sexta-feira, 17 de junho de 2011

Espermatozoide de laboratório


Método de produção de células reprodutivas masculinas poderá tratar infertilidade masculina ou melhorar inseminação artificial. No entanto, há vários problemas a vencer. A nova técnica é tema da seção ‘Mundo de ciência’ da CH de maio.

A ciência conseguiu (mais uma vez) imitar a natureza no laboratório ao recriar o processo que leva à formação de espermatozoides. Mais: essas células reprodutivas geraram uma prole sadia. A técnica poderá levar ao melhoramento da fertilização in vitroou da inseminação artificial em humanos.

A equipe de Takehiko Ogawa, da Universidade Municipal de Yokohama (Japão), removeu os testículos de filhotes de camundongos com dois ou três dias de vida – certificando-se de que os animais não tinham ainda espermatozoides maduros.

O material foi colocado em um meio de cultura, na presença da substância KSR, usada para a cultura de células-troco embrionárias (aquelas que têm potencial para se transformar em qualquer tecido do organismo).

Depois de um mês de cultura, os testículos passaram a produzir espermatozoides, que foram tingidos com uma tinta fluorescente verde e usados para inseminar fêmeas, que deram à luz filhotes saudáveis.

A cultura continuou produzindo espermatozoides por mais dois meses.

Esperança e cautela - O método funcionou até com tecidos dos testículos que já estavam congelados havia meses, o que faz da técnica uma promessa para humanos que, por exemplo, irão se submeter a tratamentos que podem causar infertilidade ou que sejam portadores de câncer nos testículos.

Sabe-se que muitos homens inférteis produzem espermatogônias, células que dão origem aos espermatozoides. Para os autores, elas poderiam ser igualmente cultivadas em laboratório, para a obtenção de espermatozoides maduros.

Além disso – e mais importantes –, o trabalho foi feito com camundongos e não se sabe se a técnica funcionará com humanos. Outro obstáculo: ainda não é possível produzir a quantidade de espermatozoides necessária para uma fertilização in vitro.No entanto, há vários problemas a vencer. Primeiramente, ainda não se entendem os mecanismos por trás da cultura à base de KSR – este é um dos pontos que deverão ser atacados pela equipe agora.

Os resultados, publicados na Nature, foram recebidos com entusiasmo tanto pela mídia internacional quanto por especialistas da área. (Cássio Leite Vieira).

Fonte: Ciência Hoje/ RJ (publicado na CH 281 - maio de 2011).

Sarney afirma no plenário do Senado que PEC 33/09 irá a voto em breve



Em intensa agenda realizada quarta-feira (15) dirigentes sindicais, professores e estudantes de Jornalismo participaram do ato nacional em defesa do diploma, em Brasília. Os manifestantes ocuparam as galerias do plenário do Senado. Após manifestações de sete senadores solicitando a votação da PEC 33/09, o presidente da Casa, José Sarney (PMDB/AP), comprometeu-se a colocar a matéria em votação após a desobstrução da pauta de votação de medidas provisórias.

Participaram das manifestações delegações sindicais de Goiás, Rio Grande do Sul, Alagoas, Distrito Federal, Acre, Amapá, Bahia, Paraná, Pará, Município do Rio de Janeiro, São Paulo, Tocantins e professores e estudantes de Jornalismo da UnB e do CEUB.

No início das atividades, os manifestantes reuniram-se com a presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Diploma, deputada Rebeca Garcia (PP/AM). Depois houve um corpo a corpo com deputados e senadores, conquistando novas adesões à Frente Parlamentar.

Os ativistas participaram do lançamento do portal e-democracia juntamente com o autor da iniciativa e da PEC 386/09, deputado Paulo Pimenta (PT/RS) e, posteriormente, concentraram-se nas galerias do plenário do Senado.

Após a manifestação de sete senadores em apoio à luta dos jornalistas e solicitando a votação da PEC 33/09, de autoria do senador Antônio Carlos Valadares (PSB/SE), o presidente do Senado registrou que medidas provisórias têm obstruído a pauta do plenário e que são necessários os votos de no mínimo 49 senadores para aprovação de emendas à Constituição. Sarney assegurou que após a desobstrução da pauta a PEC poderá ser votada.

Para o presidente da FENAJ, Celso Schröder, a mobilização no Congresso Nacional foi positiva. “Principalmente porque o presidente do Senado comprometeu-se publicamente em colocar a PEC na pauta em breve”, destacou.

A FENAJ orienta os apoiadores da campanha em defesa do diploma a ampliarem os esforços de adesão ao abaixo assinado dos cidadãos, ao Manifesto das Entidades e de sensibilização dos senadores para que a PEC 33/09 tramite em regime especial.

Fonte: Fenaj

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Contaminação de alimentos é tema de simpósio em SP


Impacto das mudanças climáticas, alergias e presença de metais pesados
 e resíduos de medicamentos veterinários nos alimentos são alguns dos assuntos em discussão. 

O impacto das mudanças climáticas na proliferação de microorganismos que podem contaminar alimentos é um dos principais temas do 10º Simpósio Internacional Abrapa de Inocuidade de Alimentos, que ocorrerá nos próximos dias 20 e 21, em São Paulo.

Organizado pela Associação Brasileira para a Proteção dos Alimentos (Abrapa), o evento objetiva mostrar os aspectos atuais da segurança química e microbiológica da alimentação humana em todo o mundo.

As consequências do aquecimento global na ecologia microbiana e na inocuidade dos alimentos serão objeto da palestra da pesquisadora Lee-Ann Jaykus, da Universidade da Carolina do Norte, nos EUA. "Ela mostrará que a elevação da temperatura média do planeta favorece a proliferação de microorganismo, o que aumenta o risco de contaminação dos alimentos", informa a farmacêutica bioquímica Mariza Landgraf, da comissão organizadora do simpósio e professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP.

O outro tema de destaque é a diferença entre alergia e intolerância a alimentos, que será abordado pela médica Suzanne Teuber, da Universidade da Califórnia, nos EUA. De acordo com ela, há muita confusão a respeito e nem sempre os casos tidos como de alergia de fato o são. Muitas vezes é apenas intolerância, que gera reações mais brandas do organismo.

"Também será debatida a resolução da Anvisa (RDC 12) que estabelece os padrões microbiológicos sanitários para alimentos no Brasil", diz Mariza. "Essa resolução foi editada em 2001 e deveria ser revista dois anos depois. Mas isso nunca ocorreu". A RDC 12 será discutida em uma mesa-redonda, com a participação de representantes das indústrias da carne, de laticínios e vegetais, de laboratórios de análises, de universidades e da Anvisa. "É provável que sejam sugeridas alterações na RDC 12", diz Mariza. "De 2001 para cá surgiram muitos novos alimentos e novas tecnologias para produzi-los e processá-los. A legislação deve ser adaptada a essas mudanças".

Outros temas em discussão se referem à presença de metais pesados, resíduos de medicamentos veterinários e de pesticidas nos alimentos, e aos riscos de contaminação no processamento de alimentos. Serão discutidas também situações em que empresas alimentícias têm de fazer bloqueio de alimentos (recall), com a apresentação de um estudo de caso.

O simpósio se destina aos profissionais de empresas de alimentação, instituições de pesquisa e órgãos públicos encarregados da normatização e fiscalização do setor. Informações detalhadas estão em http://www.abrappa.org.br.

Abrapa - A Associação Brasileira para a Proteção dos Alimentos é uma associação civil sem fins lucrativos, de caráter científico e educacional, fundada em março de 2002. É filiada da International Association for Food Protection Inc. Seus principais objetivos são promover fóruns de discussão para profissionais da área de inocuidade e qualidade de alimentos, fazer intercâmbio de informações técnicas e científicas, divulgar informações relativas à segurança alimentar e cooperar com outros grupos profissionais na melhoria e na promoção da inocuidade dos alimentos.

Fonte: Acadêmica-Comunicação

A pesquisa em educação e a qualidade da escola básica


Artigo de Luciano Mendes de Faria Filho. 

Nos inúmeros debates que ora se travam sobre a qualidade da educação básica no País, é muito comum ouvirmos a indagação de como é possível termos uma pós-graduação e pesquisas de excelência na área e, ao mesmo tempo, uma escola básica de qualidade muito discutível. O argumento por detrás desta indagação quase sempre é que a pesquisa na área, apesar de abundante e qualificada, não impacta a qualidade da escola pública brasileira.

De fato, a comunidade de pesquisa em educação é a maior comunidade científica do País segundo os dados do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq: ela reúne mais de 5.500 doutores, mais de 3 mil professores em Programas de Pós Graduação das áreas de Educação e Ensino de Ciências e Matemática e algumas dezenas de milhares de alunos de mestrado e doutorado.

Mas, é preciso perguntar: seria correta (e justa) a idéia de que a pesquisa que fazemos não impacta a qualidade da escola pública? Parece-me que não. Talvez, para efeitos de comparação, poderíamos perguntar também: será que pesquisa na área medica não impacta a saúde pública no Brasil? E aquelas das áreas das engenharias, não têm impacto na qualidade das estradas ou do trânsito no País?

Como se vê, se tomarmos estes rumos, muitas seriam as áreas cujas pesquisas ficariam em suspeição a respeito de sua contribuição á melhoria dos serviços públicos que lhes são afetos. Mas não me parece que o caminho seja este.

Em primeiro lugar, um olhar mais apurado nos permitiria ver que muitas das melhores políticas de educação desenvolvidas nos diversos níveis da administração pública - da educação infantil ao ensino superior - têm por base os conhecimentos produzidos e acumulados nas últimas décadas nos Programas de Pós Graduação em Educação e de Ensino de Ciências e Matemática. Dentre os inúmeros exemplos que poderíamos citar está, com certeza, a política nacional do livro didático destinados às séries iniciais.

Quem não reconhecer, hoje, o salto de qualidade que se deu nesta política pública de educação que atinge milhões de alunos é porque não se deu ao trabalho de comparar a qualidade dos livros didáticos brasileiros de hoje com aqueles de algumas décadas anteriores.

Em segundo lugar, analisando a história do Brasil, nossa cultura política e a políticas educacionais que aqui se desenvolvem desde pelo menos o nascimento do Império, no século 19, não deveria surpreender-nos o fato de termos uma ótima pós graduação (para poucos) e uma escola pública básica cuja qualidade todos criticamos (para muitos). Ou seja, esta situação reflete, de maneira transparente, o que é o Brasil! Ou não?

Parece-me mais correto e honesto nos perguntarmos sobre os fatores intervenientes que impedem que os conhecimentos produzidos pelas pesquisas na área de educação e as boas experiências conduzidas em parceria entre pesquisadores e escolas, tenham um maior impacto nas escolas básicas de todo o Brasil. Boa parte das razões que dificultam às pesquisas impactarem mais fortemente a qualidade da escola básica estão, como se evidencia continuamente, no âmbito das políticas públicas para a área. É aí, neste terreno em que os pesquisadores têm muito pouca ingerência ou capacidade de intervenção, que se decide a sorte da escola pública brasileira. Neste terreno, também são bem conhecidos os grandes problemas enfrentados pelas escolas e não cabe aqui repeti-los.

Ou seja: definitivamente não é por falta de conhecimento que a nossa escola pública não é de melhor qualidade. O que já sabemos, hoje, sobre a escola, os processos de ensino e aprendizagem, a gestão e as demais dimensões que compõem e estruturam esta complexa instituição que é a escola, é muito mais do que suficiente para darmos um salto de qualidade em nossas escolas públicas. Uma contribuição fundamental dos pesquisadores da educação, em parceria com os professores da escola básica e ativistas sociais, foi, justamente, tornar este conhecimento um senso comum crítico sobre a escola brasileira.

A educação escolar é um assunto complexo e é uma irresponsabilidade pública achar que ela pode ser conduzida por amadores e/ou por quem não conhece minimante as teorias básicas que dão suporte á intervenção pedagógica. Tal posição significa que é preciso tratar a pesquisa e os pesquisadores da área de educação com mais respeito e consideração, reconhecendo não apenas a complexidade dos temas que abordam e a sua expressiva contribuição para a produção do conhecimento sobre os fenômenos educativos.

Passar da pesquisa e da produção do conhecimento á política é uma tarefa que, como sabemos, quase nunca depende do pesquisador e da qualidade do conhecimento que ele possui. Por isto, responsabilizar o pesquisador em educação pela qualidade da escola pública é ingenuidade ou, pior ainda, má fé que esconde interesses inconfessáveis.
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Luciano Mendes de Faria Filho é professor da UFMG; ex-coordenador do CA-Educação do CNPq.

Fonte: JCEmail

Cientistas induzem célula a emitir raio laser


Cientistas americanos induziram uma célula a produzir luz laser, diz um artigo publicado na revista científica Nature Photonics. 

A técnica se baseia em uma célula que foi programada geneticamente para produzir uma proteína - encontrada naturalmente em uma espécie de água-viva - capaz de emitir luz.
Quando a célula é iluminada com uma tênue luz azul, passa a emitir luz laser verde direcionada.

O trabalho pode ter aplicações na geração de imagens microscópicas de qualidade superior e também em tratamentos médicos que utilizam luzes. A luz laser se diferencia da luz normal porque ela tem um espectro mais reduzido de cores, como ondas de luz que oscilam juntas, em sincronia.

As formas mais modernas de laser utilizam materiais sólidos construídos cuidadosamente para produzir lasers usados em diversos aparelhos eletrônicos, entre eles, escaneadores de supermercados, tocadores de DVDs e robôs industriais.

Avanço - O trabalho dos cientistas Malte Gather e Seok Hyun Yun, do Wellman Center for Photomedicine do Massachusetts General Hospital, nos Estados Unidos, estabelece um precedente importante: esta é a primeira vez que um organismo vivo produz a luz laser.

A dupla usou uma proteína verde fluorescente (Green Fluorescent Protein, ou GFP, na sigla em inglês) como um meio de ganho, para a amplificação da luz.

Objeto de muitos estudos, a molécula GFP - encontrada originariamente em uma espécie de água-viva - revolucionou a biologia ao agir como uma "lanterna" que pode iluminar sistemas vivos.

As células foram colocadas, uma de cada vez, entre dois minúsculos espelhos com 20 milionésimos de um metro de comprimento. Os espelhos funcionaram como uma "cavidade laser" na qual raios de luz foram refletidos múltiplas vezes, banhando a célula.

Quando a célula foi exposta à luz azul, passou a emitir luz verde intensa e direcionada. As células continuaram vivas durante e depois do experimento. Em uma entrevista que acompanha o artigo na Nature Photonics, os cientistas observaram que o sistema vivo é "auto-regenerativor". Ou seja, se as proteínas que emitem luz são destruídas no processo, a célula simplesmente produz mais proteínas.

"Em terapias baseadas em luz, diagnóstico e geração de imagens, as pessoas procuram formas de transportar luz emitida por uma fonte externa de laser para um ponto profundo no interior do tecido. Agora, podemos abordar o problema de outra forma: amplificando a luz no (próprio) tecido".

Fonte: BBC News

USP cria graduação em ciências biomédicas


Os candidatos ao vestibular mais concorrido do País terão uma nova opção de carreira para escolher a partir deste ano. A Universidade de São Paulo (USP) criou o curso de graduação em ciências biomédicas.

Com duração de oito semestres, o curso, que será oferecido já no próximo vestibular da Fuvest e será ministrado a partir de 2012 no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, em São Paulo, em período integral, pretende formar cientistas na área biológica para desenvolver projetos multidisciplinares de pesquisa de fronteira.

Para isso, o curso pretende possibilitar aos alunos um amplo conhecimento dos aspectos básicos da biologia humana, dos processos patológicos e das abordagens diagnósticas e terapêuticas para aplicação na medicina translacional - a "tradução" da pesquisa biológica em práticas clínicas. E, ao mesmo tempo, incentivá-los a participar, desde o ingresso no curso, em pesquisas científicas.

"O curso será voltado, basicamente, para formar pesquisadores na área biológica voltada à saúde, tendo acesso a conceitos avançados de conhecimento, como genômica, bioinformática, terapias celular e gênica, medicina translacional, sequenciamento de nova geração, desenho racional de drogas, etc. Eventualmente, os graduandos também poderão atuar em empresas de iniciativa privada ligadas à área de biomédicas, como a indústria farmacêutica e a de alimentos ou ainda em laboratórios de análise, desde que façam cursos de especialização após o curso", disse o professor do ICB e um dos idealizadores do curso, Carlos Frederico Martins Menck.

De acordo com o professor, isso será possível devido ao formato da grade curricular do novo curso, que tem uma certa flexibilidade, e permitirá ao aluno optar pelo seu próprio caminho de formação.

Nos dois primeiros anos e meio de curso, os estudantes cursarão um conjunto de disciplinas obrigatórias, com enfoque multidisciplinar, integrando áreas como anatomia, fisiologia, biologia celular, genômica e bioinformática, entre outras. Posteriormente, terão que realizar um estágio, no qual desenvolverão um projeto de pesquisa experimental.

Ao fim do curso, o graduando poderá receber, preferencialmente e dependendo do trabalho desempenhado em seu estágio experimental, uma das seguintes habilitações: biofísica; imunologia; microbiologia; parasitologia; fisiologia; biologia molecular; histologia humana; bioquímica e embriologia.

Aumento de vagas - Segundo Menck, desde a Reforma Universitária de 1968 não se aumentava o número de vagas em cursos de graduação em São Paulo para formar cientistas na área biológica sem viés profissional, ou seja, orientados também para áreas de interesse das indústrias.

Alguns exemplos isolados foram cursos de graduação em ciências biológicas criados na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), em Piracicaba, e outros relacionados à área na USP de São Carlos. Porém, o curso na Esalq tem um certo cunho vegetal e os da USP de São Carlos tinham enfoque na parte estrutural.

"Além desses exemplos, foram criados dois cursos muito bons, que são o de Ciências Moleculares (multi-institucional) e o de Ciências Fundamentais para a Saúde, este ministrado pelo ICB, que também formam pesquisadores. Mas as vagas para esses cursos não são oferecidas no vestibular - o ingresso ocorre apenas por transferência de estudantes da própria USP - e eles formam poucos alunos", explicou.

Com base nessa constatação e na necessidade de formar cientistas na área biológica, com maior foco em saúde, para realizar pesquisa translacional, em 2006 um grupo de trabalho composto por professores do próprio instituto propôs a criação do curso, que foi aprovado em dezembro de 2010 pelo Conselho Universitário da USP, juntamente com o novo bacharelado em saúde pública. Com isso, a USP se soma a outras universidades públicas que oferecem o curso de bacharelado em ciências biomédicas para formar pesquisadores.

O primeiro curso de ciências biomédicas foi instituído em 1966 pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) - na época, Escola Paulista de Medicina - originado da necessidade de pesquisadores e docentes para as áreas básicas.

Com a criação do curso, algumas universidades particulares viram nele um nicho para formar profissionais para trabalhar com análises clínicas, em hospitais e laboratórios, que não é o objetivo do novo curso de ciências biomédicas da USP, ressalta Menck.

"O novo curso será diferenciado. Mas ele se aproxima e converge com os cursos oferecidos por outras universidades públicas, no sentido de formar pesquisadores", disse.

Inicialmente, serão oferecidas 40 vagas para o curso no próximo vestibular da Fuvest, e a expectativa é que a concorrência seja de, aproximadamente, 20 candidatos por vaga.

Fonte: Agência Fapesp

Especialistas defendem programa espacial como política de Estado


O programa espacial foi debatido em audiência da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática.

O Programa Espacial Brasileiro precisa tornar-se uma política de Estado e deixar de sofrer com as oscilações políticas do País e os ciclos ruins da economia, que acabam provocando os cortes orçamentários que minam sua eficácia e atrasam em muito a consecução das metas traçadas.

Esse foi o consenso que uniu os palestrantes da audiência pública promovida na terça-feira (14) pela Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática para discutir o tema. O ex-ministro da Ciência e Tecnologia Roberto Amaral foi incisivo no alerta de que "os atrasos no programa afetam a soberania nacional e o futuro do País".

Ele lamentou que o caráter estratégico do programa não seja reconhecido pelo governo, a começar pela ausência de um órgão efetivamente capaz de coordená-lo. "A Agência Espacial Brasileira (AEB), com sua atual estrutura deficiente, não desempenha esse papel", afirmou.

Falta de pessoal - O diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Gilberto Câmara, revelou que o Brasil deverá lançar um satélite por ano entre 2012 e 2020 - contra uma média recente de um a cada quatro anos. Ele explicou que o foco do programa é permitir a agregação de valor às condições naturais vantajosas das quais o País desfruta.

O presidente da AEB, Marco Antonio Raupp, destacou que o programa tem um papel importante para a solução de grandes problemas nacionais, em áreas como a agricultura, a energia, a vigilância das fronteiras, entre outras.

Raupp descreveu um quadro preocupante a respeito da falta de pessoal. O Inpe conta com apenas 1.150 técnicos (contra 1.700 na década de 80), enquanto o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) tem tão somente 1 mil (contra 2.500). "É muito pouco, comparado, por exemplo, à Índia, país emergente e membro dos Brics, como o Brasil, que soma 16 mil." Segundo ele, o número de técnicos vem diminuindo porque as contratações pararam desde o final da década de 80, e muitos, desde então, se aposentaram ou buscaram empregos mais rentáveis.

Fim de uma geração - O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia, Fernando Morais Santos, disse que o programa espacial é uma "tragédia de desinteresse e omissão", e que os servidores estão desmotivados e com baixa autoestima. "São quase todos velhinhos que estão lá desde o início do programa, e hoje conversam com técnicos jovens de outros países, como a China, que então nem eram nascidos", contou Morais Santos.

O diretor-geral do DCTA, tenente-brigadeiro-do-ar Ailton dos Santos Pohlmann, advertiu para a urgência de concursos públicos para contratar uma nova geração de técnicos, enquanto há tempo para que possam conviver com os atuais, a grande maioria já bem próxima da aposentadoria.

O risco, bastante grave, disse Pohlmann, é de uma interrupção no processo histórico de acumulação de conhecimento tecnológico, com o fim de uma geração sem o surgimento de uma nova. "Estamos perdendo pessoal numa velocidade cada vez maior; até 2020, todos estarão fora", previu.

Deputado critica falta de atenção do ministro - O deputado Ribamar Alves (PSB-MA), ex-presidente da Frente Parlamentar do Programa Espacial, pôs em dúvida o futuro do programa sob a gestão do ministro Aloizio Mercadante à frente da pasta da Ciência e Tecnologia. O deputado queixou-se de até hoje não ter conseguido sequer uma audiência com o ministro, apesar de tentar incansavelmente desde o início do ano.

Já o deputado Carlinhos Almeida (PT-SP), autor do requerimento da audiência desta terça-feira da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, ponderou que o ministro Mercadante está avaliando com cuidado a situação do programa e, em breve, deverá apresentar uma proposta para reestruturá-lo. Almeida destacou a importância da urgente contratação de uma nova geração de técnicos na área espacial, para garantir a continuidade do programa.

Visitas - A comissão acatou proposta do deputado Sibá Machado (PT-AC) para uma visita ao DCTA, ao Inpe e à base de Alcântara, no Maranhão. Além disso, Machado revelou estar em contato com uma série de entidades ligadas à área espacial, as quais deverão entregar, por volta do fim de junho, uma proposta concreta de novo arcabouço legal para apoiar o programa.

O deputado Arolde de Oliveira (DEM-RJ) sustentou que tornar o Orçamento da União impositivo, de execução obrigatória, é a solução tanto para o programa espacial como para outros problemas nacionais.

Fonte: Agência Câmara

Ministro defende investimento de 7% do PIB em educação; entidades pedem 10%


Fernando Haddad disse que o governo está "aberto ao diálogo".

O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (15) que a meta de ampliação do investimento público em educação de 5% para 7% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2020 é "lógica". A declaração foi dada em um auditório lotado de professores e representantes de entidades civis que pedem a aplicação no setor de pelo menos 10% do PIB em dez anos.

A meta está prevista na proposta do governo, em tramitação na Câmara, que estabelece o Plano Nacional de Educação (PNE - PL 8035/10). O projeto já recebeu quase 3 mil emendas de deputados - muitas delas preveem o aumento das verbas para a área.

De acordo com Haddad, o valor levou em consideração as promessas de campanha da presidente Dilma Rousseff e os recursos necessários para que as metas previstas no projeto sejam atendidas. Segundo ele, a mudança representaria anualmente R$ 80 bilhões a mais para o setor.

O ministro também argumentou que o aumento de 2% em dez anos corresponde à ampliação do investimento público feito na área nos últimos anos. Segundo ele, foram destinados à educação, em média, 0,2% do PIB a mais por ano nos últimos cinco anos.

Haddad disse, porém, que o governo está disposto a negociar novos valores. A proposta que estabelece o PNE prevê 20 metas com temas diversos, além do financiamento do setor, como educação básica e superior, ensino especial, índices de qualidade e remuneração dos professores. "Agora é fazer conta. Temos verificar se as metas serão modificadas para mais e qual o impacto financeiro disso. Estamos à disposição para dialogar sobre um plano exequível", disse Haddad.

O debate com o ministro da Educação foi organizado pela comissão especial destinada a analisar a proposta do PNE. O prazo para emendas à proposta do governo já foi encerrado. Contudo, caso o relator, deputado Angelo Vanhoni (PT-PR), apresente um substitutivo a texto, o prazo será reaberto. A expectativa é que Vanhoni apresente seu parecer até o próximo mês de agosto.

Metas tímidas - Deputados presentes à reunião classificaram de tímidas as metas previstas na proposta do PNE. Além da meta de investimentos públicos, criticada por Ivan Valente (Psol-SP) e Fátima Bezerra (PT-RN), os deputados destacaram outros pontos que, segundo eles, ainda podem ser "mais ousados". Fátima Bezerra, presidente da Comissão de Educação e Cultura, defendeu a ampliação de 33% para 40% da meta de atendimento dos jovens de 18 a 24 anos no ensino superior.

A deputada, que apresentou cerca de 400 das quase 3 mil emendas à proposta, também sugeriu a equivalência entre os salários dos professores e aqueles dos outros profissionais de nível de escolaridade equivalente. O projeto do governo prevê apenas a "aproximação" dessas remunerações.

Ensino profissional - Uma das metas consideradas "pouco ousadas" na reunião foi a previsão de duplicação das matrículas da educação profissional técnica de nível médio até 2020. Fernando Haddad, porém, admitiu que esse número foi subestimado e pode ser revisto.

Para o deputado Artur Bruno (PT-CE), o ensino profissional foi desvalorizado durante anos e precisa de um investimento maior que aquele recebido pelos outros níveis de ensino. "O resultado das políticas equivocadas dos governos anteriores é que hoje vemos um apagão de mão de obra qualificada no País", disse.

Segundo Haddad, a meta de duplicação das matrículas do ensino profissional médio deve já em 2014. A aceleração, de acordo com o ministro, deve-se ao Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), instituído por um projeto de lei em tramitação na Câmara (PL 1209/11). O programa estabelece oferta de bolsas para estudantes, garantia de financiamento na rede privada de ensino e expansão das vagas em escolas públicas.

Fonte: Agência Câmara

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Cientistas descobrem genes relacionados com as enxaquecas


O estudo é apontado como o maior do tipo feito até agora. 

Foram descobertas três variações em três genes que apareceram mais frequentemente em pacientes com enxaqueca. Dois deles, conhecidos como PRDM16 e TRPM8, eram específicos de enxaquecas, e contrários a outros tipos de dores de cabeça.

Cientistas descobriram um trio de genes vinculado com as enxaquecas, inclusive um relacionado exclusivamente com as mulheres, segundo um estudo publicado na revista britânica Nature Genetics. As enxaquecas são dores de cabeça intensas - às vezes com uma "aura", na qual os pacientes têm a impressão de olhar através de vidro congelado -, e que afetam cerca de 20% da população.

Os cientistas descrevem a condição, que é três a quatro vezes mais comum entre as mulheres, como uma desordem cerebral em que os neurônios ou células cerebrais respondem de forma anormal a estímulos. A causa exata é desconhecida, mas acredita-se que fatores hereditários tenham um papel significativo.

Para ter acesso ao componente genético, Markus Schuerks, do Hospital Brigham para Mulheres, em Boston, coordenou uma varredura internacional de genomas com 23.230 mulheres, das quais 5.122 sofriam de enxaqueca. Os chamados estudos de associação genômica comparam diferenças entre indivíduos nos cerca de três bilhões de pares dos blocos de construção molecular encontrados no código genético humano.

O estudo é o maior do tipo feito até agora. Ele descobriu variações em três genes que apareceram mais frequentemente em pacientes com enxaqueca. Dois deles, conhecidos como PRDM16 e TRPM8, eram específicos de enxaquecas, e contrários a outros tipos de dores de cabeça.

Além disso, o TRPM8 se vinculava a enxaquecas unicamente em mulheres. Estudos anteriores demonstraram que o mesmo tipo de gene contém o "marcador" genético de um sensor de dor, tanto em homens quanto em mulheres. O terceiro gene suspeito, o LRP1, está vinculado com a percepção do mundo exterior e em trajetos químicos dentro do cérebro. "O cérebro de uma pessoa com enxaqueca responde de forma diferente a alguns estímulos, suas células nervosas 'conversam' de forma diferente do que os demais", explicou Shuerks por e-mail.

"Muitos neurotransmissores participam desta conversa cruzada e alguns parecem ter um papel especial nas enxaquecas. O LRP1 interage com alguns destes caminhos de neurotransmissores e, portanto, podem modular as respostas nervosas que promovem ou suprimem as crises de enxaqueca", acrescentou. Nenhuma das variedades genéticas apareceu vinculada especificamente a enxaquecas com ou sem auras.

As descobertas, publicadas na revista Nature Genetics, foram replicadas em dois estudos menores com populações, um na Holanda e outro na Alemanha, e em um grupo clínico acompanhado pelo International Headache Genetics Consortium. "A herança de qualquer uma das variedades genéticas altera os riscos de enxaqueca em 10% a 15%", disse Schuerks.

A influência destes genes provavelmente não é grande o suficiente para ser imediatamente usado como uma ferramenta de diagnóstico. Mas o resultado "é um avanço na compreensão da biologia da enxaqueca", afirmou.

Fonte: Jornal do Commércio-PE/AFP

Pesquisa mostra insatisfação com novo texto do Código Florestal


Datafolha entrevistou 1.286 pessoas e revelou que a opinião dos eleitores não foi levada em consideração pela Câmara, já que a maioria é contra as principais mudanças na legislação e apoiaria o veto da presidente Dilma.

Em um sinal claro de descontentamento com a atual proposta para o novo Código Florestal, sendo agora avaliada pelo Senado depois de aprovada pela Câmara dos Deputados, 85% dos entrevistados por uma pesquisa de opinião afirmaram que o principal foco da legislação deve ser a proteção das florestas, mesmo que isso signifique alguma limitação à produção agropecuária.

Além disso, 83% apoiariam o veto presidencial à anistia dos desmatamentos ilegais realizados até julho de 2008, como sugere o texto do deputado Aldo Rebelo (PC do B). De cada 10 eleitores entrevistados, oito não votariam em um deputado ou senador favorável a essa medida.

A pesquisa, com margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos, foi realizada pelo Instituto de Pesquisas Datafolha e ouviu 1286 pessoas de todas as regiões e classes sociais entre 3 e 7 de junho sob encomenda das instituições: Amigos da Terra - Amazônia Brasileira, Imaflora, Imazon, Instituto Socioambiental, SOS Mata Atlântica e WWF-Brasil.

"Há um claro descolamento entre a opinião da sociedade e de seus supostos representantes na Câmara dos Deputados. Como pode 85% dos deputados apoiarem um projeto que é rejeitado por 85% da população? Isso mostra que muitos deputados acreditaram que os interesses de grupos de interesse específicos eram idênticos ao da população em geral, mas estão enganados. Espero que muitos revejam seu posicionamento, sobretudo se a matéria voltar à Câmara", opina Raul Silva Telles do Valle, coordenador adjunto do Programa de Política e Direito do ISA.

No caso do perdão do desmatamento ilegal, foram realizadas duas perguntas. Quando se oferecem três opções, é possível observar que a primeira escolha da população é a mais rigorosa, isto é a de punir em qualquer caso para dar o exemplo, escolhida por 48% dos entrevistados; em seguida vem a opção intermediária (a de punir só quem se recusa a repor a floresta) com 45%, enquanto a opção de perdoar sem repor a floresta, aprovada pela Câmara dos Deputados, atinge meros 5%. Quando se apresentam apenas duas opções, 79% se declaram em geral contra perdoar penalidades e multas (com 19% que aceitam esta possibilidade) e 77% se declaram contra a dispensa da reposição da floresta (com 21% que a admitem).

Já no caso da ocupação das Áreas de Preservação Permanente (APPs), prevalece a opção intermediária, ou seja, a de manter apenas cultivos que segurem o solo e não gerem riscos de acidentes, com 66%, seguida da opção de remover todos os cultivos, com 25%, enquanto aquela de manter todos os cultivos - conforme proposta aprovada pela Câmara dos Deputados - é apoiada por apenas 7% da população.

A opinião geral de descontentamento sobre o tema é confirmada com 79% apoiando o eventual veto da presidente, no caso em que o Senado validasse a proposta da Câmara. Trata-se de uma parcela muito superior àquela que aprova em geral a atuação de Dilma, que foi de 47% na mais recente pesquisa Datafolha, em março.

Apesar da maioria dos entrevistados, 62%, afirmar que tomou conhecimento dos debates do código florestal, apenas 6% se considerou "bem informado" sobre o que estava sendo discutido. Isto talvez explique porque 77% apoiam a proposta da comunidade dos cientistas para adiar a votação no Senado, de forma a ter mais embasamento técnico-científico na nova legislação. O percentual dos que consideram que seria melhor votar imediatamente é de 20%.
Na avaliação do superintendente de Conservação do WWF-Brasil, Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza, a pesquisa é um instrumento muito importante para compreender a opinião da população em torno de assunto que tem gerado tantos debates.

"É extraordinário constatar que uma parte tão grande da população rejeite a proposta de reforma do Código Florestal aprovada na Câmara", afirmou Scaramuzza. "Agora é à hora de o Senado ouvir a voz do povo e impedir o desmantelamento do Código Florestal. A forte preocupação da população com a conservação das florestas é o alicerce para o governo se empenhar de forma firme junto aos senadores para aperfeiçoar a lei atual assegurando sua implementação efetiva e o cumprimento das metas de reduções de emissões do Brasil. Dessa forma, teremos florestas melhor conservadas, água para as cidades e áreas rurais, habitat para a biodiversidade, solos e polinizadores para a agricultura, além de darmos nossa contribuição para um clima mais seguro", avaliou.

Veja a pesquisa completa em:

Fonte: Carbono Brasil

INT participa do primeiro Simpósio Internacional de Modelos Humanos Digitais


Oito designers do Instituto Nacional de Tecnologia (INT) participam do 1º Simpósio Internacional de Modelos Humanos Digitais, que ocorre em Lyon, na França, até sábado (18).

A ida do grupo da área de Desenho Industrial do INT, atuante no Laboratório de Ergonomia, tem apoio da Petrobras e da Finep (CT Petro), por meio do projeto Sistemas de simulação de cenários virtuais a partir de modelagem humana virtual 3D para mapeamento de riscos e incremento da Confiabilidade Humana no Cenpes/Petrobras.

Trabalhos desenvolvidos ao longo desse projeto, em execução desde 2008, serão apresentados no evento, revelando dados obtidos a partir da tecnologia de ponta, que utiliza scanners tridimensionais a laser, permitindo a construção de modelos humanos virtuais 3D, representativos da população ocupada nas plantas piloto do Centro de Pesquisa da Petrobras. Os modelos humanos digitais são essenciais para o correto desenvolvimento de projetos de produtos, postos e ambientes de trabalho com os quais pessoas interagem cotidianamente no trabalho, além de permitirem mapear riscos, otimizar a produtividade e assegurar a segurança desses trabalhadores.

Juntamente com os ambientes virtuais, os modelos humanos digitais são cada vez mais utilizados na fase inicial de concepção de um produto e no planejamento de estações de trabalho. Os modelos devem se comportar como um verdadeiro ser humano, não só em termos de antropometria e biomecânica, mas também em termos de movimento, o desconforto, atenção, percepção e acidentes de trabalho. O simpósio é a primeira oportunidade para a troca de informações mundiais entre pesquisadores, editores de software e usuários finais dessa nova tecnologia.

O Simpósio Internacional tem a participação do Comitê Técnico de Simulação Humana e Ambientes Virtuais, da Associação Internacional de Ergonomia (IEA) e tem entre seus destaques a mesa redonda para a discussão das lacunas na relação entre os pesquisadores de Modelagem Humana Digital e usuários finais. Um subcomitê técnico será constituído para elaboração de normas técnicas para Modelagem Humana Digital e Reunião preparatória do Seminário de Modelagem Humana Digital e Simulação de Ambientes de Trabalho.

O laboratório de Ergonomia do INT, por meio das tecnologistas Maria Cristina Zamberlan e Flávia Pastura, representa a América Latina no World Engineering Anthropometry Resource (Wear). A entidade agrega países como EUA, África do Sul, Japão, Holanda, França e Coréia do Sul e atua na padronização de métodos de pesquisa e na criação de uma base mundial de dados antropométricos, e também atua no comitê da IEA sobre o tema.

No simpósio, o INT tem apresentação e pôster sobre o tema Simuladores de interação social: games sérios para o design de sistemas sócio-técnicos complexos, em parceria com o departamento de Engenharia Industrial da PUC-Rio e com o Instituto de pesquisas em Informática de Tolouse da Université Paul Sabatier, na França.

A participação do Brasil nesses fóruns de discussão tem sido crescente. O segundo 18º Simpósio Internacional de Ergonomia, evento principal da IEA, ocorre em Recife (PE), de 14 a 16 de fevereiro de 2012. Antes disso, no dia 9, um grupo de dirigentes da Associação Internacional de Ergonomia visitaa área de Desenho Industrial do INT.

Fonte: Ascom do INT

Decisão da Anvisa sobre uso da sibutramina deve sair em agosto


O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Dirceu Barbano, disse que a Anvisa decide até agosto se o medicamento, utilizado para o tratamento da obesidade, deve ser proibido. 

Ele acredita que o grupo técnico, criado para avaliar os riscos de segurança do remédio e de outros moderadores de apetites anfetamínicos, deverá concluir seu trabalho em até 15 dias. Nesta terça-feira, a Anvisa promoveu painel com especialistas do Brasil e do exterior para discutir os risco à saúde provocados pela sibutramina e pelas anfetaminas, como femproporex, mazindol e dietilpropiona.

Até agora, os técnicos da Anvisa ainda não se convenceram de que os benefícios provocados pela sibutramina são maiores do que seus riscos à saúde, especialmente por causa da comprovação científica de que o medicamento provoca aumento da pressão arterial. A classe médica, entretanto, se divide sobre o diagnóstico da equipe técnica da Anvisa. Endocrinologistas e nutrólogos, por exemplo, são favoráveis ao uso restrito do medicamento. Já a Sociedade de Cardiologia, também representada no painel, ponderou que os riscos são maiores do que os benefícios.

Barbano indicou que, por ora, não tem argumentos para discordar da indicação da área técnica, contrária à venda dos medicamentos no Brasil. - Queremos que os médicos indiquem quais são os pacientes que podem ser tratados com esses medicamentos. Até agora, não indicaram quem são esses pacientes. Precisamos responder três questões: o que dizer aos pacientes com prescrição de sibutramina, qual seria o compromisso dos médicos para prescrever adequadamente e como explicar que a sibutramina é permitida no Brasil, mas proibida em quase todo o mundo - afirmou Barbano, antes de indicar um prazo para a decisão da diretoria colegiada do órgão, formada por quatro integrantes:

- Acredito que em até 15 dias, o grupo técnico faça o relatório de seu painel. Assim, entre o final de julho e o começo de agosto deveremos nos reunir para discutir o assunto.

O diretor da Anvisa explicou que o Brasil responde, sozinho, por mais da metade das vendas de sibutramina no mundo. Em 2010, foram vendidas 5,6 toneladas, das quais três toneladas só no Brasil. O fabricante parou de vender nos Estados Unidos e a União Européia proibiu sua venda. Na América do Sul, Argentina, Uruguai, Colômbia também proibiram o uso.

Destaque no painel técnico, o pesquisador dinamarquês Christian Torp-Pedersen, que participou do maior estudo científico já realizado sobre a Sibutramina, encomendado pelo fabricante e produzido com 10 mil pacientes, defendeu o uso controlado da sibutramina. Ele afirmou que os anfetamínicos não devem ser usados para o controle da obesidade, porém salientou que a sibutramina é um caso diferente.

- Anfetamínicos têm um risco muito grande, inclusive de dependência e acho que não deve ser usado para obesidade. Porém, no caso da sibutramina, acho que os Estados Unidos e a Europa tiveram uma reação exagerada. O medicamento deve ser usado em condições especiais. Essa seria a decisão mais sábia. O risco para pacientes sem alto risco de doenças cardiovasculares é pequeno - afirmou.

A professora Rosana Rodominski, presidente da Sociedade Brasileira para Estudos da Obesidade, concorda com o pesquisador dinamarquês e afirma que a perda de peso provocada pela sibutramina também propicia a redução do risco de outras doenças, como gota e até mesmo câncer.

- Os pacientes morrem de câncer, gota, não sofrem apenas de problemas cardiovascular. A sibutramina é eficaz. Eles perdem mais de quatro quilos em relação ao placebo. É importante para redução da morbilidade.

Fonte: Jornal Extra - RJ

Senado ouvirá pesquisadores ignorados na Câmara


Novo Código Florestal passa agora pela análise de três comissões de senadores, mas ainda sofre pressão de ambientalistas.

O senado convocou integrantes do Grupo de Trabalho do Código Florestal, organizado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e Academia Brasileira de Ciências (ABC), para apresentar dados científicos para embasar o Novo Código Florestal. A reunião foi marcada para amanhã (16).

O Projeto de Lei 1876/99, mais conhecido como Novo Código Florestal, foi aprovado pela Câmara dos Deputados no último dia 24 por 410 votos a 63 e uma abstenção. O texto, que substituirá a lei 4.771/65, começou a tramitar no Senado no dia 1º de junho. O prazo previsto para a votação é de 180 dias.

As comissões que estão examinando o texto são a de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) e de Meio Ambiente, defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA). Os senadores designados como relatores são Luiz Henrique (PMDB-SC), Acir Gurgacz (PDT-RO) e Jorge Viana (PT-AC), respectivamente.

Para Ricardo Rodrigues, biólogo da Esalq/USP, a convocação de pesquisadores indica que o Senado surgirá com uma proposta bem mais inovadora do que a da Câmara. Ele integra o grupo organizado pela SBPC e ABC, que publicou no começo do ano o documento O Código Florestal e a Ciência: Contribuições para o Diálogo. "Nos colocamos à disposição dos deputados, mas não fomos convidados nem para ajudar na elaboração do substitutivo, nem para participar da discussão na Câmara", diz Rodrigues. Para ele, o texto aprovado não tem qualquer embasamento no conhecimento científico atual.

Projeto polêmico - O Código Florestal Brasileiro foi criado em 1934, e sua última grande revisão ocorreu em 1965. Em 2009, o Congresso instituiu uma Comissão Especial para elaborar o texto substitutivo. O deputado Moacir Michelleto (PMDB-PA) foi designado para a presidência, e Aldo Rebelo (PTdoB-SP) para a relatoria.

O Novo Código traz diversas alterações. Uma das mais polêmicas é a possibilidade de um proprietário compensar a área destinada à Reserva Legal em qualquer região do mesmo bioma em que sua terra esteja. Segundo o documento da SBPC e ABC, a compensação deveria ser feita na própria bacia hidrográfica, devido à alta heterogeneidade de cada bioma.

Outra medida que causou divergências permite que áreas desmatadas continuem a ser exploradas até que os órgãos estaduais de meio ambiente criem um Programa de Regularização Ambiental (PRA). O receio de muitos especialistas é de que esses PRAs demorem muito tempo para serem implantados.

Em evento promovido pela Bahia Farm Show no dia 2 de junho, o deputado Aldo Rebelo declarou que acredita que 98% do texto substitutivo serão aprovados pelo Senado. Apenas as questões relativas à localização e recuperação das Áreas de Proteção Permanente (APPs) não estariam resolvidas. "Mas não acredito que a solução que será encontrada pelo Senado seja muito diferente da proposta aprovada pelos deputados", disse.

Segundo Rebelo, não se pode colocar na ilegalidade os produtores rurais que ocupam áreas nas margens dos rios, encostas e topos de morro, que atualmente são consideradas APPs. "O governo precisa de flexibilidade para conciliar a produção rural com a proteção do meio ambiente".

Para o biólogo Rodrigues, isso é totalmente compatível. "No entanto, com o atual substitutivo, vamos permitir que áreas com baixa aptidão agrícola sejam ocupadas. Em resumo, vamos ter um grande impacto ambiental, com a redução de áreas para a manutenção da biodiversidade, e pouquíssimo ganho na agricultura".

Ele diz que a agricultura familiar precisa ser tratada de maneira especial. "Hoje, o agricultor familiar não consegue ser sustentável por causa da política agrícola". Para ele, a culpa não seria do código ambiental e sim, da ausência de diretrizes específicas e de apoio financeiro do governo para desenvolver sua produção cumprindo com as leis ambientais.

O secretário de Meio Ambiente da Bahia, Eugênio Spengles, enfatiza que tragédias como a que aconteceu na região serrana do Rio de Janeiro no começo do ano indicam que a lei não pode negligenciar certas áreas de risco. Ele também acredita que o código precisa definir com mais clareza questões particulares às áreas consolidadas e às áreas em expansão agrícola.


Fonte: Jornal do Campus - USP

terça-feira, 14 de junho de 2011

Ato em Brasília marca 2 anos da decisão do STF e pede aprovação de PECs do Diploma


A FENAJ e os Sindicatos de Jornalistas realizam nesta quarta-feira (15/06) ato político em Brasília de protesto após dois anos da decisão do Supremo Tribunal Federal que extinguiu com a exigência do diploma de Jornalismo para o exercício da profissão. O movimento reivindicará a tramitação e aprovação da PEC 33/09 no Senado e da PEC 386/09 na Câmara dos Deputados.

No dia 17 de junho de 2009 o STF extinguiu com um dos pilares da regulamentação profissional dos jornalistas a pedido dos empresários da comunicação. Como não há sessão no Congresso Nacional no dia 17, a mobilização que marca dois anos desta desastrosa decisão foi antecipada para o dia 15.

O ato busca fazer pressão para que o presidente do Senado, José Sarney, coloque a PEC 33/09 imediatamente em votação, visto que já está na mesa diretora do Senado há um mês um requerimento assinado por líderes de diversos partidos pedindo a tramitação da matéria em regime especial.

Delegações de Alagoas, Acre, Amapá, Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul, Pará, Município do Rio de Janeiro, São Paulo, Tocantins e do Distrito Federal já confirmaram presença no evento. Manifestações nos estados também estão sendo programadas. Estão confirmados um ato público pela retomada do diploma para as 12h do dia 17 de junho, na Praça da Imprensa, em Fortaleza (CE), e outro ato público na Esquina Democrática, Centro de Porto Alegre (RS), com concentração a partir das 10h e passeata a partir do meio-dia.

Já em Vitória (ES), a partir das 19h do dia 15, no Centro de Convenções, o movimento marcará presença com panfletagem e contato com lideranças no Fórum Nacional da Reforma Eleitoral, que tem prevista a presença do vice-presidente da República, Michel Temer, e de deputados e senadores.

Valci Zuculoto, diretora da FENAJ e do Grupo de Trabalho da campanha em defesa do diploma conta que a avaliação das lideranças do movimento é de que já há amadurecimento suficiente também para o avanço da tramitação da PEC 386/09 na Câmara dos Deputados. “Por isso estamos buscando uma audiência com o presidente da Câmara, deputado Marco Maia, e com o autor da PEC, deputado Paulo Pimenta”, diz, informando que já está agendada uma reunião com a Frente Parlamentar em Defesa do Diploma para as 14h do dia 15.

Após a reunião, a mobilização com manifestantes uniformizados com novas camisetas e adesivos da campanha em defesa do diploma se concentrará nas galerias do Senado. Além de dirigentes sindicais o movimento contará, também, com a participação de professores e estudantes da UnB e do Ceub.

Outra orientação da coordenação do movimento é para que se amplie nos estados os esforços de adesão ao abaixo assinado dos cidadãos, ao Manifesto das Entidades e de sensibilização dos senadores para que a PEC 33/09 tramite em regime especial.

Fonte: Fenaj

Quanto vale o investimento em ciência, tecnologia e inovação?


Artigo do professor Sergio Salles-Filho 

"Investimos 5% do faturamento em pesquisa e desenvolvimento"; "aplicamos 1% da receita fiscal do estado em ciência e tecnologia"; "o País investe 1% de seu PIB em C&T"... Estas métricas são cada vez mais comuns e mais conhecidas no mundo da pesquisa científica e da inovação tecnológica, assim como no mundo da burocracia, do planejamento e das políticas públicas de CT&I.

Na outra ponta do esforço, métricas tais como: "publicamos 3% da produção científica mundial"; "depositamos 0,05% das patentes nos EUA"; 38% das empresas produziram inovação de produto e processo" etc, são métricas de output (resultado) igualmente frequentes e cada vez mais comuns.

Inputs e outputs vão e vêm e nos dão indicações aproximadas do quão importantes ou desimportantes estamos nos sistemas de CT&I. Acabam também sendo usados para avaliar a capacidade de desenvolvimento econômico e social: indicadores elevados dessas métricas são considerados "bons", quase proxies de boa política, boa estratégia, bom caminho. E podem mesmo ser... ou não.

Agências de fomento, empresas, secretarias estaduais e ministérios compilam indicadores de input (esforço) que tendem cada vez mais a ser comparáveis aqui e lá fora. Isto é bom porque faz pouco tempo não tínhamos indicadores sistemáticos que permitissem aquilatar nosso esforço de pesquisa e de inovação. Nessa matéria, o Brasil avançou nos últimos 15 anos.

Não obstante os avanços, acostumamo-nos mal com indicadores típicos de esforço e outros que, no máximo, são proxies e acabam sendo usados como dados de impacto - e não o são. Impacto é uma medida diferente de resultado. Impacto é o efeito ou consequência que o resultado traz. Medi-lo não é tarefa simples, por vários motivos, sendo que um deles dificulta sobremaneira o trabalho: a atribuição da causalidade. Em outras palavras, como afirmar que o investimento em pesquisa foi mesmo responsável pelo faturamento de uma empresa, por uma inovação incremental (ou mesmo radical), pelo florescimento de um setor, pela introdução de uma política pública, pelo ganho na renda e, mais difícil ainda, pela qualidade de vida? Haja método para tanta correlação.

Um segundo desafio metodológico da mensuração de impactos é a chamada multidimensionalidade. Em breve, multidimensionalidade refere-se a mensurar impactos de mais de uma dimensão simultaneamente: econômica, social, ambiental, capacitação, político-institucional etc.. Esta é uma tendência dos métodos de avaliação em todo o mundo.

Finalmente, vale destacar um terceiro desafio, não menos importante, que é o de não ser trucidado pelos avaliados quando for mostrar os resultados do trabalho de avaliação. O antídoto, aqui, é o de fazer com que os avaliados e demais interessados participem do processo de construção do método, dando palpites, sugerindo indicadores e métricas e, sobretudo, acompanhando o trabalho para depois não dizer algo como "não era isto que deveria ter sido avaliado", ou "como foi que vocês chegaram a esses números".

Comparado aos dois primeiros desafios, este último é mais fácil de resolver, mas jamais será totalmente superado, assim como os demais.

Em trabalhos recentes de avaliação de impactos, conduzidos pelo Grupo de Estudos sobre Organização da Pesquisa e da Inovação (Geopi)¹, temos enfrentado, com ajuda de colegas de outras instituições, esses desafios metodológicos.

Dos trabalhos mais importantes destaca-se a avaliação dos programas da Fapesp. Por iniciativa do conselho administrativo da Fundação, um conjunto de estudos de impactos teve início em 2007. A ideia da Fapesp é justamente a de medir efetivamente impactos dos investimentos realizados em seus programas.

Os primeiros programas avaliados entre 2007 e 2009 foram o Pipe - que aporta recursos para pesquisadores em pequenas empresas visando finalização de desenvolvimentos tecnológicos direcionados à inovação; o Pite - que fomenta projetos de pesquisa entre empresas e instituições de ciência e tecnologia (ICTs), o Jovem Pesquisador - que estimula lideranças científicas em centros ou em temas emergentes; e o programa de Pesquisa em Políticas Públicas, cujo objetivo é o de aproximar organizações formuladoras e executoras de políticas da pesquisa acadêmica.

Estes quatro programas foram avaliados em termos de seu impacto em diferentes dimensões, usando dados secundários e primários, estes últimos baseados na construção e aplicação de questionários estruturados e dirigidos a diversos grupos envolvidos nos programas. Foram sete tipos de questionários para os quatro programas.

Os resultados da avaliação mostraram, de forma geral, impactos positivos em todas as dimensões. O trabalho, ao final, subsidiou reformulações nos programas buscando organizá-los para alcançarem maior impacto.

Os programas Pite e Pipe, por lidarem com empresas, foram avaliados, sobretudo, em seus aspectos de impacto na inovação e no fortalecimento das relações universidade empresa (Pite) e no crescimento e sucesso de pequenas empresas de base tecnológica (Pipe).

A avaliação de impactos permitiu conclusões muito interessantes, que a simples obtenção de dados de input e output não permitiria. Por exemplo, numa amostra de mais de duzentas empresas que se utilizaram de recursos financeiros do Pipe, as mais bem sucedidas em termos de geração de inovações e de crescimento do faturamento foram empresas que não estiveram incubadas, o coordenador do projeto tinha vínculo forte com a empresa (era sócio), boa parte delas eram spin-offs de outras experiências empreendedoras e não haviam sido criadas para concorrer aos recursos do Pipe. Eram também empresas que tinham mais vínculos com ICTs.

Ademais, a avaliação de custo benefício do investimento Fapesp no Pipe mostrou um retorno de cerca de 6 reais para cada real investido. São dados que permitem à Fapesp mensurar continuamente e redirecionar o programa sempre que necessário, alimentando, inclusive, os critérios de avaliação de mérito das propostas, já que a avaliação de impactos, sempre ex-post, alimenta as próximas avaliações de mérito, sempre ex-ante.

No caso do Pite, os projetos avaliados mostraram que o programa estimulou novas parcerias entre empresas e ICTs (cerca de 75% das empresas envolvidas passaram a se relacionar de forma mais intensa e frequente com ICTs). Mostrou ainda que 40% das empresas que não tinham como rotina estabelecer contato com ICTs passaram a fazê-lo, graças ao Pite. Por outro lado, o programa e seus projetos pouco alavancaram de inovação junto às empresas e as tecnologias resultantes dos projetos das pesquisas pouco foram incorporadas pelas empresas.

Houve aumento de interesse por pesquisa, mas quase sempre executada nas ICTs e com baixo impacto junto ao core business das empresas envolvidas. Este ponto a Fapesp já vinha revisando quando começou a estimular o Pite na modalidade Convênio, que envolve, de forma mais efetiva, a participação das empresas na definição dos projetos e prioridades. De toda forma, a avaliação redirecionou alguns critérios do programa, de maneira a torná-lo mais efetivo em seus impactos.

A avaliação do programa Jovem Pesquisador (JP) trouxe revelações muito interessantes: a análise das variáveis utilizadas demonstrou que os JPs mais produtivos e que mais contribuíram para a criação de grupos emergentes de pesquisa foram aqueles localizados fora do eixo geográfico principal (fora de São Paulo, Campinas, Ribeirão Preto, São José dos Campos e Piracicaba) e que estavam sediados em universidades privadas. Este resultado da avaliação foi um choque e revelou um aspecto que ninguém até então conhecia: há vida inteligente fora do mainstream institucional do estado, basta estimulá-la corretamente.

Finalmente, no programa de Políticas Públicas (PP), a avaliação de impactos mostrou que 84% dos projetos levaram a inovações em políticas públicas junto a 127 municípios do estado de São Paulo, sendo que os projetos originais estavam concentrados em apenas 23 municípios. Isto revelou que os projetos, embora de âmbito municipal, tinham spillovers para outros municípios, numa proporção de mais de cinco para 1.

Passada essa fase, estamos agora trabalhando na avaliação de mais três programas: o primeiro (não exatamente um programa) são as bolsas de iniciação científica, mestrado e doutorado que a Instituição concedeu nos últimos 15 anos. São cerca de 60 mil bolsas que estão sendo avaliadas segundo seu impacto na trajetória profissional do bolsista e segundo seu impacto na produção técnico-científica, acadêmica e de inovação.

Trata-se de um esforço que complementa outro já concluído pela Fapesp há três anos, sob liderança do professor Geraldo Giovanni, do Instituto de Economia, da Unicamp. Na presente avaliação está sendo empregado método quasi-experimental, comparando trajetórias de bolsistas com não bolsistas em condições semelhantes. É um esforço e tanto da Fapesp para poder planejar e melhor informar a sociedade sobre os efeitos socioeconômicos de seus investimentos.

Os outros dois programas agora sob avaliação, o Biota e o programa de Equipamentos Multiusuários, estão sendo vistos também sob metodologia quasi-experimental, com grupos de controle e de tratamento.

As experiências em curso na Fapesp mostram que as avaliações de impacto trazem informação valiosa, seja para redirecionar e apoiar o planejamento da alocação de recursos da Fundação, seja para prestar contas à sociedade dos efeitos causados pelo investimento em ciência e tecnologia. A perspectiva que a Fapesp tem no curto prazo é a de tornar essas avaliações sistemáticas, ação que deverá ser implementada em breve.

Avaliar é uma necessidade que só faz valorizar o esforço e os resultados do fomento à pesquisa e à inovação. Faz-se mais e melhor conhecendo-se os impactos do investimento.

Sergio Salles-Filho é diretor da Faculdade de Ciências Aplicadas, da Unicamp, professor do Departamento de Política Científica e Tecnológica, do Instituto de Geociências, da mesma instituição e pesquisador do Geopi.

¹ O Geopi é um grupo de pesquisas do Departamento de Política Científica e Tecnológica do Instituto de Geociências da Unicamp. Fundado em 1995, tem, em conjunto com grupos da própria Unicamp, Embrapa, USP e FGV, trabalhado no desenvolvimento e aplicação de metodologias de avaliação de impactos de CT&I.

Fonte: Ciência Hoje/Revista Eletrônica Com Ciência, do Labjor, da Unicamp.