sábado, 25 de junho de 2011

Mossoró Cidade Junina continua com suas atrações


Alguns flagrantes fotográficos do Mossoró Cidade Junina, um dos maiores festejos de São João do Brasil e que demonstra na diversidade das atrações o seu diferencial. O Burro táxi, o Pau de Arara Eletrônico, a Orquestra Sanfônica, são apenas algumas dessas atrações que o MCJ traz como novidade, além do espetáculo teatral ao ar livre: Chuva de Bala no País de Mossoró, que conta o ataque de Lampião, rechaçado pela própria população.

    Cena do espetáculo "Chuva de Bala no País de Mossoró". (foto: Ivanaldo Xavier)

  Cena do espetáculo "Chuva de Bala no País de Mossoró". (foto: Ivanaldo Xavier)

  Cena do espetáculo "Chuva de Bala no País de Mossoró". (foto: Ivanaldo Xavier)

Show de Hermelinda Lopes (integrante do Trio Mossoró - sucesso nacional dos anos 60 - foto: Ivanaldo Xavier)

Show de Symara Tâmara no Adro da Igreja de São Vicente (foto: Ivanaldo Xavier)

Show de Nida Lira (foto: Ivanaldo Xavier)

IPCC estuda geoengenharia para minimizar aquecimento


Talvez motivada pela lentidão das negociações climáticas, entidade sugere que cientistas avaliem possibilidades para refletir os raios solares e até o depósito de ferro nos oceanos para estimular o crescimento de algas que absorvam o CO².

O jornal britânico The Guardian teve acesso a documentos do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC) destinados para os cientistas que formam o grupo de trabalho em geoengenharia da entidade e revelou que utilizar essa opção para lidar com as mudanças climáticas está sendo considerada com seriedade.

O grupo de cientistas se reúne na próxima semana em Lima, no Peru, e tem como principal objetivo fornecer sugestões para os governos de quais tecnologias de geoengenharia seriam mais eficientes e seguras.

Entre as propostas que o IPCC pede para serem avaliadas estão: Dispersar aerossóis de enxofre na estratosfera para refletir parte dos raios solares de volta para o espaço; Depositar grandes quantidades de ferro nos oceanos para o crescimento de algas que absorvam o CO²; Realizar a bioengenharia de culturas agrícolas para que tenham uma cor que reflita os raios solares; Suprimir a formação de nuvens do tipo cirrus, que agem acentuando o efeito estufa.

De acordo com o The Guardian, outras medidas que podem ser estudadas são a dispersão de partículas de água do mar nas nuvens para que reflitam os raios solares, a pintura de branco das estradas e telhadas em todo o mundo e diferentes maneiras de capturar e armazenar os gases do efeito estufa.

Apesar das ideias parecerem ficção científica, algumas delas já foram inclusive tiradas do papel. No começo de 2009, um navio de pesquisas alemão carregado com 20 toneladas de sulfato de ferro partiu em direção à Antártica com o objetivo de injetar o material no fundo do oceano. A operação acabou sendo suspensa no último momento pelo governo alemão que atendeu aos pedidos da comunidade internacional.

Realizar projetos de geoengenharia sempre levantou muita polêmica, tanto que em 2010 a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) aprovou uma moratória desse tipo de iniciativa. Entretanto, a moratória permite a continuidade de estudos em pequena escala em circunstâncias controladas.

Mesmo a Sociedade Americana de Meteorologia (AMS), entidade que defende o uso da geoengenharia, alerta que ainda são necessários muitos estudos antes que seja feita qualquer alteração de grande porte nos sistemas terrestres.

"O potencial para ajudar a sociedade, assim como os riscos de consequências inesperadas, exigem mais pesquisas, regulamentações e transparência nas iniciativas", ressalta a instituição.

Contrários até mesmo a continuidade de estudos sobre o assunto, 125 grupos ambientais e de direitos humanos de 40 países, incluindo a Friends of the Earth International e a Via Campesina, entregaram uma carta nesta semana para o presidente do IPCC, Rajendra Pachauri, alertando que a entidade não tem competência para avaliar a opção da geoengenharia.

"Perguntar a um grupo de cientistas que trabalham com geoengenharia se é preciso fazer mais pesquisas sobre o assunto é igual perguntar se um urso quer mel", afirma a carta. Segundo os ambientalistas, essa não é uma questão apenas cientifica, é política.

A geoengenharia voltou a ganhar força depois que foi registrado que em 2010 as emissões bateram um novo recorde histórico, apesar de todas as promessas dos governos mundiais. De acordo com a Agência Internacional de Energia, o ano passado registrou a emissão de 30,6 gigatoneladas de dióxido de carbono.

Além disso, o ritmo das negociações internacionais está muito lento, tornando praticamente impossível que seja criado um acordo climático global nos próximos meses.

A própria presidente da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), Christiana Figueres, afirmou que talvez seja preciso adotar tecnologias mais radicais para conter o aquecimento em no máximo 2°C e evitar as piores consequências das mudanças climáticas.

"Estamos nos colocando em uma situação onde precisaremos utilizar métodos mais drásticos para retirar as emissões da atmosfera", concluiu Figueres.

Fonte: Carbono Brasil

Brasil sedia Conferência internacional de biotecnologia florestal - IUFRO


Tree Biotechnology 2011 é apontado como o principal evento mundial nessa área e reunirá pessoas de 30 países.

Pela primeira vez o Brasil e a América Latina serão sede da conferência internacional Iufro Tree Biotechnology 2011, tido como evento mais importante do mundo na área de biotecnologia florestal, promovido há mais de 20 anos pela União Internacional de Organizações de Pesquisa Florestal (Iufro, sigla em inglês). A Embrapa e a Veracel Celulose S.A. serão as instituições hospedeiras da conferência, que ocorre de domingo (26) a 2 de julho, no Centro de convenções do Ecoresort Arraial d'Ajuda, em Arraial d´Ajuda, distrito de Porto Seguro, BA.

A Iufro é uma rede global não governamental e sem fins lucrativos que reúne cientistas florestais de vários países para promover cooperação técnica e ampliar o conhecimento sobre aspectos econômicos, sociais e ecológicos relacionados a florestas e árvores. Este ano, a conferência terá como tema De genomas à integração e geração de resultados e deve ter a participação de cerca de 500 pessoas, sendo 300 brasileiros e 200 de outros países.

Ano Internacional das Florestas declarado pela ONU - A conferência ganha ainda mais importância em 2011, declarado pela Organização das Nações Unidas como o Ano Internacional das Florestas. O objetivo é incrementar a conscientização mundial sobre a importância do manejo sustentável dos recursos florestais e a promoção do evento contribuirá significativamente para os propósitos da Embrapa de intensificar o apoio a atividades na área florestal.

Segundo o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e presidente da comissão organizadora do evento no Brasil, Dario Grattapaglia, a realização da conferência Iufro converge para a internacionalização do Brasil e sua consolidação como um importante ator mundial em biotecnologia florestal.

"É a primeira vez que esta conferência acontece na América Latina e a segunda no hemisfério sul. E, por isso, é uma oportunidade muito importante para o País aumentar a sua visibilidade no cenário internacional na área de biotecnologia florestal", ressalta.

O Brasil tem alguns dos mais extensos e diversos ecossistemas florestais naturais no mundo e é líder em produtividade de florestas plantadas que suprem biomassa florestal de forma sustentável para as mais variadas aplicações industriais.

A proporção de floresta plantada no Brasil, entretanto, ainda é modesta e as previsões da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação - FAO são de um crescimento massivo e acelerado para os próximos 20 anos em vista da demanda crescente em bioenergia, sequestro de carbono e crescimento da população humana.

Esse crescimento e a manutenção da competitividade da indústria brasileira de base florestal vão requerer o desenvolvimento crescente de materiais genéticos com amplo espectro de adaptação e qualidade da madeira. Por isso, como explica Grattapaglia, a biotecnologia terá um papel cada vez mais importante nesse processo. Segundo ele, a realização da conferência Iufro no Brasil será uma oportunidade ímpar de capacitação, atualização e estabelecimento de interações para a crescente comunidade científico-tecnológica brasileira em biotecnologia florestal.

A conferência está organizada em nove sessões cobrindo uma ampla gama de áreas de interesse em biotecnologia, biologia molecular e genômica populacional de espécies florestais.

Mais informações sobre a conferência, incluindo inscrição, prazos para apresentação de trabalhos etc. podem ser obtidas no endereço:http://www.treebiotech2011.com.

Fonte: Ascom Embrapa

Acesso Livre para Inovar e Promover a Pesquisa Científica

Artigo de Hélio Kuramoto

A informação científica é crucial para o desenvolvimento das pesquisas e, estas, são essenciais para o desenvolvimento científico e tecnológico das nações e gerar novos conhecimentos que são veiculados na forma de artigos científicos, tradicionalmente publicados em revistas com revisão por pares, conhecidas como revistas científicas.

O custo de acesso às principais revistas científicas alcançou níveis insustentáveis, provocando a chamada serials crisis e, isto dificultou o acesso à informação científica. Em resposta, pesquisadores de diversas partes do mundo, preocupados com esta crise e, consequentemente com o impacto negativo no desenvolvimento das pesquisas, promoveram o movimento Open Access (OA).

OA significa acesso em linha, sem custos, imediato e permanente, a artigos em texto integral. O seu objetivo é tornar OA os cerca de 2,5 milhões de artigos publicados, anualmente, em 28 mil títulos de revistas científicas.

Uma de suas estratégias, a via Verde, recomenda aos pesquisadores que publicam em revistas acessíveis mediante assinaturas, portanto de acesso restrito, que depositem uma cópia de seus trabalhos publicados nessas revistas, em repositório institucional OA (RI). As universidades, que aderiram a essa estratégia, construíram os seus RI e adotaram mandatos OA, para garantir a alimentação dos seus RI.

Os pesquisadores, dessas universidades, puderam comprovar, por meio de estatísticas de uso emitidas pelos RI o ganho em visibilidade, uso e impacto nas suas pesquisas. E as universidades perceberam o ganho em competitividade e visibilidade face a sua posição em rankings como o Ranking Web of World Universities.

Essa estratégia promove: 1) a formação de uma cultura e de uma infraestrutura global de compartilhamento e disponibilização da informação científica OA; 2) o acesso livre à informação científica; e 3) a maximização da visibilidade, uso e impacto dos resultados das pesquisas. Estudos recentes comprovam essa maximização, indicando um incremento de 250% no número de citações a artigos da área de física depositados em repositórios OA. É essencial, porém, observar que o OA não desconsidera o importante papel das revistas científicas no fluxo da comunicação científica. Esta via não é a única estratégia proposta pelo OA, mas é a que oferece melhor relação custo/benefício e introduz importante mudança no sistema de comunicação científica. Maiores detalhes sobre OA poderão ser encontrados no meu blog.

Adotar o OA é, pois, uma questão de escolha entre apenas fornecer acesso às revistas de acesso restrito, ou fornecer acesso livre de custos e contar com mecanismos de valorização das pesquisas para maximizar a sua visibilidade, uso e impacto, sinalizando para uma clara política de inovação e desenvolovimento da ciência.
Aderir ou não às iniciativas preconizadas pelo OA? Eis a questão.

Hélio Kuramoto é pesquisador do MCT/Ibict, doutor em Ciência da Informação.
E-mail: alokura2010@gmail.com


Fonte: JCEmail

Em lista de nove países, Brasil investe menos na preservação por hectare de florestas


Estudo coordenado pelo Centro para o Monitoramento da Conservação Mundial do programa da ONU para o Meio Ambiente revela que, entre nove países, o Brasil é o que menos investe na preservação de cada hectare de suas florestas. Enquanto o Brasil desembolsa, em média, R$ 4,43 por hectare de suas unidades de conservação, na Argentina o índice é cinco vezes maior (R$ 21,37), no México, nove vezes (R$ 39,71) e, na África do Sul, 15 vezes (R$ 67,09).

A disparidade é ainda maior se os gastos brasileiros são comparados com os de países desenvolvidos: nos Estados Unidos, país da lista que mais investe na conservação ambiental, são R$156,12 por hectare (35 vezes a mais que o Brasil) e, na Nova Zelândia, R$ 110,39. A lista, integrada também por Costa Rica, Canadá e Austrália, agrega países que, a exemplo do Brasil, têm grande parte de seus territórios ocupados por parques naturais ou índices sociais semelhantes aos brasileiros.

O estudo "Contribuição das unidades de conservação para a economia nacional", divulgado neste mês e feito em parceria entre o IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Ministério do Meio Ambiente, calculou quanto o Brasil fatura com a preservação de suas florestas e quanto poderá ganhar caso amplie os investimentos no setor, o que permitiria maior aproveitamento de seus recursos naturais e incremento no número de turistas.

Um dos autores do estudo, o pesquisador da UFRJ Carlos Eduardo Young, diz à BBC Brasil que a intenção foi mostrar que a preservação ambiental e o desenvolvimento econômico são compatíveis.

Segundo ele, é preciso resistir ao impulso de tirar um proveito econômico de curto prazo das florestas, em nome de um desenvolvimento mais duradouro e inclusivo. "Nós comprovamos que, do jeito que está, as florestas brasileiras já garantem à sociedade um retorno financeiro superior ao que é investido nelas. Se melhorarmos o sistema de gestão, o valor do benefício pode crescer significativamente."

Investimentos - O estudo calcula que, caso o governo garanta a conservação nessas áreas e invista mais nelas, o aproveitamento econômico desses territórios, que cobrem cerca de 15% do país, pode gerar ao menos R$ 5,77 bilhões por ano.

O valor viria de produtos florestais (como castanha-do-pará ou madeira em áreas de extração controlada, por exemplo), turismo, estoque de carbono conservado, água e receitas tributárias, baseada no modelo de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) Ecológico adotado por alguns Estados.

Para isso, no entanto, Young diz que o país teria de ampliar os investimentos no setor, atualmente em torno de R$ 300 milhões por ano nas reservas federais, para cerca de R$ 550 milhões anuais para o sistema federal, R$ 350 milhões para os sistemas estaduais (a serem empregados sobretudo em maior fiscalização), além de cerca de R$ 1,8 bilhão para gastos em infraestrutura para o turismo.

Hoje, segundo o estudo, há um funcionário brasileiro para cada 18.600 hectares protegidos, número bastante inferior aos da África do Sul (1 para cada 1.176 hectares), dos Estados Unidos (1 para 2.125), Argentina (1 para 2.400) e Canadá (1 para 5.257).

Ainda de acordo com o estudo, a exploração legal de produtos oriundos de florestas naturais já gera cerca de R$ 3,79 bilhões ao Brasil por ano, ao passo que a receita de ICMS Ecológico repassada aos municípios pela existência de unidades de conservação em seus territórios é de R$ 402,7 milhões. Não há dados abrangentes sobre receitas advindas do turismo.

Young explica, no entanto, que os benefícios econômicos da preservação ambiental são ainda mais amplos, já que grande parte da água que abastece as usinas hidrelétricas nacionais, provendo energia às indústrias e às cidades país, advém de unidades de conservação ambiental; que o turismo em áreas protegidas é fonte central de recursos para muitos municípios brasileiros; e que o desenvolvimento de fármacos e cosméticos muitas vezes se dá por meio de pesquisas sobre espécies vegetais protegidas em unidades de conservação.

Mesmo assim, diz que, por se tratar de produtos e serviços em geral de natureza pública, seu valor não é percebido pela sociedade, que na maior parte dos casos não paga diretamente pelo seu consumo ou uso.

O pesquisador afirma ainda que a dicotomia agricultura X conservação ambiental, que ganhou força durante as discussões sobre o novo Código Florestal que tramita no Congresso, é falsa:

"Não somos contra o desenvolvimento da agricultura, muito pelo contrário. Achamos, aliás, que a conservação ambiental favorece os agricultores, na medida em que lhes garante água para a irrigação, ameniza efeitos de enchentes e impede a erosão de terrenos montanhosos, que podem ser muito prejudiciais aos produtores".

Ele alerta, no entanto, que caso o novo Código reduza as áreas mínimas de conservação exigidas em cada propriedade, o país abrirá mão de uma riqueza maior. "Vivemos um momento decisivo, que determinará se saberemos usar os recursos naturais valiosos de que dispomos e que são um dos nossos maiores diferenciais", afirma.
(BBC Brasil)

CNE estuda revisão de regras para revalidação de diplomas estrangeiros no Brasil


A presidenta Dilma Rousseff prometeu para o segundo semestre o lançamento do programa que pretende levar 75 mil estudantes brasileiros ao exterior com bolsas de mestrado, doutorado e graduação. Diante desse cenário de expansão da internacionalização do ensino superior, o Conselho Nacional de Educação (CNE) começa a discutir a revisão das regras para revalidação de diplomas estrangeiros no Brasil.

Atualmente o processo ocorre de forma descentralizada: a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) determina que cabe às universidades públicas a tarefa de validar os diplomas obtidos em instituição estrangeira, seja de graduação, mestrado ou doutorado. Cada uma delas estabelece critérios próprios que podem incluir análise do currículo, prova ou mesmo a exigência de que o aluno curse disciplinas extras no Brasil. Em alguns casos, o estudante dá entrada ao processo em mais de uma instituição para aumentar a chance de obter o diploma.

De acordo com o professor Paulo Barone, membro da Câmara de Educação Superior do CNE, as discussões ainda estão no começo, mas há o entendimento de que a revisão dessas regras é necessária. "Por um lado há uma necessidade de pautar o processo por critérios de qualidade, por outro, uma dispersão de atividades, com critérios e concepções completamente diferentes dentro das instituições, o que torna o processo de revalidação excessivamente ineficaz", avalia.

Entre as possibilidades que estão em discussão está a de um reconhecimento mais facilitado no caso de estudantes que vão ao exterior com bolsas cedidas por órgãos do governo como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) ou a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), já que, nesses casos, a qualidade do curso e das instituições estrangeiras já foi certificada para a concessão da bolsa. Há ainda a possibilidade de criar critérios comuns ou diretrizes gerais para que não haja tanta discrepância nos processos. Barone aponta que será necessário convocar todos os organismos e as instituições envolvidas no processo para articular a mudança.

"Hoje esse serviço é quase personalizado porque cada instituição tem sua regra e cada departamento dentro dela tem as suas. Se houvesse uma orientação geral, preservando a lógica da autonomia universitária, o processo poderia ser melhorado", avalia Edward Brasil, reitor da Universidade Federal do Goiás (UFG) que acaba de cumprir seu mandato como presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).

Além de demorado, os trâmites podem pesar no bolso do estudante. Em geral, as universidades cobram uma taxa administrativa para custear o processo. Não existe um valor pré-estabelecido: na Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, é cobrado R$ 1.530, já na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) a taxa é R$ 315 no caso da pós-graduação.

Saulo Chaves, 30 anos, cursou medicina no Instituto Superior de Ciências Médicas de Havana, em Cuba, e, ao retornar ao Brasil, em 2006, se surpreendeu com o processo que teria de enfrentar para poder revalidar o diploma e exercer a profissão no Brasil. Ele calcula que gastou cerca de R$ 4 mil com o pagamento de taxas e viagens para concluir o processo.

Todos os trâmites duraram quase dois anos até que ele foi aprovado em uma prova aplicada pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) para conceder a revalidação. "É muito desagradável. Na época, era permitido fazer a residência médica antes da revalidação e nesse período eu não podia assinar nenhum documento porque não era reconhecido como médico. É muito frustrante, do ponto de vista profissional, não poder exercer [a medicina] vendo a carência do povo por atendimento", conta.

Hoje, Chaves trabalha no interior da Bahia. Ele foi morador de um acampamento de assentados da reforma agrária e viajou para Cuba com apoio do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O curso de medicina cubano tem o foco no atendimento preventivo comunitário, com princípios semelhantes ao Programa Saúde da Família, do governo brasileiro. Ele ressalta que faltam médicos com esse perfil para trabalhar nas zonas rurais do país e lamenta que o reconhecimento do diploma de brasileiros que estudam em Cuba seja tão difícil. "Quando você coloca tudo em um caldeirão, a questão da qualidade do ensino é um problema e você precisa distinguir a formação recebida. Mas, no caso de Cuba, o sistema [educacional] é muito próximo", defende.
(AgenciaBrasil)

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Morde e assopra nuclear


Heitor Scalambrini Costa*

Após o trágico acidente nuclear na central japonesa de Fukushima com considerável vazamento de material radioativo, o mundo rediscute os projetos de novas usinas nucleares, e o que fazer com as já existentes. No Brasil, o governo federal age no sentido oposto.

Defensores das usinas nucleares se contradizem, apelando que o momento é de cautela, e que governo vai analisar a entrada de projetos de energia nuclear na discussão do Plano Nacional Energético 2035. Ao mesmo tempo defendem a qualquer custo, que o País não abandone os projetos nucleares com o argumento de não ficar defasado desta tecnologia no futuro, e que a construção de Angra 3 vai continuar, sem alteração do seu cronograma.Esta nova posição (estratégia?) pode ser considerada mais moderada, se comparar com as declarações do Ministro de Minas e Energia, que chegou a anunciar publicamente que o País teria dezenas de (cerca de 50) usinas nucleares até 2050.

De fato, ocorre que mensagens estão sendo enviadas à sociedade pelo lobby nuclear, no sentido de apontar certo recuo e bom senso, tendo em vista a grandiosidade e as reais conseqüências do acidente nuclear ocorrido no Japão, com enormes prejuízos econômicos, sociais, ambientais. O objetivo é amenizar e mesmo tentar calar o movimento anti nuclear que se organiza e cresce em todo território nacional, se opondo a instalação de novas usinas, defendendo o fechamento das já existentes e a interrupção da construção de Angra 3.

Enquanto ocorrem estas declarações de técnicos funcionários públicos e representantes da indústria nuclear, permanecem as propostas contidas no Plano Nacional de Energia, e definidas pelo Conselho Nacional de Política Energética, composto por apenas 10 membros. Os dirigentes desse setor continuam priorizando a energia nuclear como fonte energética. Desconsideram todas as potencialidades e vantagens das fontes renováveis de energias abundantes no País, quando não aprovam o Projeto de Lei – PL 630/2003, denominado “Lei das Renováveis”, adormecido nas gavetas do Congresso Nacional. Também pouco se investe na conservação de energia, bastando verificar os orçamentos destinados para o Programa de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL) e suas metas pífias.

O discurso oficial atual é para amainar amplos setores da sociedade contrários ao uso da energia nuclear para produção de eletricidade. Enquanto na prática deixa claro que sua política energética prioriza as mega hidroelétricas na região Amazônica, as termoelétricas (com combustíveis fósseis), além das usinas nucleares. Prova cabal desta conduta foi à aprovação pelo BNDES, nos últimos dias de dezembro de 2010, de um financiamento de R$ 6,1 bilhões para a Eletrobrás Termonuclear S/A construir Angra III. Este valor corresponde a 55% do investimento total.

Enquanto o Banco abre “as burras” para o setor nuclear, acaba de divulgar na véspera da festa junina de São João a criação de um fundo de investimento de R$ 150 milhões, voltado exclusivamente a empresas que desenvolvem projetos de tecnologias "limpas" e estão em estágio nascente ou inicial de atividades. Ou seja, uma soma 40 vezes inferior a que foi destinada ao setor nuclear.

Também recentemente (25/05/2011), o Congresso Nacional aprovou a Medida Provisória - MP 517/2010 editada no final do ano passado, nos últimos dias do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que concedeu incentivos fiscais a áreas consideradas estratégicas pelo governo federal, como infra-estrutura, além de tratar de outros assuntos ligados ao setor elétrico.

Um dos assuntos que fez parte do texto da MP foi à criação do Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento de Usinas Nucleares (Renuclear), concedendo isenção de impostos para usinas atômicas. Segundo a Eletrobras Eletronuclear, o regime reduzirá em R$ 700 milhões o custo de Angra 3 - orçada em R$ 9,9 bilhões. Portanto é o Tesouro Nacional, ou seja, nós os cidadãos e cidadãs que pagamos impostos, que continuamos financiando através do BNDES, e da isenção de impostos, a usina nuclear de Angra 3 e o Programa Nuclear.

Logo, a estratégia do governo é clara; enquanto a “poeira radioativa” da catástrofe de Fukushima não assenta, e não sai do foco da mídia nacional e internacional; atua no sentido de realizar um grande esforço de convencimento da população que ele tem cautela quanto aos destinos do projeto nuclear no Brasil. Mas nos bastidores continua priorizando esta tecnologia. Por quê? Sabe lá os motivos. Talvez tenhamos uma resposta perguntando ao “bispo de Itu”, pois os defensores das usinas nucleares continuam “enrolando” a sociedade.

*Professor da Universidade Federal de Pernambuco

Fonte: enviado por e-mail

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Governo atende pesquisadores e aumenta importância da ciência e tecnologia no Plano Plurianual


O governo federal decidiu que a área de inovação, ciência e tecnologia será um "macrodesafio" do Plano Plurianual (PPA 2012/2015) em elaboração no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

A decisão significa aumento de status para a área e recursos. No final de maio, no Fórum Interconselhos do PPA, realizado em Brasília, a área de inovação era "um dos 20 objetivos do macro desafio Projeto Nacional de Desenvolvimento", lembra a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, que participou da reunião.

Helena e o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Jacob Palis, chegaram a mandar em 27 de maio uma carta à presidenta Dilma Rousseff onde manifestavam "apreensão com a constatação de que a ciência, a tecnologia e a inovação não constam entre os macro desafios da proposta do PPA".

De acordo com Ministério do Planejamento, o macro desafio terá como programas temáticos as mudanças climáticas, a política espacial, a política nuclear, a política de desenvolvimento produtivo e a inovação na área de agropecuária. 

"O setor será tratado no próximo plano com a relevância que lhe é devida, representando continuidade e aprofundamento de políticas para o setor implementadas nos últimos anos", diz nota encaminhada à Agência Brasil.

A inclusão da ciência, tecnologia e inovação como macro desafio no PPA (2012/2015) é estratégica. O plano orienta a elaboração dos orçamentos anuais da União. A Agência Brasil apurou que as discussões de valores para cada área do PPA ainda não foram definidas. O governo tem até o final de agosto para enviar a proposta do plano para tramitação no Congresso.
(Agência Brasil

Angelo Padilha é nomeado presidente da Cnen


Engenheiro de materiais, Angelo Padilha iniciou suas atividades profissionais no Instituto de Energia Atômica (IEA), atual Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).

O professor Angelo Fernando Padilha é o novo presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclerar (Cnen). Sua nomeação foi publicada no Diário Oficial da União de segunda-feira (20). Atuando em pesquisa, desenvolvimento e inovação de materiais para reatores nucleares há mais de 35 anos, Padilha é natural de Novo Horizonte, em São Paulo, tem 59 anos, é casado e pai de dois filhos.

Formado em engenharia de materiais na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) em 1974, Angelo Padilha iniciou suas atividades profissionais no Instituto de Energia Atômica (IEA), atual Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), unidade da Cnen em São Paulo, onde permaneceu por 13 anos.

Em 1977 obteve o mestrado na Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP) e em 1981 cursou seu doutorado com bolsa da Cnen na Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade de Karlsruhe, na Alemanha. Sua tese abordou os materiais para o elemento combustível do reator rápido regenerador alemão SNR-300.

Em 1988 foi contratado como docente pela Poli, onde obteve os títulos de professor livre-docente e professor titular. Orientou cerca de 40 dissertações de mestrado e teses de doutorado defendidas na Poli, no Ipen, na Unicamp e na Alemanha. Padilha também foi pesquisador visitante no Centro Nuclear de Karlsruhe, no Instituto Max Planck de Stuttgart, na Universidade do Ruhr de Bochum e professor visitante na University of Wales Swansea, no Reino Unido.

Pesquisador do CNPq há quase 20 anos, recebeu vários prêmios científicos nacionais e internacionais, coordenou vários projetos de pesquisa e desenvolvimento, foi consultor de várias empresas e assessor de diversas agências de fomento. Na área nuclear, fez parte da equipe que projetou o primeiro reator nuclear brasileiro de potência (para propulsão nuclear), foi consultor técnico da INB - Indústrias Nucleares do Brasil e do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTM-SP).

Fonte: Ascom da Cnen

União estuda assumir maior peso no gasto com educação


O governo federal poderá assumir, sozinho, o aumento do investimento público em educação dos atuais 5% do Produto Interno Bruto (PIB) para 7% nos próximos dez anos.  A elevação dos gastos está prevista no projeto de lei 8.035, que trata da segunda edição do Plano Nacional de Educação (PNE), e pode corrigir um desequilíbrio histórico no financiamento educacional brasileiro.

Detentora de cerca de 70% de toda a arrecadação nacional, a União - que institucionalmente cuida do ensino superior e técnico - responde por apenas 20% das despesas totais do setor, enquanto Estados e municípios - responsáveis pela educação básica como um todo - pagam o resto da conta.

O Valor apurou que a União está disposta a elevar a vinculação de gastos com ensino dos atuais 18% da receita com impostos para 25%, o que representaria incremento de cerca de R$ 25 bilhões anuais ao orçamento do MEC. Mas a medida, que depende da aprovação do PNE no Congresso, e também de uma mudança na Constituição, não seria suficiente.

Nas contas do MEC, com base em dados de 2009, o esforço de elevar em dois pontos percentuais do PIB o investimento público em educação custaria aos cofres federais R$ 61 bilhões. A diferença seria preenchida pelo aumento na arrecadação, que nos últimos anos tem variado bem acima do crescimento econômico e pela entrada do dinheiro da extinta Desvinculação de Recursos da União (DRU).

Além disso, a maioria dos deputados federais da comissão especial do PNE, os sindicatos e os movimentos sociais - defensores da expansão do investimento público educacional para 10% do PIB - pressionam o governo para o estabelecimento de novas fontes de financiamento para a educação. Nesse caso, as emendas ao projeto de lei são as mais variadas e carecem de estudos de viabilidade aprofundados: taxação de 5% do lucro das estatais federais, criação de tributo sobre o ganho dos bancos e a vinculação de 50% dos royalties do petróleo e dos créditos financeiros do fundo do pré-sal.

Ao se comprometer com a elevação dos gastos prevista no PNE, o governo federal manda um recado claro aos defensores de 10% do PIB: "A União tem disposição, a avaliação quantitativa do cenário mostra que há condições de pagar, com recurso federal, a expansão das despesas para 7% do PIB. A avaliação do MEC, da Fazenda e da presidente Dilma é que qualquer coisa acima de 7% terá que vir de outra fonte: mais dinheiro municipal e estadual", disse fonte que acompanha as discussões do PNE.

Segundo essa fonte, no fim de 2010, o projeto de lei do PNE passou pelo crivo do Ministério da Fazenda, que tentou anular qualquer menção a aumento de gastos como proporção do PIB. Diante da pressão da equipe econômica, o ministro da Educação, Fernando Haddad, teria convencido o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua sucessora a preservar o texto. "A ordem foi para manter os 7%, uma promessa de campanha." Consultados, MEC e Fazenda não se manifestaram sobre o assunto.

O especialista em políticas públicas Luiz Araújo, dirigente da Associação Brasileira de Pesquisa em Financiamento da Educação (Fineduca), lembra que no texto do PNE o governo não deixou claro que aportará mais recursos. Nos últimos seis meses, Haddad vem sustentando que o esforço para elevar os investimentos públicos no ensino teria que partir da colaboração dos três entes federados. "É uma grande ausência do projeto, não está escrito em lugar nenhum quem vai bancar a expansão de 5% do PIB para 7%. Faltou dizer qual será a responsabilidade financeira de cada ente no cumprimento das metas."

Para dirigentes públicos municipais e estaduais do setor, a União não faz mais do que a obrigação ao ampliar seu peso no financiamento da educação. "Entendemos que o ensino precisa de mais recursos e isso deve ser buscado com equilíbrio, com novas fontes. Nesse contexto, a União deve se responsabilizar, uma vez que responde por mais de 60% da arrecadação total de impostos", afirma Maria Nile Badeca da Costa, secretária estadual de Educação do Mato Grosso do Sul e presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação (Consed). Ela informou que a entidade vai discutir, nos próximos dias, durante encontro nacional, a disposição de os Estados ampliarem a vinculação de gastos com ensino.

A secretária municipal de Educação de São Bernardo do Campo, Cleuza Repulho, ressalta que os municípios já estão no limite. "Cerca de 80% dos municípios dependem do Fundeb e, ainda assim, gastam além dos 25% constitucionais, apenas 20% têm arrecadação própria", explica Cleuza, que também é presidente da União Nacional de Secretários Municipais de Educação (Undime).

De acordo com a entidade, mais de 75% dos municípios brasileiros aplicam mais de 25% dos impostos na educação. "A negociação vai ser boa, porque vamos parar de discutir sobre quanto temos para gastar e passar a falar sobre quanto precisamos, de fato", acredita Cleuza.

Na visão do professor Romualdo Portela, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, o momento é oportuno para concretizar planos antigos de aumentar os investimentos em educação. "O PNE coloca a necessidade da expansão do sistema educacional como um todo e de melhorar a qualidade. Os problemas são urgentes e todos eles demandam mais dinheiro. Nesse sentido, temos condições de fazer isso no curto prazo. Provavelmente daqui a dez anos as condições não estejam tão boas."

Embora reconheça a necessidade de mais recursos, o economista Cláudio de Moura e Castro critica a ineficiência do gasto no setor e a politização do tema. "Há uma grande prodigalidade no uso de recursos. A questão acaba sendo ideológica: usar os recursos com maior eficiência ou obter mais recursos e continuar usando mal."

O PNE é uma legislação com 20 metas e 11 estratégias, que será o pilar das políticas educacionais brasileiras nos próximos dez anos. Elaborado pelo MEC e enviado ao Congresso em dezembro passado, o documento foi baseado num diagnóstico da educação e levou em conta um processo de mobilização social de mais de dois anos, que envolveu cerca de três milhões de pessoas, culminando nas deliberações da 1ª Conferência Nacional de Educação (Conae), em 2010.

O plano obriga municípios, estados e União a aumentar o atendimento educacional, da creche à pós-graduação, melhorar a qualidade, erradicar o analfabetismo, igualar os salários do magistério à média de mercado dos profissionais com nível superior. A vigésima e última meta está entrelaçada com as anteriores: prevê a necessidade expansão de gastos para o cumprimento dos objetivos.

Fonte: Valor Econômico

terça-feira, 21 de junho de 2011

Governo acelera projeto que eleva limite do Simples Nacional


O governo tentará acelerar a tramitação no Congresso de projeto que eleva de R$ 2,4 milhões para R$ 3,6 milhões ao ano o limite de receita bruta para uma empresa se enquadrar no Simples Nacional. A ideia é aprovar a proposta já aceita pela Fazenda Nacional e pelos Estados até 15 de julho, quando os parlamentares entram em recesso. Pontos mais polêmicos de que trata o Projeto de Lei Complementar (PLP) 591/2010, porém, ainda seguirão em discussão no segundo semestre.

Em 1º julho, o Simples completa quatro anos de sua implantação e o governo quer mostrar que, depois de todo esse tempo, promoveu novos avanços para os micro e pequenos empresários. Sem reajuste no limite, é como se a vantagem fosse reduzida a cada ano, pela inflação.

Uma conta da Fecomércio-SP mostra que, apenas pelo reajuste da inflação e pela defasagem inicial com que o Simples Nacional começo a vigorar, o limite de R$ 3,6 milhões determinado em 2006 deveria estar hoje em R$ 4,8 milhões, para oferecer o mesmo benefício aos empresários. “Muitas empresas deixam de ingressar no Simples por isso”, diz Janaina Lourenço, assessora jurídica da Fecomércio-SP.

Elevar o limite do Simples Nacional agora é matéria de consenso no Congresso e tem o aval do Tesouro Nacional. A Receita Federal entende que poderá até arrecadar mais com a mudança, tendo em vista que, com o crescimento recente da economia, mais empreendedores informais poderiam se formalizar pelo Simples.

Com essa mudança, cerca de 600 mil empresas que correriam o risco de sair do Simples Nacional em 2012 continuam no sistema. Além disso, as 5,1 milhões empresas que estão hoje no sistema automaticamente passarão a recolher menos impostos, com menores alíquotas.

O texto em discussão, que reforma a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, também aumenta de R$ 36 mil para R$ 48 mil o teto da receita bruta anual do Empreendedor Individual. Outra previsão cria um novo limite para exportações, de R$ 3,6 milhões, pelo qual a empresa também poderia fazer parte do Simples. Hoje, o exportador não conta com esse benefício fiscal.

Discussão prorrogada

O que não tem consenso ainda é a revisão de regras do modelo de substituição tributária, em que os Estados podem enquadrar determinados produtos para ter uma arrecadação diferenciada de ICMS, o que também beneficia as pequenas e médias empresas. A discussão foi pauta de reunião ontem entre representantes da Fazenda Nacional e dos Estados, além da Frente Parlamentar Mista das Micro e Pequenas Empresas, que deve maturar no segundo semestre.

Fonte: Notícias Fiscais / Danilo Fariello e Fred Raposo

Museu de Astronomia promove evento na chegada do inverno


Você sabia que o Sol nem sempre nasce no Leste e se põe no Oeste? Que é possível ver as explosões no Sol? O Mast celebra a chegada do inverno com 
atividades no dia de hoje (21). 

Os visitantes construirão relógios, farão observação das manchas solares e conhecerão instrumentos raros e técnicas antigas utilizados para estudar o Sol. "O dia em que o Sol parou" terá toda a programação gratuita a partir de 10h, na Rua General Bruce, 586, em São Cristovão.

"O Solstício de Inverno, que marca a chegada da estação, ocorre quando o Sol nasce e se põe no ponto mais afastado ao Norte dos Pontos Cardeais Leste e Oeste. Neste dia, ele para de se afastar para o Norte e volta a nascer e se por cada vez mais ao Sul. Aliás, Solstício significa Sol parado, em latim. É também neste dia que, no Hemisfério Sul, temos o dia mais curto e a noite mais longa do ano", explica Eugênio Reis, astrônomo da Coordenação de Educação do Mast.

Com a observação do Sol durante este fenômeno é possível medir a hora exata. Pensando nisso, mediadores do Museu construirão, junto com os visitantes, um relógio de Sol, onde as pessoas usarão a própria sombra para determinar o horário. Além disso, será possível medir o comprimento da sombra, ao meio-dia solar verdadeiro, de uma das miras fixadas no campus para determinar a declinação do Sol, a medida da inclinação do eixo da Terra em relação ao plano de sua órbita. Neste período, é observada a maior sombra que um objeto pode projetar sobre a superfície da Terra durante todo o ano.

Em um telescópio especial, chamado Hidrogênio-alfa, quem for ao Museu poderá ver explosões solares. Os visitantes aprenderão também como funciona um Astrolábio, instrumento do Observatório Nacional (ON), recordista em observações do Sol e o último do seu tipo em funcionamento. Em português, o astrônomo italiano Constantino Sigismondi fará uma demonstração do funcionamento do instrumento, dando noções da medição do diâmetro solar.

Sérgio Boscardin, recém doutor em astronomia pelo ON, levará os visitantes para conhecer um Heliômetro, instrumento que mede o diâmetro do Sol e que foi construído por pesquisadores da instituição. Não existe outro instrumento igual a este no mundo e ele foi feito para aumentar a precisão na medição do diâmetro do Sol.

Fonte: Ascom do Mast

Subcomissão sobre energias renováveis e agricultura familiar será instalada


A subcomissão criada pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural será instalada nesta quarta-feira (22). 

Depois da instalação, serão eleitos o presidente e o vice-presidente. A criação da subcomissão foi proposta pelos deputados Oziel Oliveira (PDT-BA), Zé Silva (PDT-MG) e Celia Rocha (PTB-AL).

"A região Nordeste, com intensidade de luz solar presente todo o ano, além da força dos ventos nas regiões litorâneas, podem ser uma importante fonte de geração de energia renovável, que pode se tornar uma fonte de renda alternativa para milhares de agricultores da região. Pelas dificuldades relacionadas ao clima, eles podem ter na energia renovável uma forma de sustento para suas famílias", disse Oziel Oliveira.

O outro tema da subcomissão (políticas públicas para a agricultura familiar) foi proposto pelos deputados Zé Silva e Celia Rocha. Segundo eles, é preciso estudar e propor ações de integração entre os diversos programas governamentais e demais instrumentos de políticas públicas, como o acesso ao crédito pela agricultura familiar em percentuais compatíveis com sua participação no PIB agroindustrial.

Fonte: Agência Câmara

Cursos de medicina recebem o maior número de inscritos


Os cursos de medicina das universidades federais do Rio de Janeiro (Unirio), do Maranhão (Ufma) e de Ouro Preto (Ufop) são os campeões no número de inscritos no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), encerrado domingo (19). 

A medicina da Unirio oferece 70 vagas, recebeu 19.503 inscrições, o que dá 278 candidatos por vaga; na Ufma, o curso de medicina tem 50 vagas e 13.871 inscritos, o que representa 277 concorrentes por vaga. Embora ocupe o terceiro lugar no número de inscritos para medicina no Sisu, a Ufop é a que apresenta a maior concorrência neste curso. A instituição tem 40 vagas; os 13.736 inscritos significam 343 alunos disputando uma vaga. 

Entre os dez cursos mais procurados na seleção unificada estão o de análise de sistemas, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, que recebeu 8.537 inscrições e dispõe de 200 vagas; o curso de direito da Universidade de Mato Grosso do Sul, que tem 8.048 inscritos para 115 vagas; e o de direito da Ufma, com 7.655 candidatos para 140 vagas.

O sétimo lugar no volume de inscrições é ocupado pelo curso de ciência e tecnologia da Universidade Federal do Semi-Árido, em Mossoró (RN), que abriu 450 vagas em quatro cidades e recebeu 6.903 inscrições. O curso de engenharia civil é o mais concorrido na Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Concorrem 6.471 candidatos a 176 vagas.

Na Unirio, o curso de direito aparece em nono lugar entre os mais procurados no País. Naquela instituição, direito recebeu 5.949 inscrições para 71 vagas. O décimo curso mais procurado é o de medicina na UFF. Estão inscritos 5.723 pessoas para 18 vagas, o que representa 317 candidatos por vaga.

Chamadas - Os estudantes que concorrem a vagas pelo Sisu devem ficar atentos para os prazos das chamadas e das matrículas nas instituições. A primeira chamada será divulgada amanhã (22), e o prazo de matrículas desses estudantes será de 28 a 29 de junho. A segunda chamada será em 2 de julho, conforme o calendário do Sisu.

Fonte: Ascom do MEC

Reino Unido e Brasil fortalecem laços de ciência e inovação


David Willetts, ministro britânico de Ciência e Universidades, visita o Brasil hoje e amanhã, para discutir cooperação em ciência e educação.

O ministro está acompanhado de uma delegação de vice-chanceleres de universidades britânicas e do vice-primeiro ministro, Nick Clegg. Willetts visita São Paulo e Brasília para encontros com o governo e representantes do setor privado para discutir a cooperação entre Reino Unido e Brasil nos setores de ciência, tecnologia e ensino superior.

"O Brasil é um grande gerador de conhecimento científico e é cada vez mais importante para a produção global. O Reino Unido tem uma relação tecnológica importante com o Brasil e somos os segundos maiores parceiros em ciência," diz Willetts. "Espero que a minha visita ajude a aprofundar cada vez mais a colaboração entre os dois países em outras áreas, como o ensino superior."

Agenda - Hoje (21), em São Paulo, ele se encontra com o diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Carlos Brito. Eles discutem a cooperação entre Brasil e Reino Unido na área de pesquisa e anunciam um prêmio focado no setor de segurança alimentar, bioenergia, e biotecnologia industrial. Em seguida, ele se junta aos outros ministros no evento Reino Unido e Brasil: Parceria para Desenvolver Negócios Verdes e de lá visita fábrica de etanol em Barra Bonita.

Em Brasília, participa de mesa-redonda com reitores do Reino Unido e do Brasil, onde representantes de instituições de ensino superior britânicas se encontrarão com os seus equivalentes brasileiros para discutir cooperação e como aumentar o número de estudantes brasileiros no Reino Unido.

Amanhã (22), Willetts se reúne com o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, e representantes do CNPq para assinar uma declaração conjunta de cooperação científica e tecnológica, e testemunhar o anúncio acordos de transferência de tecnologia entre empresas brasileiras e britânicas.

Fonte: Ascom RU

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Microfísica das nuvens


Prever fenômenos extremos no Brasil - como as tempestades que costumam castigar diversas áreas no verão - com maior prazo de antecedência ainda é um desafio para os meteorologistas.

Na tentativa de evitar que tais eventos se tornem catastróficos, um grupo de pesquisadores do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cptec) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) busca entender a estrutura interna das tempestades decorrentes dos principais regimes de precipitação do País.

O grupo integra o Projeto Temático financiado pela Fapesp Processos de nuvens associados aos principais sistemas precipitantes no Brasil: uma contribuição à modelagem da escala de nuvens e ao GPM (Medida Global de Precipitação, coordenado por Luiz Augusto Machado, meteorologista e pesquisador titular do Cptec.

Batizada de Projeto Chuva, a iniciativa consiste em estudar a microfísica das nuvens, isto é, os processos físicos no interior delas, para desenvolver um modelo numérico capaz de rodar no supercomputador Tupã, em operação desde janeiro no Cptec, em Cachoeira Paulista (SP).

"Por conta do maior poder de resolução espacial do Tupã, é preciso parametrizar e descrever os elementos com mais detalhes. Isso implica medir o tamanho dos hidrometeoros (partículas encontradas nas nuvens), como as gotas líquidas, o granizo, o graupel (forma de granizo) e a neve, assim como sua distribuição nos sistemas climáticos", disse Machado à Agência Fapesp.

Esse processo de coleta e análise de dados será realizado em sete locais no país que compreendem os principais regimes de precipitação do Brasil. "Nosso objetivo é criar um banco de dados dessas estruturas microfísicas e verificar se elas se ajustam a essa alta resolução espacial, de até 1 quilômetro", contou.

Os experimentos tiveram início em março de 2010 no Centro de Lançamento de Alcântara (MA). De lá, os pesquisadores partiram para Fortaleza (CE), onde construíram uma torre para abrigar o radar móvel de dupla polarização. O equipamento, considerado um dos mais modernos da área, está agora instalado no topo do prédio do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Pará, em Belém.

Além de fornecer dados e medidas sobre as estruturas das nuvens, o radar, aliado a uma série de equipamentos meteorológicos, permitirá aos cientistas conhecer os processos de precipitação relacionados à microfísica das nuvens, como a formação de descargas elétricas, efeitos radiativos e interação com aerossóis.

"A influência das gotas sobre o clima tem diversas implicações, desde processos radiativos às mudanças climáticas", explicou Machado. Nesse processo definido como tomografia dos sistemas, o foco da pesquisa em Fortaleza foi a precipitação costeira. São as chamadas "nuvens quentes", responsáveis por grande parte das chuvas nos trópicos.

Em Belém, os pesquisadores investigam as chuvas de linhas de instabilidade, formadas por grandes aglomerados de cúmulos-nimbos e que, ao penetrar no interior da Amazônia, provocam chuvas intensas.

Novo satélite - No fim de 2011, será a vez do Vale do Paraíba, no interior paulista, onde predomina a zona de convergência do Atlântico Sul e são formadas as tempestades locais.

Em seguida, o grupo estudará os complexos convectivos de mesoescala em Foz do Iguaçu. Esse sistema é responsável pela formação de grandes aglomerados de nuvens, que representam 90% da precipitação na região Sul do Brasil.

Depois, os cientistas retornarão ao Norte do país para estudar, em Manaus, os diversos tipos de regimes presentes na Amazônia, entre os quais a convecção intensa local e a convecção organizada. De lá, o grupo seguirá para Brasília para pesquisar as chuvas relativas às penetrações de frentes frias, organizadas na parte central do Brasil.

Em cada uma dessas localidades serão ministrados cursos para meteorologistas sobre a instrumentação utilizada. "O sensoriamento remoto por satélite e por radar, a microfísica e a modelagem por computação são áreas novas no setor. Por conta disso, há no Brasil poucos especialistas no assunto", disse Machado.

Além do conhecimento sobre a microfísica das nuvens, os dados obtidos em cada sistema serão aplicados no desenvolvimento de algoritmos de um novo satélite brasileiro.

Com o lançamento previsto para 2015, o satélite irá compor o Programa Internacional de Medidas de Precipitação (Global Precipitation Measurement - GPM, em inglês), liderado pelas agências espaciais Nasa (Estados Unidos) e Jaxa (Japão), para monitorar a precipitação em todo o mundo em áreas de 25 km² a cada três horas.

Fonte: Agência Fapesp

China começa a construir maior radiotelescópio do mundo


O Fast terá um único disco, medindo 500 metros de diâmetro, ocupando o interior de um relevo que lembra uma cratera. O maior e mais famoso do mundo radiotelescópio - o Observatório de Arecibo, em Porto Rico - estrela de vários filmes e grande aliado dos caçadores de extraterrestres, está prestes a ser destronado.

Em uma parte remota da província de Guizhou, no sul da China, começou a construção de mais uma obra gigantesca de engenharia, bem ao gosto dos chineses.
Prometendo transformar a radioastronomia, começou a ser construído o Five-hundred-metre Aperture Spherical radio Telescope (Fast) - radiotelescópio de abertura esférica de 500 metros.

Será um único disco medindo, conforme expresso em seu nome, 500 metros de diâmetro, ocupando o interior de um relevo que lembra uma cratera. Um conjunto de grandes motores será capaz de alterar a forma de sua superfície reflexiva, permitindo que o Fast faça varreduras de grandes áreas do céu. Isso tornará o Fast três vezes mais sensível do que o radiotelescópio de Arecibo.

Com isso, os astrônomos esperam descobrir milhares de novas galáxias e outros corpos celestes do chamado céu profundo, a até 7 bilhões de anos-luz de distância.

Cratera cárstica - A província de Guizhou é repleta de depressões cársticas inacreditáveis, buracos formados pela água que corroeu as rochas calcárias durante eras. Usando uma combinação de imagens de satélite e levantamentos aéreos, os astrônomos liderados por Rendong Nan, do Observatório Astronômico Nacional, em Pequim, selecionaram uma depressão com 800 metros de largura.

O incrível buraco é rodeado por montanhas, suficientemente longe dos centros populacionais para ser livre de interferência de frequências de rádio.

Os trabalhadores escavarão um milhão de metros cúbicos de solo para dar à depressão a forma hemisférica necessária para apoiar a antena. A construção do Fast está programada para terminar em setembro de 2016.

Maior antena do mundo - A gigantesca antena, que será a maior da Terra, será formada por 4.400 painéis de alumínio triangulares. Os painéis serão interligados em nós, que poderão ser movidos para cima e para baixo por meio de um cabo ou por um sistema de motores, alterando a forma da superfície do prato.

O prato de Arecibo tem uma curvatura esférica fixa. Isso significa que as ondas de rádio recebidas são focalizadas em uma linha acima da antena. Espelhos secundários e terciários ficam suspensos acima, para focalizar a linha em um ponto, que pode então ser processado pelos instrumentos.

Em um dado momento, apenas 221 dos 305 metros da antena estão sendo usados para efetivamente estudar o céu.

Para o prato de 500 metros de largura do Fast, espelhos pendentes desse tipo pesariam 10 mil toneladas. Assim, os engenheiros do FAST decidiram usar o próprio prato para focalizar o sinal.

Para fazer isso, um subconjunto dos painéis na superfície do Fast serão movidos para formar um espelho parabólico de 300 metros de diâmetro - do tamanho do prato inteiro de Arecibo. Esse pequeno prato poderá ser formado em qualquer lugar da superfície de 500 metros, permitindo que o Fast rastreie objetos e estude diferentes partes do céu em um campo de visão muito maior.

Pendurado acima da antena, um receptor recolherá o sinal focalizado, permitindo o estudo simultâneo de 19 regiões do céu, em diferentes faixas do espectro radioelétrico - Arecibo só consegue estudar sete regiões a cada momento.

Relatividade e extraterrestres - Os astrônomos e astrofísicos acreditam que o Fast descobrirá milhares de objetos que nos ajudarão a entender melhor o universo. As observações de pulsares e restos de estrelas prestes a se tornar supernovas ajudarão a fazer uma espécie de sintonia fina da teoria da relatividade geral de Einstein.

Dezenas de milhares de novas galáxias - invisíveis aos telescópios ópticos - surgirão quando o Fast captar tenuíssimas emissões de rádio do gás hidrogênio neutro que elas contêm. Isso dará pistas sobre a natureza da matéria escura e a evolução das galáxias.

Para os alvos mais perto da Terra, o Fast irá juntar-se ao projeto Seti, em sua busca por inteligência extraterrestre. Ele será capaz de escutar cinco mil estrelas como o Sol em busca de transmissões alienígenas. "O Fast poderá detectar um transmissor, semelhante ao radar da antena de Arecibo, a uma distância de mais de mil anos-luz", diz Seth Shostak, do Instituto SETI.

Fonte: New Scientist