carregamento das baterias e exigem a adaptação da rede elétrica para abastecimento.

Negociação em curso - Em março, em entrevista ao jornal The Wall Street Journal, o empresário Eike Batista, do grupo EBX, afirmou que deve anunciar em junho ou julho um acordo com uma montadora japonesa ou europeia para construir uma fábrica de veículos no Porto do Açu, um complexo que está sendo criado pela EBX no norte do Estado do Rio de Janeiro. Procurado pela reportagem de Inovação Unicamp, o Grupo EBX confirmou que "várias montadoras estão em contato com o grupo, interessadas em instalar unidade de produção no complexo industrial do SuperPorto do Açu".

A assessoria de imprensa da EBX informou que 70 memorandos de entendimento já foram assinados com empresas de diversos setores interessadas em se instalar no Porto do Açu. O grupo, entretanto, não quis dar detalhes sobre a negociação com o setor automotivo, nem sobre os planos da empresa de investir na tecnologia do carro elétrico, seja por iniciativa própria ou em parceria com grupos do exterior.

Fonte: Inovação Unicamp

Fomento as Ciências na educação básica: O quanto precisamos avançar?


Artigo do engenheiro Alex Vieira.*

A realização de feiras, olimpíadas, prêmios e concursos científicos, em conjunto com a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, se apresentam como bons indicadores na recente empreitada brasileira rumo ao fortalecimento da educação cientifica e da popularização das ciências. Na educação básica, essa empreitada deve buscar, de outro modo, que os educandos possam compreender e refletir sobre o mundo das ciências em detrimento a visões empírico-indutivistas que são invariavelmente disseminadas entre os jovens tanto na educação formal quanto na informal/não formal. Nesse contexto o ensino de ciências se mostra, em grande parte, escasso de recursos, desatualizado e carente de professores que tenham uma formação sólida e assim possam estimular a experimentação, a curiosidade e a criatividade, características expurgadas no contexto do ensino de ciências.

Popularizar as ciências não é uma tarefa simplista que possa ser resolvida apenas no chão da escola, é uma empreitada que perpassa diversas instâncias dentro da sociedade e constantemente se esbarra em obstáculos burocráticos e políticos que ainda devem ser vencidos no Brasil.Não é incomum escutar ou ler que a escola básica padece de eficazes resultados e que nela se acumulam diversos problemas estruturais (funcionamento do sistema), sociais(alunos, professores, funcionários e comunidade) e principalmente pedagógicos (um mix dos outros e muito mais). Isso pode ser constatado na diversificada literatura que trata de temas ligados a educação básica e que nesse exato momento ocupa a mente de autores de muitas monografias, dissertações e teses que buscam indicadores e/ou soluções/esclarecimentos/confirmações para os ditos "distúrbios" no processo ensino e aprendizagem, em particular, na educação pública.

Mesmo assim a escola se supera e consegue produzir em terreno dito "infértil" alguns poucos resultados positivos em prol da instauração de uma cultura de C&T. Muitos desses resultados estão ligados à educação cientifica, quando alunos e professores de escolas públicas produzem projetos de ensino e/ou aprendizagem,em áreas diversas como engenharia, saúde e ciências sociais. É nesse momento que a pesquisa se insere no ambiente escolar, tendo muitas dessas ações vinculadas a instituições cientifica [Universidades e Centros de Pesquisa] e em alguns casos conseguem premiações que valorizam os trabalhos produzidos, dando um significado ao que é estudado e aproximando os jovens das ciências.

Do outro lado da balança está o principal motivo que faz insurgir o presente texto: a incapacidade de manutenção de tais atividades quando estas não são fomentadas no contexto da escola. Exemplo claro é o grande número de projetos oriundos de escolas públicas que deixam de ser apresentados em feiras como a Febrace, por falta de recursos para que professores e alunos, que não residem em São Paulo, possam apresentar seus projetos classificados como finalistas durante a mostra de trabalhos.

É necessária uma tomada de conhecimento por parte das secretarias de educação em suas diversas instâncias [municipais e estaduais] sobre quais atividades estão sendo desenvolvidas nas escolas e, de outro modo, possam ser viabilizados recursos materiais e financeiros, em especial, quando se trata de apresentação de trabalhos que demandem hospedagem e translado de professores e alunos fora de sua cidade.

Professores e alunos, nesse contexto, precisariam se preocupar com o desenvolvimento e conclusão das pesquisas, sua metodologia e seus alcances. Porém, na presente conjuntura, além dos itens já citados, devem "bater em diversas portas" explicando seu projeto, postulando auxilio e ficando a mercê de recursos que até o último momento são duvidosos e em muitos casos não são disponibilizados.

Um País que almeja, mesmo que remotamente, um crescimento econômico e social deve se preocupar com a educação de sua população. Isso é fato! Penso que indiscutível. A educação está além dos muros da escola e por ela perpassa os rumos de uma nação. É por isso que ela está na agenda dos diversos países que apostaram em seu potencial e tornaram-se bem sucedidos em suas empreitadas. Japão, Espanha, Estados Unidos da América, França e Israel, são alguns exemplos, tanto que invariavelmente copiamos seus modelos educacionais. O caso da cópia sem contexto, não é foco do presente texto, mas tais países remetem a reflexão de quais os reais motivos que o Brasil não consegue estabelecer rumos eficazes em relação a um "modelo" próprio de educação sem se prestar aos sabores de delírios financeiros e aos requintes de algumas mágicas pseudo-pedagógicas.

As ciências e as engenharias, no contexto da educação básica brasileira, são a muito negligenciadas, e são recentes iniciativas como as do Departamento para Popularização das Ciências e da Tecnologia no Ministério da Ciência e Tecnologia, que fomenta ações como a Semana Nacional de C&T, citada anteriormente como uma das molas propulsoras rumo à compreensão pública das ciências.Tais ações tramitam desde a educação básica a educação superior e estabelecem novos rumos para um setor que no futuro se desdobra em um forte indicador quando se estabelece critérios relevantes ao número de cientistas e engenheiros que uma nação dispõe. A popularização das ciências já se encontra na agenda do país e esse é o momento para que sejam tomadas decisões eficazes no que tange a educação cientifica e o estimulo as carreiras ligadas às exatas e as engenharias.

Faz-se necessário um recorte para salientar que nossa taxa de inovação é tímida, quiçá inexpressiva, em relação aos chamados países centrais. Nosso modelo de P&D ainda engatinha em um contexto de pré-sal e, só agora, empresas multinacionais começam a se instalar com intuito de formar centros de pesquisas como ocorre atualmente na Ilha do Fundão no Rio de Janeiro [UFRJ] com a chegada de empresas como a Schlumberger (França), FMC Technologies, Baker Hughes e Halliburton (EUA) e a Repsol (Espanha).

Por outro lado ainda persistem visões de conglomerados que veem o Brasil somente como um local de mão de obra barata para montagem de seus equipamentos, como é o caso da chinesa Foxconn [montadora da Aplle] e a recente iniciativa de "produção" do ipad1 no Brasil [Jundiaí (SP)], o que ainda nos deixa, parafraseando um termo em voga, pensando de "dentro da caixa".

Temos atualmente no Brasil a clara necessidade de profissionais técnicos, em especial nas ciências exatas. Profissionais que possam atuar em um mercado onde o desemprego alcançou uma baixa histórica de 12,4% em 2003 para 6,7% em 2010, mas, de outro modo, mantêm do outro lado da moeda um exército de desempregados não qualificados, sedentos por empregos. Tal descompasso atesta a incapacidade de um país em produzir mão-de-obra, mesmo que para reprodução de conhecimento, e estimular carreiras cientificas, em especial, no contexto da educação básica.

Algumas áreas são críticas e expõem um esvaziamento nas carreiras cientificas exatas, tendo sobra de vagas em universidades, inclusive as públicas, em cursos como engenharia civil (28%) e engenharia de petróleo (52%).Fomentar as ciências na educação básica não se restringe em injetar recursos financeiros nas contas bancárias de gestores, muitos destes despreparados, mas leva a uma reflexão sobre como será discutida as ciências e seus desdobramentos na escola básica.

As diversas ações no campo da popularização das ciências e, aqui em especial, as olimpíadas, feiras, concursos científicos e a SNC&T, podem estimular as carreiras cientificas fazendo que o jovem perceba o papel das ciências, não só as ciências exatas, e possam optar por carreiras cientificas que tendem a alavancar os setores produtivos da nação.O quanto precisamos avançar? Talvez essa seja uma questão menor em um contexto onde não dispomos de um pleno entendimento de como se deve dar o fomento as ciências e a tecnologia na educação básica [Vide o nosso Pisa, que mesmo tendo ganho um fôlego, ainda deixa a desejar]. Talvez seja importante negociarmos um conjunto de ações que simplifiquem, por exemplo, as possibilidades de "ilustrados" professores da escola pública [repito, escola pública] mostrarem suas atividades de pesquisa com os alunos, pois já "atravessamos o Rubicão" e não temos outro destino senão organizarmos para decidir quais os futuros profissionais e cidadãos que irão alavancar o país detentor da ordem e do progresso. Alea jacta est.

* Alex Vieira dos Santos é engenheiro de produção civil, Msc.e doutorando em Ensino, Filosofia e História das Ciências, UFBA/UEFS.

Fonte: JCEmail